terça-feira, 29 de julho de 2014

RUBEM ALVES E ARIANO - Gilberto Cardoso dos Santos


Rubem Alves e Ariano
Dois grandes educadores
Poetas e prosadores
Exemplos de ser humano
mineiro e paraibano,
com linguagens diferentes,
prosadores envolventes,
cheios de sabedoria
destilaram poesia
no coração dos viventes.
                                           
Cumpriram uma missão
De resultado inconteste
Um defendeu o Nordeste
O outro a Educação
Eram homens de visão
E inegável bondade
Com toda simplicidade
Buscavam nos ensinar
Que é preciso batalhar
Pelo bem da humanidade.

Um com a prosa mineira
e o outro sempre engraçado
com seu sotaque pesado
erguendo a nossa bandeira
A cultura brasileira
certamente empobreceu
quando essa dupla morreu
feriu nossos corações
só nos restam as lições
que cada um deles nos deu.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

O PERIGO DO FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO




Que terrível crueldade
Em nome de um Deus de amor
Homens que pregam terror
E fazem tanta maldade
Não têm qualquer piedade
Sentimento de altruísmo
Demônios do sexismo
Infernizam a existência
São filhos da violência
Escravos do fanatismo.

Acho desesperador
Imaginar que o futuro
Poderá ser obscuro
Um verdadeiro terror
Religiões sem amor
Estão em franca expansão
Causam dor e divisão
Em toda a sociedade
levando a humanidade
À autodestruição.

Precisamos encontrar
Um jeito de reagir
Se a gente não se unir
A coisa vai piorar
O mal pode prosperar
Pela nossa indiferença
Creio que nem toda crença
Mereça o nosso respeito
Precisamos dar um jeito

Antes que o mal nos vença!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

O GRANDE LEGADO DO FINADO ARIANO - Gilberto Cardoso dos Santos


Não tive a oportunidade de conhecer Ariano Suassuna pessoalmente. Conheci-o literariamente, através de A Pedra do Reino, de O santo e a porca, do filme O auto da compadecida, de seus poemas... mas principalmente conheci-o através de algumas palestras suas disponíveis na internet.

Creio que seu principal legado tenha sido o de elevar a autoestima do nordestino. Ele resguardou-nos de desenvolvermos um infundado complexo de inferioridade em relação às demais regiões do Brasil e do mundo. Sua ferrenha defesa não era apenas da cultura nordestina, mas do Brasil. Dizia ele dos mais variados modos e sempre com gracejo que não temos razão alguma para envergonhar-nos de nossas raízes e supervalorizar o que vem de fora.


Era alguém que brigava por nós. Brigava  brincando, feito um hábil lutador.

Seu sotaque pernambucano, propositalmente carregado, era um convite a assumirmos nossa nordestinidade. Por seu exemplo, dizia-nos ele que não devemos nos envergonhar do modo como falamos, da maneira que somos. Sua luta, ignorada por muitos que se acham cultos e até mesmo por educadores, tem o respaldo da moderna linguística.

Num mundo globalizado, não temos que nos igualar, prestar subserviência a uma cultura supostamente superior e renunciar ao nosso folclore. Pelo contrário: é preciso que nos apeguemos mais firmemente às diferenças, que salientemos nossas riquezas imateriais para que o mundo, tendente à uniformidade, continue colorido e rico em seus diversos aspectos e segmentos. Que prossiga a confusão de línguas iniciada lá em Babel e cada um de nós enraíze-se mais e mais na dimensão histórica e geográfica que nos coube.

Ariano Suassuna foi bem mais que um nordestino engraçado. Era uma porta aberta no presente que escancarou diante de nós os tesouros que havíamos trancafiado no quarto de despejos. Modernidade pra ele só tinha valor quando não atentava contra a cultura popular. E quem disse que a cultura popular era detentora de uma arte inferior, digna de nossa complacência? Mestre Ariano colocou-a em pé de igualdade com todas as outras e até um pouco acima. Entre uma culta tragédia grega e um ritual de dança indígena, ele ficaria com a segunda opção. A Grécia e o Egito até poderiam nos dizer alguma coisa, mas seria através das vozes de João Grilo, Chicó, Pedro Malazartes e outros tantos personagens dos folhetos de cordel.

Era impossível não gostar de nós mesmos quando ouvíamos Ariano! Ele nos abria os olhos para o  que temos de melhor.

Ariano se foi, mas antes de ir deixou-nos curados. Foi um psicanalista que bem cumpriu o seu papel. É hora de sair do divã e assumir nossa matutice.  Não mais precisamos que alguém nos diga a importância que temos, pois sua voz  ecoará dentro de nós sempre lembrando-nos disto.

terça-feira, 22 de julho de 2014

MESTRE ANTÔNIO DA LADEIRA - Homenagem em versos (Gilberto Cardoso dos Santos)


Hora de queimar o boi:
A festa silenciou
O nosso guia se foi
Sua missão terminou
Foi-se quem tanto apoiou
A cultura verdadeira
A nossa alma brejeira
Feito criança ficava
Quando se apresentava
Mestre Antônio da Ladeira

A cultura foi seu guia
Durante longa existência
Na dança e na poesia
Ele firmou a vivência
Enfrentou com resistência
O progresso sem fronteira
Que destrói na terra inteira
O que o passado teceu
Com seu boi permaneceu
Mestre Antônio da Ladeira

O passado jaz à porta
E não deve ser varrido
Feito uma coisa morta
Que perdeu todo sentido
Que não seja enfraquecido
O brilho dessa fogueira
Que nossa saga roceira
Resplandeça em sua glória
E não tire da memória
Mestre Antônio da ladeira.

Os 3 reis do Oriente
No céu estão a dançar
Junto com seu boi valente
Mestre Antônio vai chegar
Sem hora pra terminar
Tem início a brincadeira
Vão passar a noite inteira
Com anjos se divertindo
E alegremente seguindo
Mestre Antônio da Ladeira

Ele fez o que podia
Pra manter a chama acesa
A cultura que trazia
Era cheia de beleza
Vem dançando a realeza
Numa nuvem de poeira
Mas a morte sorrateira
Veio à festa estragar:
Era hora de levar
Mestre Antônio da Ladeira.

Num planeta iluminado
Que ao progresso cultua
Nos espelhos do Reisado
Falta o clarão da lua
Mas a festa continua
O boi desce a ribanceira
A Catirina faceira
Chega para conquistar
Em vão tenta despertar
Mestre Antônio da Ladeira

Nosso mestre adormecido
Sonha com outro Reisado
E está tão envolvido
Que não será acordado
Resta-nos o seu legado
Pra cultura brasileira
Vamos fechar a porteira
Para o progresso inclemente
E guardar em nossa mente
Mestre Antônio da Ladeira.

A  ladeira da cultura
É difícil de subir
Cercados de amargura
Muitos querem desistir
É preciso persistir
Não se entregar à canseira
Erguer bem alto a bandeira
Nem sempre reconhecida
Como fez por toda a vida
Mestre Antônio da Ladeira.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

ARREPENDIMENTO NO BRASIL E NO JAPÃO


Acho que arrependimento
É algo bem cultural
E a formação pessoal
Determina o sentimento
Recordo nesse momento
Dos antigos samurais
Que em seus zelos morais
Com espada se matavam
Quando erros praticavam
A vergonha era demais!

No Japão essa cultura
Continua muito forte
Há quem sofra até à morte
Depois que perde a postura
Forte é a amargura
De quem cai na tentação
Atos de corrupção
São duramente punidos
E os réus arrependidos
Nem sempre buscam perdão.

No Brasil é diferente
Quando alguém faz algo errado
Não se mostra envergonhado
Sempre se diz inocente
Na política é patente
Este vil comportamento
Sempre há um argumento
Para se justificar
E alguns chegam a zombar
Na hora do julgamento.

Por isso que a nação
Continua desse jeito
Grande é o desrespeito
Com a Constituição
Aqui não há punição
Político faz o que quer
Rouba enquanto puder
E quando é descoberto
Mostra o quanto é esperto
Vale o que ele disser!

Lágrimas de crocodilo
Às vezes são derramadas
Friamente calculadas
Mas sem perder o estilo
O criminoso tranquilo
Certo da impunidade
Esconde toda a verdade
E ri na cara da gente
Essa cena é bem frequente

Em nossa sociedade.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

ALEMÃES E JUDEUS DURANTE A COPA - Gilberto Cardoso dos Santos



Os alemães aprenderam
A mais completa lição
Da grande perseguição
A judeus se arrependeram.
Decerto se converteram
Hoje são bem educados
Tolerantes, comportados
E ao ganharem do Brasil
Zombaria não se ouviu
Ficaram penalizados.

E enquanto eles ganhavam
Do Brasil de 7 a 1
Judeus, sem amor nenhum,
Palestinos atacavam
Os brasileiros choravam
Pela grande goleada
Mas isso não era nada
Pior que perder em casa
Era na Faixa de Gaza
Ver tanta gente atacada.

A imprensa mundial
Por influência judaica
Tem uma postura arcaica
E se mostra parcial
Que é um povo especial
Se pensa dessa nação
Mas o nazismo alemão
Se mostra nos atos seus
Pelo jeito os judeus
Rejeitaram a lição.

Se dizem por Deus guiados
E em seu nome são cruéis
Inverteram-se os papeis
Já não são os massacrados
Palestinos confinados
Estão sendo destruídos
Há inocentes feridos
Crianças, principalmente
E a imprensa indiferente
Parece não dar ouvidos.
  
Vejo que a Alemanha
Muito tem a ensinar
Quanto ao modo de jogar
- em equipe é que se ganha –
Quem sua história acompanha
Aprende outras lições
Eles  não têm pretensões
De ser um povo perfeito
E mostram todo respeito
Para com outras nações..

terça-feira, 8 de julho de 2014

Nunca o Brasil gastou tanto Pra tão grande goleada - Gilberto Cardoso dos Santos



Que grande decepção
Que inesperada tristeza
A Seleção com certeza
Trouxe pra nossa nação
O time da Alemanha
Com habilidade estranha
Dominou toda a jogada
O povo teve um espanto
Nunca o Brasil gastou tanto
Pra tão grande goleada.

A ausência de Neymar
Decerto influenciou
Mas nunca o Brasil jogou
De maneira tão vulgar
Eu vi o povo chorando
E muitos se retirando
No início da jogada
grande foi o desencanto
Nunca o Brasil gastou tanto
Pra tão grande goleada.

Foi no início do jogo
Não houve muita demora
Em menos de meia hora
O Brasil sentiu o fogo
Jogavam feito criança
Já não havia esperança
Com cinco gols de entrada
Enorme era o quebranto
Nunca o Brasil gastou tanto
Pra tão grande goleada.

Na história das seleções
Esse jogo vai ficar
E o povo vai se lembrar
De tão tristes emoções
Quanta gente que voltou
Com os fogos que comprou
E a bandeirinha arriada
Cada qual para o seu canto
Nunca o Brasil gastou tanto
Pra tão grande goleada.

Grande foi o prejuízo
Que teve o nosso país
Pois esse jogo infeliz
Tirou do povo o sorriso
Quanto tempo despendido
Quanto dinheiro envolvido
Muita grana foi usada
A gente nem sabe quanto
Nunca o Brasil gastou tanto
Pra tão grande goleada.

Que o povo pare e reflita
Não se entregue ao pessimismo
E abandone o fanatismo
Que ao país tanto agita
Ricaços espertalhões
Manipulam multidões
Lucram com a empreitada
Ali não há nenhum santo
Nunca o Brasil gastou tanto
Pra tão grande goleada.

O Brasil tomou na copa
Se julgando uma princesa
A mocinha indefesa
Teve que enfrentar a tropa
Sete gols de humilhação
Contra um sem expressão
Da seleção derrotada
Em um jogo sem encanto
Nunca o Brasil gastou tanto
Pra tão grande goleada.

O povo, feito Tomé
Não queria acreditar
Mas tinha que encarar
Essa derrota de pé
Grande foi o pesadelo
Não havia mais apelo
Parecia uma piada
Já não restava acalanto
Nunca o Brasil gastou tanto

Pra tão grande goleada

ZÉ SOARES E O FUTEBOL - Gilberto cardoso dos Santos




Zé Soares não fingia
Ser igual a toda gente
Na verdade não temia
Mostrar que era diferente
Mesmo que desagradasse
Gostasse quem gostasse
Ele era coerente.

Odiava futebol
E de ninguém escondia
Em Cuité e no Brasil
Por nenhum time torcia
No tempo da seleção
O Brasil ganhar ou não
Pra ele tanto fazia

E no time adversário
Muitas vezes apostava
Era um “antipatriota”
Quando o Brasil jogava
Somente por ironia
E quando o Brasil perdia
Ele sozinho ganhava!

Ele até fogos soltava
Quando o Brasil não vencia
Pra ele o torcedor
Tal derrota merecia
Era um povo alienado
Que pelo seu time amado
Muita besteira fazia

Certa vez Seu Manú triste
Quando o Flamengo perdeu
Foi contar a Zé Soares
O quanto se entristeceu
Zé Soares secamente
Disse: “Pois eu tô contente
Porque isso aconteceu!”

domingo, 6 de julho de 2014

GALINHAS COMENDO - Gilberto Cardoso dos Santos



Eu ouço os bicos batendo
Das galinhas no terreiro
Bastante alegres comendo
Distantes do galinheiro
Tão bem este artista pinta
Que só com pincel e tinta
Poderia ser granjeiro.

Um pintinho amarelado
Procurando proteção
A galinha –mãe ao lado
Faz a sua refeição
Come com voracidade
Pra dar mais realidade
Se vê a sombra no chão.

Duas mulheres na cena
Assistem tudo caladas
Enquanto os bichos de pena
Prosseguem dando bicadas
Eu quase não acredito
Que haja algo tão bonito
Feito só com pinceladas!

É uma cena campestre
Que nos enche de saudade
Um retrato do nordeste
Em sua simplicidade
Onde a vida é mais ingrata
Mesmo sem ouro nem prata
Eles têm felicidade.