sábado, 28 de dezembro de 2013

"De Quem é a Culpa?": UM MARCO NA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA DE SANTA CRUZ - Gilberto Cardoso dos Santos

Gilberto Cardoso dos Santos (cena do documentário)

Nilson, Wallace, Natanaã, Geilza e Robson

O lançamento do documentário "De quem é a culpa?" feito pelo grupo Lua Serena, deverá figurar como um marco na história do cinema santacruzense.

O Teatro Candinha Bezerra, em 07.12.2013, foi palco de fortes emoções: dia do lançamento do curta-metragem “De quem é a culpa?”,  documentário sobre  drogas produzido pelo Grupo Lua Serena.

Logo à entrada, antes do espetáculo, tínhamos o mais jovem escritor da cidade, Anderson Lima, vendendo cordéis e opúsculos em prosa, todos de sua autoria. Uma produção considerável e digna de nossa atenção.

Estrategicamente, foi posto um espelho grande pelo qual todos deveriam passar antes de adentrar no salão do teatro. Neste espelho, havia um ponto de interrogação enorme e o nome do curta. A resposta para a grande pergunta do filme estava diante dos nossos olhos. 

Admirável foi o número dos que compareceram ao teatro e demonstraram, através do absoluto silêncio e aplausos calorosos, o quanto gostaram do que estavam vendo.

Imagem do público antes do evento

Antes do curta, tivemos a participação musical de Fernando Santos e Paulo Medeiros que cantaram e tocaram muito bem a música Além, dos olhos. Os muitos aplausos atestaram o quanto o público apreciou a composição feita por eles mesmos.
 Paulo Medeiros e Fernando Santos

A arte poética e musical vieram somar-se à produção cinematográfica naquela noite para conceder instantes de glória ao povo santacruzense.

Robson Ramon, Wallace, Geilza, Natanaã Périkles e Amandha Oliveira estão de parabéns pelo belo trabalho que fizeram. Digno de louvores também foi o meticuloso e paciente trabalho de edição feito por Nilson Rocha, criador da WebTV Sem Fronteiras.

Meses e meses de empenho abnegado e sem retorno financeiro resultaram na produção de um belíssimo filme que reúne informação de qualidade, dramatização impactante e música envolvente.

Nele, vê-se o comovente depoimento da mãe de um usuário de drogas, as explicações para o vício, dadas por um ex-dependente químico e a participação de uma psicóloga experiente no tema. Marcos Cavalcanti e eu também tivemos a honra de participar desse curta.

Os atores Natanãa, Geilza e Wallace, bem como os figurantes dramatizaram da forma mais convincente possível a realidade vivida por muitos jovens da periferia. Inevitávies foram as lágrimas e os aplausos calorosos.

No final, tivemos alguns discursos emocionados do secretário de cultura Edgar Santos, de Hugo Tavares, Marcos Silva, Marcos Cavalcanti (eu também falei alguma coisa) transbordantes de elogios ao Grupo Lua Serena e de cobrança às autoridades para que deem a mão a estes artistas, tão úteis à causa social.

A produção cinematográfica em Santa Cruz, no gênero documentário, deu um importantíssimo passo nesse ano de 2013. Muitos são os projetos do idealizador do curta, Robson Ramon. O grupo começou muito bem e merece o apoio de toda a sociedade.

No final, como se não bastasse tudo que havíamos visto e ouvido, o cordelista Anderson Lima nos presenteou com a declamação de Aquela dose de amor, do poeta Antônio Francisco. Fechou com chave de ouro, pois talvez esteja aí a resposta para a grande pergunta lançada pelo curta. Falta, certamente, uma dose de amor no coração das autoridades, dos educadores e de todos que compõem o tecido social. Somente com o amor permeando todas as medidas que venham a ser tomadas, seremos capazes de soluções para  tão grave problema.
Anderson Lima declamando

Parabéns, Geilza, Natanaã e Robson. Sinto-me muito feliz de ter sido professor de vocês. Outros que estudaram nas mesmas circunstâncias hoje estão mortos ou presos por causa das drogas. Vocês, porém, resolveram seguir um caminho diferente e hoje usam o grande talento que possuem para tornar esse mundo melhor.

Robson Ramon, idealizador e produtor do curta "De quem é a culpa?"

Parabéns, Amanda! Parabéns, Wallace! Parabéns, Nilson Rocha. Santa Cruz deve se orgulhar de ter filhos como vocês. 
Marcos Cavalcanti, em discurso emocionado ao final do evento
Parabéns, Marcos Cavalcanti, por sua brilhante participação no curta, por seu empenho em registrar audiovisualmente o evento e pelas palavras ditas ao final. Parabéns a Edgar Santos por abrir a portas do Candinha e por todo apoio dado a um evento tão significativo para nossa cultura. 

domingo, 1 de dezembro de 2013

CANÇÃO DE AMOR POR SANTA CRUZ, SEGUNDO LUGAR NO CONCURSO DE HINO MUNICIPAL DE SANTA CRUZ - RN


Com 14,5 pontos de diferença, obtive com esta música o segundo lugar no Concurso de hinos de Santa Cruz, ocorrido em novembro de 2013 no Teatro Candinha Bezerra, Santa Cruz-RN. Foi, para mim, uma agradável surpresa. Estava concorrendo com 3 músicos de peso.
 
Meus agradecimentos especiais a todos que me incentivaram e me impulsionaram a persistir até o final. À torcida não organizada  que nos aplaudiu depois que o hino foi cantado e aos que nos buscaram em particular para dar os parabéns.

A todos os que lamentaram por minha derrota nesse pleito, diria, com as palavras de Raul: "Não diga que a canção está perdida". Afinal, as expressões de amor por uma cidade não devem se limitar ao hino municipal.

 A gravação foi feita por Nilson Rocha, da WebTV Sem Fronteiras, a quem agradeço por todo incentivo e elogios feitos à música.
 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O VALOR DE UM ANIMAL - Gilberto Cardoso dos Santos

  No final da manhã desta terça-feira (19), foi executado JOSÉ MARIA DA SILVA, 36 ANOS conhecido como BAIANO, residente no bairro Paraíso. Segundo informações colhidas no local, José Maria era carroceiro e não tinha passagem pela polícia. [...]
Segundo familiares, a única pista seria uma discussão com uma pessoa devido a um animal, inclusive animal esse que também foi atingido com os disparos, mas que somente as investigações é que irão esclarecer os fatos. - http://pmcurraisnovos.blogspot.com.br/

Quanto vale um animal,
Um burro? – Vale pouquinho
Mas por motivo mesquinho
Tem valor descomunal

O humano racional
Às vezes sai do caminho
E solta o bicho daninho
do campo emocional

Todos querem ter razão
Duma simples discussão
Nasce uma calamidade

Lamentar é o que nos resta
quando a humanidade atesta


sua irracionalidade.

sábado, 9 de novembro de 2013

CAFÉ DO CMPC COM A IMPRENSA - Gilberto Cardoso dos Santos


Nós, do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Santa Cruz, nos sentimos lisonjeados e honrados com a presença maciça dos representantes da imprensa local no auditório da Casa de Cultura Palácio do Inharé  nesta manhã de sábado, 09.11.2013.

Nilson Rocha, da  WEB-TV Sem Fronteiras, deu total cobertura ao evento;  Wallace MaxsuelÉdipo Natan  (que veio também como representante da Rádio Santa Cruz),  Erivan JustinoTiago Lima e Genilson Silva (representante da Santa Rita FM), permaneceram até o final e manifestaram o devido interesse ao que estava sendo dito. Erivan, Wallace, Édipo e Tiago fizeram perguntas e comentários pertinentes que muito contribuíram para enriquecer o debate.

Apesar de lamentarmos a total ausência dos representantes da esfera municipal, ficamos contentes com o número de participantes do CMPC que estiveram conosco. Além destes, ninguém mais faltou. Marcos Valflan, de presença assídua e atuante em todas as reuniões do conselho, deu sua importante contribuição ao evento.  Hugo Tavares, presidente, apesar do recente e delicado estado pós-operatório, fez questão de comparecer e falou com sensatez e franqueza sobre os avanços e retrocessos que o conselho tem tido.

Samira Delgado, Ranieri Fernandes, e o brilhante secretário Marcos Silva Antônio, do Grupo ARTEVIVA, contribuíram grandemente para que o encontro fosse produtivo e dinâmico. Agradecemos, ainda, às presenças de Emisandra, Joãozinho e demais membros e suplentes que nos honraram com suas participações e atenção.

Nossa gratidão ao IFRN que, através da professora e conselheira  Samira Delgado, nos forneceu o lanche. Aproveito para ressaltar minha admiração pelas participações sempre brilhantes desta educadora em nossas reuniões ordinárias que, devido o nível dos debates, quase sempre se tornam extraordinárias.

Alguns dos temas debatidos durante as  duas horas  deste encontro foram: a legalidade e pertinência do percentual requerido pelo conselho; as tentativas de obstrução do projeto por parte do poder municipal e a importância que o conselho de cultura pode ter no desenvolvimento turístico e educacional do município.

Em linhas gerais, percebemos nesse encontro um consenso quanto ao lado positivo do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo  CMPC.


Sem dúvida, como lembrou Hugo Tavares, o CMPC é um dos poucos conselhos do município em pleno desenvolvimento. Podemos constatar que sua composição de fato honra a classe artística e as mentes pensantes de nosso município. A cada reunião isso tem ficado patente. E nesse encontro nos regozijamos por perceber que há esse reconhecimento por parte da imprensa local.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

UM ENTERRO IMAGINADO


Imaginei um enterro para o senhor Tota Branco totalmente diferente do que costumamos ver. Um enterro parecido com os daquelas culturas em que se celebra a morte como instante de alegria.

Poetas de várias partes, afamados violeiros a quem ele ajudou, cantariam com eloquência e encantador improviso a importância de sua vida e o muito que ele fez pra promover a cultura.

As violas carpideiras, chorariam pelo povo, porém um choro gozoso, nascido da poesia.
Seria um dia de canto na cidade do Japi, e a maior cantoria que ali poderia haver. 

De longe se ouviria poemas que apreciava. Muita gente correria seduzida pelo canto para se fazer presente nessa bela despedida.

Uma atmosfera sagrada invadiria a cidade e lágrimas brotariam do olhar da multidão.

No centro, o velho poeta, cercado por tanta gente, liberto das muitas dores, pareceria sorrir ante tão grande homenagem. 

Os artistas da cidade e os poetas da família tomariam, de mãos dadas, o propósito de manter acesa pra sempre a chama que ele tanto protegeu. A cultura popular então ressuscitaria com todo aquele vigor que já teve no passado.

Seria com este séquito inebriado de versos que ele entraria pra sempre num lugar onde o silêncio é pleno de poesia.




domingo, 27 de outubro de 2013

A VIGÉSIMA QUARTA VÍTIMA - Gilberto Cardoso dos Santos


Estive na residência da vigésima quarta vítima de assassinato em Santa Cruz, ocorrido em 26.10.2013. Por coincidência, sua humilde residência é de número 24. Na sala estreitíssima, amigos, familiares e vizinhos respeitosamente se aglomeravam para vê-lo.

É sempre estranho para mim entrar na casa de quem não conheço em um momento como este. Mas enfrentei meus medos e fui visitá-lo. Contemplei-o demoradamente. Trata-se de um jovem bem afeiçoado que parece estar apenas dormindo, conforme observa uma das vizinhas.

A um canto, um senhor baixo, negro, fuma como a querer dispersar sua dor junto com a fumaça. É o seu pai, um humilde pedreiro de aspecto dócil, homem sem estudos. Busco entabular conversa com ele e logo descubro fatos interessantes a respeito da vítima. O pai esforça-se, como é compreensível em tais ocasiões, para resgatar o que havia de melhor no filho. Explica-me que ele havia largado os estudos, na Escola João Ferreira, que fica próxima, para ajudá-lo como servente.

Ressalta um detalhe que lhe é muito caro nesse momento: a mulher, para quem estava trabalhando ultimamente, gostava muito de seu filho, tirava  brincadeiras com ele e dizia que gostava muito dele. Sim, as pessoas , até mesmo o povo rico ou mais ou menos, para quem trabalhavam, gostava de seu filho. E continuou a falar-me das boas qualidade daquele a quem embalou, alimentou, brincou, com quem conviveu por dezessete anos, carne de sua carne.

O pai não esconde que o filho fumava o que ele chamou de “um pretão”, mas garantiu-me que ele não devia a ninguém por seu vício e que não cheirava pedra nem cocaína, só o pretão. Como trabalhava de servente, semanalmente reservava uma parte para gastar com a droga. Mas, insistiu, nada devia a ninguém nem tinha inimigos.

Penso: um dos sonhos do pai era vê-lo evoluir de servente a pedreiro. Ele, um senhor de idade, em breve poderia ser substituído pelo filho na função.

Nesse instante chegaram alguns amigos dele, ex-alunos meus. Um deles, profundamente entristecido, falou-me do quão eram amigos e do quanto a vítima era legal. “Gilberto, ele era muito brincalhão, mas não tirava brincadeira sem graça. Ele vivia trabalhando, ajudando o pai. Ele ia muito lá em casa e não mexia em nada. Você podia deixar qualquer objeto perto dele que ele não roubava. Pra mim é como se fosse um irmão.”

Perguntei se ele tinha algum processo, passagem pela polícia, e o amigo garantiu que não. A probabilidade, disse-me ele, é a de que o alvo dos tiros não fosse ele, mas o outro com quem andava, que conseguiu escapulir-se. Esse outro, sim, já tinha tido problemas com alguns e era perseguido. Essa era a única explicação plausível que o amigo do morto conseguia ver.

A morte de Wiliam, disseram-me, foi uma surpresa para muita gente. O pai garantiu-me que ele não tinha sofrido ameaças antes.

Como a sala é apertada e não dispõe de assentos suficientes, cadeiras emprestadas por vizinhos solidários foram colocadas na calçada em frente. Nelas, amigos, curiosos e familiares parecem reconhecer a importância do silêncio nesses momentos e trocam breves frases enquanto tentam consolar a mãe do falecido que se encontra ao centro.

O que se nota, nos olhos aflitos de todos que ali estão é um evidente sentimento de medo que se mistura à revolta e ao sentimento de impotência. Enquanto conversava com o pai, tentava ler em seus olhos a dor que não se expressava em lágrimas, mas se fazia evidente em cada gesto e coisa que dizia.

Trata-se de alguém que teme pelos outros filhos, de um pedreiro que tem passado toda a vida tentando construir um futuro melhor para si e para os que ama mas não tem tido condições favoráveis. Tudo parece ruir diante de seus olhos e agora o que tinha de mais precioso acaba de desmoronar.
Que lhe reserva o futuro diante de um presente tão negro?

Os jovens amigos do falecido com quem conversei em particular, falaram-me do medo que tinham de sair à noite e de circular fora do bairro. Sentiam-se discriminados, desassistidos e perseguidos.

Todos temem abrir demais a boca. O silêncio resignado e o choro contido dão uma falsa aparência de calma à ruazinha estreita. Mas somente quem passou por situação semelhante e quem ali reside é que pode ter ideia do desespero vivido por aquela gente humilde.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A VIAGEM DO POETA ADRIANO BEZERRA - Gilberto Cardoso dos Santos


O amigo Adriano
e sua esposa Ninar
por motivo soberano
distantes irão ficar
em busca de melhor vida
se dá a Triste Partida
do poeta cordelista
que tanto nos acrescenta
a APOESC lamenta
a viagem do artista

São circunstâncias da vida
das quais não dá pra fugir
no entanto na dor da ida
é bom pensar no porvir
unidos pelo amor
superarão esta dor
que deixa um buraco aberto
pois lhes resta a esperança
se tiverem confiança
no final dá tudo certo!


A VIAGEM DO POETA ADRIANO BEZERRA - Gilberto Cardoso dos Santos


O amigo Adriano
e sua esposa Ninar
por motivo soberano
distantes irão ficar
em busca de melhor vida
se dá a Triste Partida
do poeta cordelista
que tanto nos acrescenta
a APOESC lamenta
a viagem do artista

São circunstâncias da vida
das quais não dá pra fugir
no entanto na dor da ida
é bom pensar no porvir
unidos pelo amor
superarão esta dor
que deixa um buraco aberto
pois lhes resta a esperança
se tiverem confiança
no final dá tudo certo!


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O Paraíso de Santa Cruz - Gilberto Cardoso dos Santos

Eis algumas estrofes do meu cordel O Paraíso de Santa Cruz:

No cordel do Paraíso
que pela verdade prima
além de produzir arte
quero algo além da rima:
contribuir de algum modo
pra erguer a autoestima

A autoestima de um bairro
que possui grande valor
e não tem razão alguma
pra sentir-se inferior
de um povo hospitaleiro
honesto e trabalhador.


Belo é o nome do bairro
ao qual faço apologia
Quem colocou esse nome
certamente possuía
intenções de ver seu povo
vivendo em grande harmonia!

No princípio pertencia
esse torrão nordestino
a um homem conhecido
como Pedro Severino
e ali Wilson cresceu
como um fogoso menino

Nesse tempo o Paraíso
esse nome merecia
não existiam drogados
violência não se via
um paraíso terrestre
era o que parecia

Depois, porém que cresceu
muita coisa foi mudando
mas era de se esperar
pois o tempo foi passando
gente vinda de outras partes
foi ali se aglomerando

Apesar dessa mudança
que criou um certo trauma
há muita gente de bem
com o paraíso na alma
que traz a esse lugar
o aconchego e a calma

Se criou em Santa Cruz
um certo mal-entendido
alguém diz: “No Paraíso
Só mora pobre e bandido”
Porém não há fundamento
pra esse dito atrevido.

Há gente de condições
no Paraíso morando
Se dali nunca se mudam
é porque vivem gostando
E há muita gente do centro
que enriqueceu roubando

Vez por outra, pelas ruas
eu escuto algum cochicho
Alguém diz: “No Paraíso
não há gente, só tem bicho”
passa alguém do Paraíso
e é olhado como lixo

Em 1930
É bom que você entenda
o bairro do Paraíso
era uma grande fazenda
aí, sim, havia bicho
mas hoje há gente de prenda!

Pelo rio Trairi
Então era separado
precisava-se de balsa
pra chegar ao outro lado
fez-se a ponte mas o orgulho
ainda o deixa isolado!

O mundo tem que mudar
chega de tanto bairrismo
estamos na mesma balsa
não há razões pra racismo
Valorize o ser humano
abaixo  todo egoísmo!

[...]


domingo, 6 de outubro de 2013

O VIAJANTE - Gilberto Cardoso dos Santos


Como quem foge de si
ele se fez viajante
queria reencontrar-se
em algum lugar distante
rompeu os próprios limites
com seu passo itinerante

 Foi-se com ar confiante
deixando um clima funéreo
abandonava a rotina
para encarar o mistério
sempre a pensar na viagem
que finda no cemitério.

Sentiu o ar deletério
de climas desconhecidos
enfrentou cheiros e gostos
desafiando os sentidos
e vislumbrava orgulhoso
os rumos já percorridos

Com seus passos destemidos
ele seguia avançando
como quem se lança ao mar
ele ia se jogando
como a lutar contra o tempo
que estava se acabando.

E hoje, aniversariando,
Talvez se ponha a pensar
Nesta viagem no tempo
Da qual não pode escapar
porém ondas de otimismo
Novas marés vêm causar

Teria muito a contar
Caso escrevesse um diário
A experiência, decerto,
É o seu melhor salário,
E lhe causa refrigério
Grande pequeno Rogério:
Um feliz aniversário!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

OS CARÕES DA PRESIDENTA - Gilberto Cardoso dos Santos


Que vergonha para os mal-educados (maleducados, melhor dizendo) do Rio Grande do Norte que foram assistir à inauguração de mais um instituto federal, dessa vez na cidade de Ceará-Mirim.
A governadora, educada como sempre, falou na garra dos jovens, elogiou-os. E o que recebeu em troca enquanto falava? Uma tsunamiana vaia que afogou todo o seu discurso. Coitada da governadora. Que vergonha pra nossos jovens que não respeitam nossas autoridades nem querem parar pra ouvir os mais velhos.

Esses jovens de hoje que não respeitam mais nem os pais acham que são os donos do mundo e só querem fazer baderna.

A pobre da governadora saiu muito triste da tribuna, embora seu sorriso não tenha perdido o brilho em nenhum momento (dava pra ser atriz, a mulher). Se fosse eu, tinha chorado.
Mas foi bem feito o que aconteceu depois. A presidenta Dilma não gostou do que viu e com ela a coisa é mais séria. O buraco é mais embaixo. Deu uns merecidos carões nos baderneiros. “Isso é feio, muito feio!”, disse ela.

Eu, que estava lá mas fiquei na minha, que não tinha em nenhum momento vaiado a governadora, fiquei morrendo de vergonha com o que a presidenta disse. “Ainda bem que não fiz isso”, pensei comigo. Gente, que imagem ela vai levar do nosso Rio Grande do Norte?! Ela vai pensar que o povo potiguar é um bando de índio. Aliás, ela falou em índio no seu discurso. Será que não foi uma indireta? Bem, a carapuça não caiu na minha cabeça, mas eu senti vergonha pela nossa gente.

Pra mim, um carão dói mais que uma lapada. Sou mais levar uma surra. Mas o povo de hoje não liga pra isso não. E tudo isso por que, eu me pergunto. Por que atrasou o pagamento do estado? Ah, meu filho, foi só um atraso de poucos dias. Pior era uma patroa que eu tinha: passava meses e meses sem pagar.

Mesmo levando carão da presidenta, os bagunceiros não se emendaram e começaram a vaiar Dilma. Coitada da Dilma, tão boazinha (mulheres finíssimas, ela e a governadora). Estava tentando ajudar-nos a ter bons modos, mas acabou na vaia também. A vaia foi grande. Eu vi a hora sair pedrada!
Nós temos que ter bons modos, minha gente. A nossa imagem lá fora não vai ficar nada boa depois disso.

sábado, 28 de setembro de 2013

CONHEÇA E LUTE PELOS SEUS DIREITOS - Gilberto Cardoso dos Santos


1
Vivemos em um país
Repleto de preconceitos
E a falta de informação
Aumenta os nossos defeitos
Pois nesta grande nação
Raro é o cidadão
Que conhece seus direitos.
2
Enorme é a vigilância
Quanto às obrigações
Os deveres são cobrados
e demandam punições
porém a cidadania
na real democracia
requer grandes atenções
3
O cidadão tem direitos
Pela lei instituídos
No que concerne à Saúde
Devem ser bem atendidos
Seja da classe A ou B
No entanto a gente vê
Alguns deles não cumpridos.
4
E isto principalmente
Quando o cidadão não cobra
Termina virando vítima
De alguma sutil manobra
Que prejudica o carente
Porém quem é consciente
Busca a lei e não se dobra.
5
Muitos veem tal serviço
Como se fosse um favor
Tratam com todo respeito
Aos que chamam de “doutor”
às vezes são humilhados
injustamente tratados
mas se calam por temor.
6
Nem sempre a equipe do SUS
Os trata adequadamente
E alguns padecem à míngua
Sem o tratamento urgente
Faltam médicos, enfermeiros,
E cidadãos brasileiros
Morrem prematuramente.
7
A legislação do SUS
Criou uma portaria
Que garante ao que padece
a plena cidadania
Se a gente conhecê-la
E entre todos promovê-la
Ajuda à Democracia.
8
Pois a lei está aí
Só precisa ser cumprida
Se ficar engavetada
Acabará esquecida
Feito inútil documento
Exigir seu cumprimento
É uma garantia à vida.
10
É a Carta dos Direitos
De Usuários da Saúde
algo a ser difundido
entre a nossa juventude
despertando a consciência
e exigindo com urgência
tratamento menos rude.
11
É uma carta especial
Uma epístola sagrada
Fruto da democracia
Duramente conquistada
Tem a ver com nossa vida
Com sangue foi redigida
E deve ser respeitada
12
Vamos exigir crachás
E um melhor atendimento
Que não falte anestesia
Na hora do sofrimento
Que o médico e sua equipe
Dê atendimento VIP
A quem busca tratamento.
13
Luther King tinha um sonho
Eu tenho um sonho também
Ver nosso povo tratado
Da maneira que convém
Sem distinção racial
Financeira ou cultural
Sem discriminar ninguém.
14
Um país onde a saúde
Receba prioridade
E os políticos procedam
Com imparcialidade
Tratando ao povo em geral
Com justiça social
E total honestidade
15
Mas para que este sonho
Venha a ser realizado
É preciso que o povo
Esteja bem acordado
Exerça seu senso crítico
Pois raramente um político
Fará isso de bom grado.
      
Gilberto Cardoso dos Santos

CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS DA SAÚDE:




domingo, 8 de setembro de 2013

CORRUPÇÃO NO BRASIL - Gilberto Cardoso dos Santos


CORRUPÇÃO NO BRASIL
É HOJE O QUE MAIS EXISTE
TODO DIA SE ASSISTE
COISAS QUE NUNCA SE VIU
SOB O CÉU COR DE ANIL
DA CAPITAL DA NAÇÃO
HÁ GRANDE CONCENTRAÇÃO
DE LADRÕES ENGRAVATADOS
SENADORES, DEPUTADOS,
DESCONHECEM PUNIÇÃO.

SE PASSAR ÀS PREFEITURAS
NÃO É MUITO DIFERENTE
HÁ BANDIDAGEM CRESCENTE
E O POVO PASSANDO AGRURAS
MUITOS SOFRERAM TORTURAS
POR DENÚNCIAS, NO PASSADO
HOJE TUDO ESTÁ MUDADO
MAS SE O LADRÃO FOR RICAÇO
CONTINUA TENDO ESPAÇO
NUNCA SERÁ CONDENADO.

A SAÚDE ESTÁ FALIDA
A EDUCAÇÃO TAMBÉM
HÁ POUCA GENTE DE BEM
NESSA NAÇÃO CORROMPÍDA
MUITA GENTE SEM COMIDA
MUITA CRIANÇA DROGADA
E O CONGRESSO NÃO FAZ NADA
PASSA O DIA A DISCUTIR
E O POVÃO A APLAUDIR
ESSA CORJA ENGRAVATADA.

Gilberto Cardoso dos Santos Jun 7, 2006

sábado, 7 de setembro de 2013

RESENHA EM VERSOS DO LIVRO MEIA PATA - Gilberto Cardoso dosSantos


Li o livro Meia Pata
Como quem rompe a folhagem
De uma área selvagem
E penetra numa mata
Segui a onça-pintada
Sutilmente camuflada
Tão diabólica e divina
Em sua pele penetrei
E aos homens contemplei
na sua visão felina.

Fui, puxado pela mão
Da alegre índia Iara
Com sua beleza rara
Guiando meu coração
Penetrei em uma aldeia
E senti correr na veia
Meu instinto ancestral
Nos passos de Daniel
Quase que fiquei pinel
Perdido no matagal.

Movi-me na mata escura
Buscando sobrevivência
Prossegui com persistência
Nas veredas da leitura
Vi paisagem deslumbrante
Sobre a mata exuberante
De um bioma ameaçado
Acho que o escritor
Com competência e primor
Conseguiu dar seu recado.

Ele, de modo brilhante,
Com maestria e leveza
Fala da mãe natureza
De maneira cativante
E nos põe numa aventura
Cheia de encanto e bravura
Que apela ao coração
Mostra que há retrocesso
Quando em nome do progresso
Fazemos destruição.

Parabenizo o autor,
Pelo romance envolvente
Que merece, certamente,
Receber todo louvor
A trama é instigante
E a conclusão brilhante
Chega a surpreender
Saí de dentro da mata
Do romance Meia Pata
Com vontade de o reler!

domingo, 1 de setembro de 2013

JESIEL GOMES E EU - Gilberto Cardoso dos Santos

Link do Facebook de Jesiel: Santa Cruz Por Jesiel

Hoje, caro Jesiel, usufrui um pouco da admiração que o povo tem por você.

Próximo a uma farmácia uma mulher bonita, num carro bonito, um desses cuja marca desconheço, fitou-me demoradamente.  Cravou-me os olhos de dentro do carro parado e iniciou o esboço de um sorriso, mas não encontrou reação positiva em meu rosto de tímido, quase sempre sério, e os seus lábios voltaram ao natural.
Porém não resistiu e puxou conversa:

- Olá! Acho muito interessante aquele trabalho que você vem fazendo na Internet. É você, né?
- Sim - confirmei com a cabeça, pensando que ela se referia ao blog.
- Eu gosto muito de ver o que você posta. Aquelas fotos antigas mexem com a emoção da gente.
Aí começou a cair a ficha. Percebi que ela se referia a você. Apesar de ser mais bonito, algumas pessoas já me disseram que somos parecidos. Uns me perguntaram se somos irmãos. Desta vez, porém, a bela mulher achou que eu era o próprio.

O que fazer numa hora dessas, em que a falsa identidade nos é favorável?
Disse-lhe que gostava de compartilhar aquelas fotos, referindo-me, intimamente, ao ato de repassar suas postagens. Sem dúvida, acrescentei, as postagens daquelas fotos prestam um grande serviço à história de Santa Cruz e servem para tornar o Facebook um ambiente mais humano, mais agradável, mais próximo da gente.

Tentando parecer eloquente, disse-lhe que faltava aquele toque de humanidade nessa selva tecnológica em que nos achamos emaranhados. Passado e presente ali, graças a essas fotos, agora se entrelaçavam e nos faziam encarar o futuro com mais otimismo. Quem diria, refleti, que o “Face”, nos concederia essa oportunidade de resgatar tesouros do passado e tornar aquele ambiente tão mal utilizado propício ao reencontro conosco mesmos!

Vendo que me ouvia com atenção, acrescentei:
- Essas fotos mostram uma Santa Cruz desconhecida para a maioria dos que acessam a Internet, e desperta a memória de muitos para fatos e momentos que jaziam sob a poeira do tempo. Aquela página é um museu virtual riquíssimo que pode, com efeito, nos levar a valorizar melhor o que fomos. Percebeu que outros estão se contagiando com a iniciativa e também postando fotos? Baús esquecidos estão sendo abertos e tesouros estão sendo expostos.

- Pois é, disse-me ela, eu até já chorei vendo algumas daquelas fotos.
Seus olhos pareceram se umedecer.
Comovido, pensei em oferecer-lhe um ombro amigo, mas a distância e o recato dela me impediriam.
Sutilmente, fui a contragosto encaminhando a conversa no sentido de revelar-lhe que você não era eu. E ela ficou admirada:  
- Não é não?!. Pois eu pensei que era... me desculpe.

Perguntou, então, onde você morava e, obtida a informação, deu partida no carro e foi-se.

Finalizo, caro Jesiel, essa história mal-acabada,  fazendo um protesto por seu excesso de humildade e/ou timidez. 

Se as pessoas o confundem comigo, é sinal que você é bonito e não tem razões para não colocar uma foto sua no perfil. Sei que seu objetivo precípuo no Facebook não é o de aparecer, mas o de mostrar o que temos (ou tínhamos?) de melhor. Como todo fotógrafo e por ser apaixonado por sua gente, você se esconde atrás dos holofotes e direciona a atenção para outros. Todavia, tão nobre é o que está fazendo que muitos desejam vê-lo, conhecê-lo.

Aviso-lhe que, se não atender meu apelo, da próxima vez que uma mulher bonita me confundir com você, assumirei a identidade.