terça-feira, 30 de dezembro de 2014

DEZ ANOS SEM DINAMÉRICO - Gilberto Cardoso dos Santos


[...]

Em 31 de dezembro 
Na cidade de Campina 
No ano 2004 
A depressão assassina 
Levou de forma abjeta 
A esse grande poeta 
De maneira repentina. 

Dino cansou dos embates 
No mar de sua existência 
Se jogou no Açude Velho 
Num instante de demência 
A profunda depressão 
Turvou a sua visão 
Alterou-lhe a consciência.

Tinha 46 anos 
Quando a tragédia se deu 
Na cidade de Cuité 
Logo a notícia correu 
Muita gente lamentou 
Quando se noticiou: 
Dinamérico morreu! 

E assim perdemos um vate 
Digno de fulgurar 
Na história paraibana 
Por seu trabalho sem par 
E grande amor à cultura 
decerto em data futura 
Irá se agigantar.

Dino permanece vivo 
Através de seus escritos 
Uma sala em sua honra 
Contém seus textos e ditos 
Que o cuiteense aproveite 
Se aprofunde, se deleite 
Com seus poemas bonitos. 

Até um filme se fez 
Sobre o vate falecido 
Dinamérico, o Poeta 
Foi o título escolhido 
Para o media metragem 
Merecida homenagem 
Feita ao poeta querido.

Um chapéu paira nas águas
Do filme de sua vida
Chapéu que abrigou poemas
Inspiração incontida
Ao partir o menestrel
Retirou o seu chapéu
Em sinal de despedida.


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sábado, 27 de dezembro de 2014

UM QUADRO QUE NÃO VAI SE REPETIR - Gilberto Cardoso dos Santos

Foto tirada por  minha esposa de dentro da parte seca do açude Santa Rita, em 27.12.2014

O acaso fez no ocaso
Um quadro belo e fugaz
Todo dia ele faz
Imagens de breve prazo
Raios vindos do Parnaso
Fazem estrofes fluir
Mas tudo está a sumir
Vejo se desvanecer
Um tão belo entardecer
Que não vai se repetir.

Tudo na vida é assim
Totalmente passageiro
Irrepetível roteiro
Do começo até o fim
O que é caro pra mim
Um dia vai se esvair
A tristeza tem que vir
Para anuviar o ser
Como este entardecer
Que não vai se repetir

Uma profusão de cores
Convidativa ao olhar
Capaz de amenizar
Melancolias e dores
Em meio a tais esplendores
Dá vontade de sorrir
É preciso usufruir
Deste instante de prazer
Único, deste entardecer

Que não vai se repetir.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O INSULTO DE NATAL (Gilberto Cardoso dos Santos)



 O INSULTO DE NATAL (Gilberto Cardoso dos Santos)

Disseram que esse indulto
É um ato de clemência
Feito pela presidência
Mas considero um insulto
Pois de nós não é oculto
Que o sistema prisional
A nível nacional
Não recupera ninguém
Por isso não nos convém
O Indulto de Natal

Sai ladrão, estuprador
Assaltante e assassino
Quem alicia menino
Também recebe o favor
Cada ano é esse horror
E o povo é quem se dá mal
Sempre há um marginal
Que a prisão não redime
E pratica mais um crime
no Indulto de Natal.

Durante a festividade
O cidadão se amedronta
Pois sempre um bandido apronta
Na sua comunidade
se não há tranquilidade
em um período normal
essa data especial
o grande perigo traz
de topar com Barrabás
no Indulto de Natal.

Sei que os Direitos Humanos
Estão por trás do decreto
Que só se mostra incorreto
Devido tantos enganos
Se houvesse melhores planos
Pensando no social
Se a prisão, afinal
De fato recuperasse
Talvez o povo aceitasse
O Indulto de Natal

Para alguns é moleza
Na prisão permanecer
E sai pensando em fazer
Mais alguma safadeza
Tal lei provoca tristeza
No pobre policial
Que além de ganhar mal
Enfrenta muitos dilemas
E vê crescer seus problemas
No Indulto de Natal.

Há o indulto natalino
E a saída temporária:
Liberdade carcerária
Por um tempo pequenino
Contra isso eu opino
Mas a medida é legal
O efeito colateral
Sobra pra população
Que sofre com o Saidão
E o Indulto de Natal.

No Saidão, certamente
Poucos  desejam voltar
Para um terrível lugar
Tão apinhado de gente
No entanto o poder vigente
Com base em lei federal
A Pilatos faz igual
Solta a quem não deveria
E mais um problema cria
No Indulto de Natal

Eu não sou contra os direitos
Mas se o país é sério
Precisa usar um critério
Que provoque bons efeitos
Combater os preconceitos
É pra nós essencial
No seu estágio atual
Esta lei está errada
E devia ser chamada
De Insulto de Natal.




30% DOS PRESOS, BENEFICIADOS PELO SAIDÃO DE NATAL, NÃO VOLTARAM PARA OS PRESÍDIOS, DADOS DO ANO PASSADO



quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A MAIOR NECESSIDADE DO NATAL - Gilberto Cardoso dos Santos



“[...] quando eu estava lendo o Sermão da Montanha e vendo os altos padrões de Jesus Cristo, os grandes valores e sem os quais já teríamos todos nos matado, quando eu li “Ame seu inimigo” aquilo fez perfeito sentido para mim.” – Mossab Hassan, ex-muçulmano, filho de um dos líderes do Hamas. 


Após espantar-me ao ouvir um intérprete do Corão explicando que comemorar o natal é mais grave que fornicar, beber ou matar; depois de saber que radicais islâmicos queimaram cerca de 1200 carros - só na França – em 2013, por ocasião dos festejos natalinos; após ler a notícia de um atropelamento intencional de onze pessoas em Dijon feito por um maometano e de um outro que feriu a três policiais no dia anterior enquanto louvava a Alá; ao ser impactado pelo assassinato de 145 pessoas numa escola cristã do Paquistão, a maioria crianças, eu comecei a desejar a presença  de Jesus em  nossas celebrações.

Sim, eu ansiei ver aquela manjedoura no centro de nossas vidas encurraladas, cercadas por tantos becos sem saída. Vi que falta a paz do primeiro presépio em nossas festividades. Há excesso de ouro, talvez, mas sabemos que muito dessa riqueza não resistiria ao acrisolamento. Precisamos urgentemente desligar os carros de propaganda, os paredões de som e a poluição sonora das igrejas para ouvir o riso ingênuo, o choro, os gemidos de dor e os roncos da fome dessa criança que se mostra onipresente e pode estar tremendo de frio ou de medo no Iraque, no Paquistão, na França ou nalguma favela do Brasil, em qualquer corpo.

Enquanto ouço Noite Feliz, que me fala de um momento utópico, sinto que desesperadamente carecemos do Messias e de sua mensagem em nossos dias, como carecemos de uma boa música. Mesmo que alguém pense que ele nunca existiu ou que foi diferente do que nos fazem pensar, urge que marque presença agora, com a humildade e amor que lhe são atribuídos, que de fato renasça a cada natal e nos lance aquele olhar que aquece o coração.
Alberto Caieiro, heterônimo de Fernando Pessoa, teve um encontro com esse menino. Diz-nos ele:

Num meio dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia
Vi Jesus Cristo descer à terra,
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
[...]


Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.


A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.


A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

[...]


Precisamos dum encontro dessa natureza com o menino Jesus. Há homens loucos em nosso dias, dispostos a estragar ou destruir nossas vidas e as deles por uma causa insana. Como os modernos cristãos, eles têm uma falsa visão do Jesus a quem dizem respeitar e a quem os ocidentais dizem adorar.
Há um ódio exposto em seus semblantes que só as carícias desse menino poderiam dissipar, suas mãozinhas talvez pudessem deter seus dedos e mantê-los longe dos gatilhos. Uma vez que não dão lugar à fria razão, somente a presença dele poderia trazer pureza e sossego ao curral imundo de suas consciências. A pensadora Ayaan Hirsi, ex-muçulmana, reconhece a  importância da cultura cristã em sua versão atual, e crê no papel positivo que ela pode ter em melhorar o mundo. Por isso, quando um destes radicais aceita Jesus, faço coro aos louvores cristãos. Gostaria de vê-los aos milhares vindos do Oriente como os magos, encurvados perante a manjedoura.

Nosso natal, tão enfeitado pelas cores da hipocrisia, vergonhosamente explorado por gananciosos empresários e igrejas, desperta o ódio e o desprezo de muitos, até de nós mesmos, quando intimamente o observamos. Enquanto cantamos e maquinalmente nos saudamos, fanáticos avançam impunes estragando o natal e o resto da vida de gente desprotegida.


Necessitamos com urgência fazer algo para que o Natal seja o que deveria ser.



 Veja o vídeo:  https://www.youtube.com/watch?v=j3CFOW7rxWg



segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

VERSOS PRA MINHA MULHER - Gilberto Cardoso dos Santos


Maria “dulce” Maria
Bela na simplicidade
Minha fonte de alegria
Sossego e felicidade
Que tem todo meu respeito
Ela só tem um defeito:
“d” feito no nome AnDrade.

Quem a conhece descobre
O quanto é inteligente
Seu comportamento nobre
Mostra o quanto é prudente
Eu tive bastante sorte
Pois mulher com esse porte
Não se acha facilmente.

Acho seus olhos tão belos
Gosto de seu bom humor
E nos seus gestos singelos
Vejo expressões de amor
Digo no verso e na prosa
É uma mulher virtuosa
De inegável valor.

É minha melhor amiga 
além de esposa amada
se às vezes a gente briga
é uma briguinha de nada
que logo se desvanece
quando ela me aquece
no frio da madrugada.



domingo, 14 de dezembro de 2014

MULHERES ESTENDENDO PANO

Pintura de  Wagner di Oliveira

Mulheres estendem panos
Enfrentam grande peleja
Ventos perturbam seus planos
Mas para quem as corteja
Numa exposição qualquer
O vento sopra onde quer
Mostra o que o olhar deseja.

O pincel com sutileza
faz algo extraordinário
Um cheiro bom de limpeza
se espalha no imaginário
de ondulante magia
se reveste a ventania
no quadro extraordinário.