quinta-feira, 25 de agosto de 2016

LUCAS 16:10 - A DICA DE JESUS


sábado, 20 de agosto de 2016

“O POVO SE VENDE FÁCIL” (Gilberto Cardoso dos Santos)


“O POVO SE VENDE FÁCIL” (Gilberto Cardoso dos Santos)


Um vendedor de bananas perguntou à freguesa: "Foi ontem pra o comício?"

A mulher fez  cara de nojo e disse: "Eu mesmo não. Deus me livre de sair de casa pra ir atrás desses pestes!"

O vendedor riu e prosseguiu em sua curiosidade: "Por que essa raiva toda, minha amiga? Tem que ir pra ouvir as propostas! Como é que você vai escolher?"

Ela pôs as mãos na cintura, fez um muxoxo e replicou simulando indignação:

"Propostas, que propostas? Louco é quem confia nesta cambada de mentirosos. São uns ladrões!"

Duas pessoas próximas deram sinais de concordar com o que ela dizia. Eu também assenti com um "hum hum" e comecei a prestar atenção na fala da mulher; imaginei que estava à frente duma pessoa politicamente esclarecida. Mas o feirante insistiu em querer saber o real motivo daquela raiva toda e a mulher esclareceu:

"São uns safados. A gente vai pedir as coisas e eles dizem que não podem dar porque a fiscalização está rigorosa demais. Dizem também que não receberam recursos. Então que se lasquem todos!"

Claramente, para minha decepção, faltava consciência política naquela mulher, aparentemente enceguecida por seus próprios interesses. Infelizmente, não tinha o perfil que eu esperava; era representante de um grupo numeroso, manifestou um modo de pensar que é regra, não exceção. Temi pelos resultados da eleição que temos à frente. Será que mais uma vez deliberada e ingenuamente erraremos em nossas escolhas?

Como bem disse Rubem Alves, "É o povo que escolhe, como seus líderes, de forma democrática, os bandidos, criminosos e corruptos. E que não me digam que o faz por ignorância. O povo se vende fácil."


Enquanto houver uma maioria que raciocina como aquela mulher - que se vende fácil - será difícil evoluirmos para uma sociedade justa e equilibrada.




terça-feira, 16 de agosto de 2016

O AUMENTO NO SALÁRIO DOS VEREADORES – Gilberto Cardoso dos Santos


O AUMENTO NO SALÁRIO DOS VEREADORES – Gilberto Cardoso dos Santos

Os vereadores de minha cidade reuniram-se e deram a si mesmos um aumento. Mas nisto não foram pioneiros, apenas seguiram o exemplo de muitas outras câmaras legislativas espalhadas Brasil afora.  Claro que houve quem desse exemplo contrário, como se deu em Água Branca, PB, em que os edis votaram pela diminuição do próprio salário. Mas é óbvio: entre um raro bom exemplo desfavorável e uma maioria esmagadora de maus exemplos favoráveis, quem não optaria pelo segundo? Isto é demo “níaco” e “crático” ao mesmo tempo.

O que me espanta mesmo não foi o aumento que deram ao próprio salário (astronômico, diga-se de passagem), mas o fato da Constituição permitir que uma categoria, seja ela qual for, defina os próprios proventos.  Ainda mais diante da notória dificuldade que os políticos brasileiros tiveram, têm e sempre terão de enxergar qualquer coisa além dos próprios interesses.

Influenciado pela leitura dos livros de Poliana, esforço-me para ver o lado positivo das coisas. Imagine que eles bem poderiam ter arredondado o valor de cada sessão para dois mil reais, o que seria bastante compreensível. Mas não: optaram por menos. Eles sabem bem o quanto importa economizar por pouco que seja em tempos de crise. Todos precisam fazer sua parcela de sacrifício e disto não se eximem.  Aliás, para os que acham que eles se reúnem apenas uma vez por semana, vale ressaltar que isto aconteceu numa reunião-extra, às onze horas do dia.

É bonito se ver adversários políticos, posição e oposição, esquecidos de suas diferenças, unidos a batalhar por uma causa tão comum!  

Para incentivar maior participação em reuniões tão bem remuneradas, poderiam ter acrescentado à lei um dispositivo que permitisse desconto no salário dos vereadores faltantes. Ora, não é assim que acontece em qualquer outra profissão quando se falta sem a devida comprovação de justa causa?

Fico imaginando como me comportaria, caso fosse concedida à minha categoria o poder de determinar nosso próprio salário. “Sentir-me-ia”, como diria Temer, tentado a ir além do que determina o bom senso. Melhor: ficaria numa dúvida cruel sobre quanto realmente merece ganhar um professor. Imagino o enorme problema que teríamos para criar um meio termo entre a percepção daqueles acostumados a uma vida de exploração salarial e a dos mais gananciosos – ou mais conscientes.

Sei que não é fácil para ninguém que dispõe de tanto poder – mesmo o de determinar o próprio salário! – ter que legislar em causa própria sob os holofotes da censura popular.

Acostumados que estamos a ver aspectos negativos nas ações de nossos políticos, corremos o risco de não ver motivações altruístas em seus gestos. Afinal, como disse um deles, pensaram nos que assumirão no próximo pleito, não neles propriamente, embora mais uma vez tenham se candidatado. Os instados a participar mais ativamente da vida política, têm agora uma motivação extra para se candidatarem e batalharem com mais afinco pela vitória.

Ainda à cata de coisas positivas nisto tudo, nos alegramos por saber que a decisão não foi tomada por cem por cento deles. Houve quem faltasse à reunião ou que, instado a votar, tenha se recusado. Podemos questionar-lhes os motivos, é claro, mas o fato é que não votaram. Ao menos tiveram temor à opinião popular e deixaram que a prudência suplantasse a ganância. Também achei interessante perceber que alguns pré-candidatos dos dois lados, correndo o risco de desagradar aos companheiros de chapa, tenham se posicionado claramente contra o ato imoral disfarçado de legalidade. O “nada a declarar” de outros candidatos a quem vejo com bons olhos tem me incomodado. Talvez estejam ensaiando ainda o que dirão. Acho que devemos prestar mais atenção nestes que ousaram erguer a voz e cobrar (o)posição dos demais.

Quanto aos que votaram pelo aumento, deixemos que o povo, democraticamente, decida os seus destinos. Vendo por certo ângulo, foi uma jogada de mestres: terá o potencial de angariar mais votos desde que se valham do seguinte e sedutor argumento: “Concedemos a nós mesmos este aumento pensando em você, eleitor. O excedente ao que ganhávamos será usado em seu benefício.”

Descontextualizando e adulterando o bordão de Nelson Rubens, diriam nosso ilustres representantes: “Eu aumento e depois invento qualquer desculpa.”



O AUMENTO NO SALÁRIO DOS VEREADORES – Gilberto Cardoso dos Santos


O AUMENTO NO SALÁRIO DOS VEREADORES – Gilberto Cardoso dos Santos

Os vereadores de minha cidade reuniram-se e deram a si mesmos um aumento. Mas nisto não foram pioneiros, apenas seguiram o exemplo de muitas outras câmaras legislativas espalhadas Brasil afora.  Claro que houve quem desse exemplo contrário, como se deu em Água Branca, PB, em que os edis votaram pela diminuição do próprio salário. Mas é óbvio: entre um raro bom exemplo desfavorável e uma maioria esmagadora de maus exemplos favoráveis, quem não optaria pelo segundo? Isto é demo “níaco” e “crático” ao mesmo tempo.

O que me espanta mesmo não foi o aumento que deram ao próprio salário (astronômico, diga-se de passagem), mas o fato da Constituição permitir que uma categoria, seja ela qual for, defina os próprios proventos.  Ainda mais diante da notória dificuldade que os políticos brasileiros tiveram, têm e sempre terão de enxergar qualquer coisa além dos próprios interesses.

Influenciado pela leitura dos livros de Poliana, esforço-me para ver o lado positivo das coisas. Imagine que eles bem poderiam ter arredondado o valor de cada sessão para dois mil reais, o que seria bastante compreensivo. Mas não: optaram por menos. Eles sabem bem o quanto importa economizar por pouco que seja em tempos de crise. Todos precisam fazer sua parcela de sacrifício e disto não se eximem.  Aliás, para os que acham que eles se reúnem apenas uma vez por semana, vale ressaltar que isto aconteceu numa reunião-extra, às onze horas do dia.

É bonito se ver adversários políticos, posição e oposição, esquecidos de suas diferenças, unidos a batalhar por uma causa tão comum!  

Para incentivar maior participação em reuniões tão bem remuneradas, poderiam ter acrescentado à lei um dispositivo que permitisse desconto no salário dos vereadores faltantes. Ora, não é assim que acontece em qualquer outra profissão quando se falta sem a devida comprovação de justa causa?

Fico imaginando como me comportaria, caso fosse concedida à minha categoria o poder de determinar nosso próprio salário. “Sentir-me-ia”, como diria Temer, tentado a ir além do que determina o bom senso. Melhor: ficaria numa dúvida cruel sobre quanto realmente merece ganhar um professor. Imagino o enorme problema que teríamos para criar um meio termo entre a percepção daqueles acostumados a uma vida de exploração salarial e a dos mais gananciosos – ou mais conscientes.

Sei que não é fácil para ninguém que dispõe de tanto poder – mesmo o de determinar o próprio salário! – ter que legislar em causa própria sob os holofotes da censura popular.

Acostumados que estamos a ver aspectos negativos nas ações de nossos políticos, corremos o risco de não ver motivações altruístas em seus gestos. Afinal, como disse um deles, pensaram nos que assumirão no próximo pleito, não neles propriamente, embora mais uma vez tenham se candidatado. Os instados a participar mais ativamente da vida política, têm agora uma motivação extra para se candidatarem e batalharem com mais afinco pela vitória.

Ainda à cata de coisas positivas nisto tudo, nos alegramos por saber que a decisão não foi tomada por cem por cento deles. Houve quem faltasse à reunião ou que, instado a votar, tenha se recusado. Podemos questionar-lhes os motivos, é claro, mas o fato é que não votaram. Ao menos tiveram temor à opinião popular e deixaram que a prudência suplantasse a ganância. Também achei interessante perceber que alguns pré-candidatos dos dois lados, correndo o risco de desagradar aos companheiros de chapa, tenham se posicionado claramente contra o ato imoral disfarçado de legalidade. O “nada a declarar” de outros candidatos a quem vejo com bons olhos tem me incomodado. Talvez estejam ensaiando ainda o que dirão. Acho que devemos prestar mais atenção nestes que ousaram erguer a voz e cobrar (o)posição dos demais.

Quanto aos que votaram pelo aumento, deixemos que o povo, democraticamente, decida os seus destinos. Vendo por certo ângulo, foi uma jogada de mestres: terá o potencial de angariar mais votos desde que se valham do seguinte e sedutor argumento: “Concedemos a nós mesmos este aumento pensando em você, eleitor. O excedente ao que ganhávamos será usado em seu benefício.”

Descontextualizando e adulterando o bordão de Nelson Rubens, diriam nosso ilustres representantes: “Eu aumento e depois invento qualquer desculpa.”