sexta-feira, 28 de junho de 2013

SÃO JOÃO PEDRO NO MUSEU - Gilberto Cardoso dos Santos


Antigamente havia
O São João da Boa Hora
E o povo se divertia
Como não se vê agora
pois o tempo foi passando
Tudo se modernizando
Ficando artificial
O forró não tem mais graça
Pois só fala de cachaça
E de coisa imoral

O Museu Auta Pinheiro
De novo quer resgatar
Um São João mais verdadeiro
De caráter popular
Com quadrilhas, com balões
bandeirinhas, foguetões
E sanfoneiro animado
com danças e brincadeiras
E o brilho das fogueiras
Iluminando o passado.

Dona Cleudia e seu esposo
Se esforçaram para dar
Um São João maravilhoso
Ao povo deste lugar
E graças à prefeitura
E aos amantes da cultura
Isto se tornou possível
Que esta noite nos encante
Seja de fato brilhante
E se torne inesquecível.

hoje é noite de alegria
No Museu Auta Pinheiro
De se entregar à folia
do santo casamenteiro
É tempo de esquecer
As tristezas do viver
É noite de gratidão
De olhar o céu estrelado
E dar um viva animado
A São Pedro e São João!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

TROTE NA DELEGACIA E OS CRIMES VIRTUAIS EM SANTA CRUZ - Gilberto Cardoso dos Santos


Como se não bastassem as ondas de assaltos, furtos e assassinatos em Santa Cruz, temos também os crimes virtuais.
Na semana passada, 11, quando fui fazer o boletim de ocorrência do sumiço de minha biz, enquanto aguardava o atendimento, meu celular tocou.

Uma voz de barítono disse-me que sabia onde estava minha moto. Perguntou-me se estava disposto a pagar determinada quantia para reavê-la. Enquanto conversávamos, coloquei no viva voz e  avisei por gestos ao policial Valmir o que estava ocorrendo. O cara deu detalhes da praça; disse que deixaria a biz diante do shopping, em frente à lojinha de DVDs. Mas antes eu deveria fazer um depósito na Casa Lotérica, numa conta que ele me passaria. A conta seria de uma pessoa falecida, de quem ele guardava o cartão e a senha.
Disse-lhe que estava muito grato, que nem importava saber quem era. Apenas queria que ele deixasse a biz em determinado lugar. Em seguida eu faria o depósito. Expliquei-lhe que era apenas por precaução, só para ter certeza que não se tratava de um trote, pois alguém poderia ter visto os dados sobre o shopping e a praça nalgum blog, bem como meu telefone (afinal, como ele teria conseguido meu número?).

Ele retrucou:
- Blog? O que é isso?
Expliquei-lhe que me referia à Internet, mas ele, tentando mostrar-se desatualizado disse “Não sei o que é isso não, moço.”

Fui conversando com ele, seguindo as orientações do policial, até que a ligação caiu. Era um trote.
Depois conferi e descobri que o número era de Brasília.
Abalado como estava, poderia ter sido fácil cair na conversa dele. Ainda bem que desconfiei.
Uma amiga minha, a quem muito prezo, caiu numa dessas. Pessoas que têm o coração bom, generosas, caem facilmente nesses golpes. O excesso de bondade as torna vulneráveis, mais que os outros.

A conversa foi mais ou menos assim:
- Olá, prima, tudo bem? Que bom falar com você...!
- Olá... mas qual é o primo com quem tô falando?
- Não acredito não, prima! Não vá dizer que não está reconhecendo minha voz!
- É Paulinho?

- Isso mesmo, prima! Eu sabia  que você ia reconhecer. Que saudade!
- Diga aí, Paulinho! Quanto tempo! Como vai a família, tá bem?
- Tá tudo bem, prima... mas eu tô ligando por causa de um probleminha. É que eu tô indo aí pra sua região, mas aconteceu uma zebrinha durante a viagem. Tô precisando de mil e quinhentos reais pra consertar o carro... blá bla blá
E o depósito foi feito.
Imagine a dor da perda de um dinheiro conseguido a duras penas e, principalmente, a tristeza por ter sido feito de idiota. Essas pessoas não são dignas de crítica. Qualquer um, dependendo do momento e da habilidade de quem está do outro lado da linha, pode cair numa dessas.

Soube, através do BLOG DE HÉLIO SILVA de outra que perdeu mais dois mil reais numa dessas conversinhas de pé de ouvido.

Todo cuidado é pouco. Vivemos numa selva tecnológica e muito temos a temer dos da mesma espécie.
Se acaso receber algum telefonema falando de sequestro de algum querido, com pedidos de ajuda ou parabenizando-o por tirar na sorte grande... respire fundo e procure usar a razão. Emoções nessa hora só atrapalham.

Mais do que nunca, devemos atentar para o conselho bíblico: “Maldito o homem que confia noutro homem.” Cuidado com o que postam no Facebook e em outras redes sociais. Alguns não soltam um pum sem comunicar isso aos seus contatos.


Para as conterrâneas e conterrâneos já que foram lesados, fica a nossa palavra de consolo: de alguma maneira, o prejuízo dos que fizeram isso será maior do que o vosso. Resta a vocês a habilidade para conseguir mais.

terça-feira, 18 de junho de 2013

RELIGIÃO VERSUS PRÁTICA - Gilberto Cardoso dos Santos

A Naílson Costa e sua mãe, a quem tanto ama.


Religião e teoria são quase sinônimos. Por isso, escolhi este título.
O que me fez desejar escrever este texto foi uma cena vista nessa manhã: Um filho acompanhava a mãe já velhinha, dando-lhe a devida atenção e suporte. Conheço bem o filho e sei que ele não é muito chegado a igrejas. Aliás, o pouco que vai à igreja é para fazer companhia à mãe. Por amor a ela, ouve pacientemente sermões que às vezes lhe soam indigestos. É um filho que continua tão ligado à mãe quanto quando lhe estava no ventre: apenas mudou de lado.

Vi-o a seguir com a senhora idosa e voltei ao tempo em que viveriam situações inversas: a mãe, paciente, esperando pelos passos lentos do filho ainda trôpego. Quem sabe, talvez, ali por aquelas mesmas ruas...  Talvez passeie com a mãe para atender-lhe um desejo que julga desnecessário, mas quer vê-la feliz, assim como ela procedia quando ele era pequeno e pedia para passear.

Trata-se de um irreligioso que segue à risca o que prescreve o quinto mandamento: “Honra teu pai e tua mãe”. Aquilo não necessita vir da Bíblia para penetrar-lhe o espírito: já está escrito em seu coração.

Que mais espera uma mãe idosa, cheia de achaques e feridas da alma feitas ao longo da vida, quando a morte já golpeou tantos entes que lhe eram tão caros? Resta-lhe a esperança de poder contar com o carinho de um filho; de ter alguém que lhe segure a mão enquanto completa a travessia.

Resta-lhe, talvez, o poder contemplar aqueles que lhe saíram do ventre, felizes como ela os concebeu desde o tempo em que ainda brincava de bonecas; restam-lhe alguns beijos e abraços e a esperança de ver pelos olhos embaçados “o fruto do penoso trabalho de sua alma”.

Este de quem falo é alguém que atingiu os alvos estabelecidos pela mãe: casou, construiu uma família bem ordenada, tornou-se benquisto pela sociedade e financeiramente não tem do que reclamar. Mas a possibilidade que ele tem de usufruir dos prazeres terrenos muitas vezes é substituída pelo prazer de estar com sua mãe. O mundo lhe oferece asas e a amplidão, mas ele prefere retornar ao ninho.

Ele sabe quão precioso é cada segundo que lhe resta ao lado dela. Seu olhar transpira gratidão quando busca lucidez naqueles olhinhos carinhosos ilhados nas rugas. Tudo que ele é deve a ela e ao inesquecível pai.
Em direção contrária, vão aqueles que tentam colocar a obra de Deus em primeiro lugar e negligenciam obrigações com a família. Estes, amam tão intensamente a religião quanto aqueles que não cuidaram do homem ferido no caminho de Jericó porque tinham pressa de chegar ao templo.

Nessa mão contrária vai o pregador de uma igreja que visitei recentemente. Fui para fazer companhia a um irmão carnal que nos visitava. A pregação estava boa. Teoria bonita que arrancava améns e aleluias. No final, o pregador pôs tudo a perder. Falou-nos de sua mãe. Obviamente, ocupado com a obra, não podia cuidar dela. Disse-nos o quanto ela sofria (parece-me que tinha câncer) e que a consolara com as seguintes palavras: “Nada posso fazer pela senhora, mãe. Entrego nas mãos de Deus, pois só Ele que tudo pode resolver.”

Aquilo, foi como que um espirro forte num bolo de aniversário recém-enfeitado. Foi como nadar, nadar... e morrer na beira da praia.
“NADA podia fazer?!”, perguntava-se meu irmão indignado depois do culto.  “NADA”, respondia eu com ironia.

Quanto ao amigo que pacientemente passeava com sua mãe pela rua da feira, sei que ele não espera, como recompensa por isso, herdar um lugar no céu. Também não é o temor do inferno que o move. É simplesmente amor. Gratidão. Aliás, céu pra ele é estar com os seus, principalmente com sua mãe. E o inferno começa quando ele se põe a pensar em muitos adeuses definitivos que ainda terá que dar...
Já outros, que têm um inferno a temer e um céu a desejar, não encontram nisto motivação suficiente para cumprir o quinto mandamento. Hipocritamente falam de um Deus que é Pai, e de Maria que é mãe, mas vivem longe do sentimento filial.

Não são religiosos no sentido de estar ligados a Deus, mas teóricos da fé.
Deus pai, que não se engana, sabe que estes o paparicam não com amor de filho, mas como aqueles que visam receber a grande herança... Ele sabe que, caso fosse dispensável como os pais terrestres em sua velhice, também seria lançado num asilo...

Todavia, esqueçamos os exemplos negativos. Fiquemos com os bons samaritanos modernos, aqueles que pouco conhecem a letra da lei, mas a vivem em sua essência. Deem-nos suas bênçãos, filhos bons! Continuem a pregar para nós que frequentamos os templos! Enquanto acontecem os serviços religiosos, façam companhia àqueles que necessitam de vossa presença. O Deus que se transubstancia na hóstia também estará no abraço e no aperto de mão que sustém o corpo frágil.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O POTIGUAR E A ÍNDIA



No dia dos namorados (12 de 06 de 2013) a TV Roraima veiculou uma reportagem especial sobre o biólogo, professor e escritor Ricardo Dantas, filho natural de Santa Cruz, RN, autor do romance MEIA PATA, casado com uma bela índia de nome Iara. 

O amor venceu barreiras geográficas e étnicas. Hoje, após inúmeros obstáculos, ele vive em Roraima com sua companheira, atua como professor da aldeia, e tem como hobby escrever e analisar com êxtase a rica fauna e flora que o circunda.

Pode haver um clima mais propício ao amor do que este?

Clique no link abaixo e assista a reportagem. Conheça mais sobre essa história e sobre a saga desse escritor que tem a honra de ser o primeiro autor santa-cruzense a publicar um romance.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

ALEGREM-SE COMIGO: MINHA BIZ FOI ENCONTRADA!

Agora à tarde, mais ou menos às 4:20,  Cassinha, que trabalha na vigilância de diversos pontos comerciais da rua da feira, foi à escola onde ensino para comunicar que encontrara minha biz. Nem dei o quinto horário e fui com ela até o beco da Casa da Cultura onde estava minha biz... intacta!
Cassinha disse que a encontrou de uma hora da manhã.

Não sabemos o que houve. Apenas quero dizer a todos que me ligaram, 
a todos que me enviaram alguma mensagem de apoio, 
aos que compartilharam meu link no Facebook, 
aos blogs de ÉDIPO NATAN, de JOSEILSON, de ANDRÉ FOTOS, e de LUCICLÁUDIO

Gostaria de valer-me das palavras de uma  parábola bíblica:

"Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida." - Lucas 15: 9

Sei que muitos, além de ligar, dedicaram parte de seu tempo para orar por mim. A estes também agradeço de coração pelo gesto de simpatia.

Minha especial gratidão a Cassinha, que procedeu com absoluta honestidade. Se eu fosse um comerciante naquele setor onde ela atua, não hesitaria em contratá-la para vigiar meu estabelecimento, pois deu prova de total lisura para comigo.

Pode haver um presente de Dia dos Namorados melhor que este?

MENSAGEM BEM PARTICULAR NO DIA DOS NAMORADOS - Gilberto Cardoso dos Santos


Alguém sensibilizado com o furto que me fizeram ontem, disse-me:
- Gilberto não sei o que lhe diga... o que devo lhe falar nessa hora?
Respondi-lhe:
- Dê-me os parabéns.
Diante da surpresa das pessoas, acrescentei:
- Estou vivo, inteiro, e tenho saúde. Algo pior poderia ter acontecido"
A pessoa entendeu o meu recado.
Mas eu acho que deveria ter acrescentado:

- Tenho uma esposa magnífica e uma filha que muito nos encanta, fruto de nosso amor.

Juntos estávamos no local em que o furto se deu. Pudemos nos amparar um no outro e retornar para casa felizes,  certos de que nos resta o que é mais precioso: um elo de amor que nos unifica. Perdemos algo, mas não perdemos o essencial.

Gostaria de dizer hoje, nesse dia dos namorados, à Maria Andrade dos Santos:

Querida namorada Maria: Hoje não temos mais biz para passear, mas podemos continuar dizendo bis à vida e à felicidade.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A ARTE DA TRIBO OMO - Gilberto Cardoso dos Santos


A tribo Omo, uma das mais ricas representações da cultura africana, ganhou a alcunha de o povo pintado. Pessoas de todas as idades dedicam grande parte do tempo a enfeitar-se, a maquiar-se.
Esta prática, passada de geração a geração, os fez extremamente habilidosos na arte de traçar formas com as pontas dos dedos em seus próprios corpos.

Por razões estéticas, religiosas ou estratégias de defesa, valorizam imensamente a artificialidade que impõem às suas aparências.

Pobres em recursos, fazem do meio em que vivem o seu salão de beleza. Os recursos de que lançam mão estão ao seu redor, na vegetação e em substâncias de origem mineral, de onde extraem a matéria prima de sua arte. 

Trata-se de uma manifestação cultural pouco conhecida e pouco valorizada. São vistos como detentores e propagadores de algo rudimentar e primitivo. Todavia, eles nada deixam a desejar em sua arte, que requer habilidades especiais e capacidade criativa. 

Assim como ocorre com o povo OMO, há muitas manifestações culturais desconhecidas ou desvalorizadas. Culturas marginalizadas riquíssimas que não devem sucumbir à globalização.
Antes, carecem de holofotes e olhares não preconceituosos, capazes de vislumbrar suas reais grandezas.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

SE SER BOM NÃO TEM VALOR VOU SER RUIM PRA VER SE PRESTA - Gilberto Cardoso dos Santos

Mote de Daiane Rocha


Gilberto Cardoso:

Trabalho feito um jumento
Não gosto de enrolar
mas tenho que aguentar
briga e aborrecimento
não recebi um aumento
a patroa é desonesta
tudo que eu falo contesta
pra pagar é um horror
se ser bom não  tem valor
vou ser ruim pra ver se presta

só porque eu bebo cana
e gosto duma bolinha
a mulher me aporrinha
reclama toda  semana
Eu sou um genro bacana 
e levo vida modesta
mas minha sogra protesta
diz que sou esbanjador
se ser bom não tem valor
vou ser ruim pra ver se presta

hoje eu não vou fazer nada
não vou lavar o banheiro
vou deixar o dia inteiro
a casa desarrumada
vou me sentar na calçada
de tarde tiro uma sesta
vingança é o que me resta
prum marido traidor
se ser bom não tem valor
vou ser ruim pra ver se presta

eu vou cair na gandaia
vou beber, vou farrear
e se um clima pintar
hoje ele leva uma gaia
por qualquer rabo-de-saia
ele atrás se desembesta
até a mãe o detesta
não passa de um fingidor
se ser bom não tem valor
vou ser ruim pra ver se presta

Quando me candidatei
só pensava em trabalhar
pretendia apresentar
vários projetos de lei
porém me equivoquei
fiz uma campanha honesta
a oposição funesta
elegeu um ditador
se ser bom não tem valor
vou ser ruim pra ver se presta.

Tudo que ele pedia,
com o maior amor eu dava
mas ele só me xingava
e jamais agradecia
aí, quando foi um dia,
eu tava com a mulesta
meti-lhe um murro na testa
e ele gritou de dor
se ser bom não tem valor
vou ser ruim pra ver se presta.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

UM APELO À CONSCIÊNCIA

Com evidente inocência
Um menino de 3 anos
mexe com a consciência
De adultos seres humanos

Não faz parte de seus planos
Agir com incoerência
Destruindo subumanos
Pra sua subsistência

Que se defenda os gatinhos
Cachorros e passarinhos
Fontes de tanto lirismo

Mas o planeta quer mais
Pensem noutros animais
Vítimas do egoísmo!

Autor: Gilberto Cardoso dos Santos)