“[...] quando eu estava lendo o Sermão da Montanha e vendo os altos padrões de Jesus Cristo, os grandes valores e sem os quais já teríamos todos nos matado, quando eu li “Ame seu inimigo” aquilo fez perfeito sentido para mim.” – Mossab Hassan, ex-muçulmano, filho de um dos líderes do Hamas.
Após espantar-me ao ouvir um intérprete do Corão explicando que comemorar o natal é mais grave que fornicar, beber ou matar; depois de saber que radicais islâmicos queimaram cerca de 1200 carros - só na França – em 2013, por ocasião dos festejos natalinos; após ler a notícia de um atropelamento intencional de onze pessoas em Dijon feito por um maometano e de um outro que feriu a três policiais no dia anterior enquanto louvava a Alá; ao ser impactado pelo assassinato de 145 pessoas numa escola cristã do Paquistão, a maioria crianças, eu comecei a desejar a presença de Jesus em nossas celebrações.
Sim, eu ansiei ver aquela manjedoura no centro de nossas vidas encurraladas, cercadas por tantos becos sem saída. Vi que falta a paz do primeiro presépio em nossas festividades. Há excesso de ouro, talvez, mas sabemos que muito dessa riqueza não resistiria ao acrisolamento. Precisamos urgentemente desligar os carros de propaganda, os paredões de som e a poluição sonora das igrejas para ouvir o riso ingênuo, o choro, os gemidos de dor e os roncos da fome dessa criança que se mostra onipresente e pode estar tremendo de frio ou de medo no Iraque, no Paquistão, na França ou nalguma favela do Brasil, em qualquer corpo.
Enquanto ouço Noite Feliz, que me fala de um momento utópico, sinto que desesperadamente carecemos do Messias e de sua mensagem em nossos dias, como carecemos de uma boa música. Mesmo que alguém pense que ele nunca existiu ou que foi diferente do que nos fazem pensar, urge que marque presença agora, com a humildade e amor que lhe são atribuídos, que de fato renasça a cada natal e nos lance aquele olhar que aquece o coração.
Alberto Caieiro, heterônimo de Fernando Pessoa, teve um encontro com esse menino. Diz-nos ele:
Num meio dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia
Vi Jesus Cristo descer à terra,
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
[...]
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
[...]
Precisamos dum encontro dessa natureza com o menino Jesus. Há homens loucos em nosso dias, dispostos a estragar ou destruir nossas vidas e as deles por uma causa insana. Como os modernos cristãos, eles têm uma falsa visão do Jesus a quem dizem respeitar e a quem os ocidentais dizem adorar.
Há um ódio exposto em seus semblantes que só as carícias desse menino poderiam dissipar, suas mãozinhas talvez pudessem deter seus dedos e mantê-los longe dos gatilhos. Uma vez que não dão lugar à fria razão, somente a presença dele poderia trazer pureza e sossego ao curral imundo de suas consciências. A pensadora Ayaan Hirsi, ex-muçulmana, reconhece a importância da cultura cristã em sua versão atual, e crê no papel positivo que ela pode ter em melhorar o mundo. Por isso, quando um destes radicais aceita Jesus, faço coro aos louvores cristãos. Gostaria de vê-los aos milhares vindos do Oriente como os magos, encurvados perante a manjedoura.
Nosso natal, tão enfeitado pelas cores da hipocrisia, vergonhosamente explorado por gananciosos empresários e igrejas, desperta o ódio e o desprezo de muitos, até de nós mesmos, quando intimamente o observamos. Enquanto cantamos e maquinalmente nos saudamos, fanáticos avançam impunes estragando o natal e o resto da vida de gente desprotegida.
Necessitamos com urgência fazer algo para que o Natal seja o que deveria ser.
Veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=j3CFOW7rxWg
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