sábado, 30 de abril de 2016

O amor só acontece quando pisca a periquita - Gilberto Cardoso dos Santos


O mote foi adaptado de uma reflexão filosófica feita por doutora Maria Assunção Silva Medeiros e logo captado e sugerido a mim por sua colega Valdenides Cabral Dias.


A mulher é um vulcão
por um tempo adormecido
o homem mais enxerido
não provoca erupção
mas chega uma ocasião
em que tudo se agita
a mocinha fica aflita
a lava vermelha desce 
o amor só acontece
quando pisca a periquita.

O amor é a fumaça
duma erupção vulcânica
que tem sua base orgânica
Flecha que ao ser transpassa
Logo a natureza traça
uma atmosfera bonita
o corpo inteiro se excita
quando o amado aparece
o amor só acontece
quando pisca a periquita.

“Não desperteis o amor
Até que este o queira”
Diz a Bíblia conselheira
Através do pregador
A pétala ainda em flor
Que em seu botão dormita
Por si mesmo se arrebita
E o pólen oferece
O amor só acontece
Quando pisca a periquita.



segunda-feira, 25 de abril de 2016

OUTRO TIPO DE MADEIRA - Gilberto Cardoso dos Santos


Antigamente as mulheres
tinham razão pra canseira
tiravam feixes de lenha,
desciam morro e ladeira
Hoje elas são preguiçosas
querem levar, ansiosas,
outro tipo de madeira.

sábado, 23 de abril de 2016

MUITO MAIS: O POVO É QUEM PAGA A CONTA (Gilberto Cardoso dos Santos)


O poeta e amigo Zenóbio Oliveira Das Aguilhadas publicou o belíssimo poema 

DERROCADA:
Muito mais que sistema depravado,
Muito mais que mocinho ou que bandido,
Muito mais que comando indefinido,
Muito mais que o poder dilacerado.
Muito mais do que crime organizado,
Mais que perda de ética, de moral,
São sinais da mazela social,
Que devasta o país de ponta a ponta,
E é o povo por fim que paga a conta,
Dessa briga que o bem perdeu pro mal.
Inspirado por ele, fiz o seguinte:

MUITO MAIS: O POVO É QUEM PAGA A CONTA 

(Gilberto Cardoso dos Santos)

Muito mais do que brigas partidárias
Muito mais que mentira e hipocrisia
Delações, ilações, verborragia
Muito mais que opiniões contrárias
muito mais que mudanças temerárias
E extremismos da ala radical
Muito mais do que foro especial
Que não pune e a todos faz afronta
é o povo por fim que paga a conta
Dessa briga politica nacional.

Muito mais do que golpe, impedimentos,
Permanência ou saída do poder
Muito mais do que estamos a temer
Muito mais do que grampos, vazamentos
Muito mais que protestos violentos
Vandalismo, invasões, temor geral
Muito mais que notícia de jornal
Que espanta, confunde e desaponta
É o povo por fim quem paga a conta
Dessa briga politica nacional.

Muito mais que culpados e inocentes
Que o nome de Deus usado em vão
Muito mais do que a volta da inflação
E mudanças cruéis nas leis vigentes
Muito mais que juízes coniventes
Atuando no egrégio tribunal
Muito mais do que guerra sindical
Que a donos de empresa amedronta

É o povo por fim quem paga a conta
Dessa briga politica nacional.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

O ATAQUE DE LUIZ ALMIR AOS PROFESSORES - Gilberto Cardoso dos Santos


Um verdadeiro absurdo
Luiz Almir proferiu
à educação se fez surdo
contra a escola investiu
disse aos que o ouviam
que os professores latiam
mas foi ele quem latiu.

Este engolidor de esses
se expressou do modo errado
só vê as próprias benesses
foi muito mal educado
Defendeu com tirania
ideais da burguesia
feito um cão bem treinado.

Justiça condena secretário de Natal e mulher de Luiz Almir


O secretário de Relações Interinstitucionais e Governância Solidária de Natal,
Márcio Carlos Godeiro, e a pedagoga Berta Maria Cavalcanti Magalhães, mulher do
ex-deputado estadual Luiz Almir, foram condenados a 7 anos e 6 meses de prisão
e 108 dias de multa por desvio de dinheiro público. 
A decisão foi do juiz Ivanaldo Bezerra Ferreira dos Santos, da 8ª Vara Criminal.

Nos autos do processo, o juiz ressaltou que o desvio das verbas foi realizado para 
beneficiar a candidatura do então deputado Luís Almir. “Os motivos que guiaram os 
acusados no momento da ação delituosa foram não só econômicos, mas também 
políticos, consistente no intuito de obter indevida vantagem em prejuízo do erário 
e em favor da candidatura do então deputado Luís Almir”, diz a sentença.
Segundo o processo, os acusados desviaram verbas de um programa social do 
governo voltado para pessoas carentes, que visava prestar serviços médicos, 
odontológicos, educacionais, serviços de análises clínicas, trabalhos culturais, 
esportivos, cursos de informática e outros trabalhos sociais.  



terça-feira, 5 de abril de 2016

TOCANDO FOGO NA PERERECA - Gilberto Cardoso e Léo Medeiros





Gilberto Cardoso Dos Santos Adeus, perereca.

Leo Medeiros #

Pegando o mote, Gilberto
veja como a gente peca
carne crua já é boa
que dirá quando sapeca
a doida entrou no jogo

inventou de  tocar fogo
e adeus a perereca.




Gilberto Cardoso Dos Santos 

Tão talentosa ela é 
flexível qual boneca 
desce e sobe como quer
segura firme a peteca 
mas resolveu ir além
e fez o que não convém
com a própria perereca.

Leo Medeiros 

Essa menina se sabe
que tem jeito de sapeca
parece Cego Aderaldo
manejando uma rabeca
tirando verso da idéia
incendiando a plateia
com a própria perereca.



Gilberto Cardoso Dos Santos 

Vendo essa carne assando 
eu pensei numa bisteca
e no cabelo queimando
deixando a carne careca
depois disso ela chorou
acho que sangue jorrrou
da boca da perereca


Leo Medeiros 

A morena parecia
que estava na discoteca
descendo e subindo rápido
igualzinha uma marreca
cambaleou uma asa
e no fim deixou em brasa
a pobre da perereca.



Gilberto Cardoso Dos Santos 

Para se apresentar
Deram-lhe uma merreca
Ela podia dançar
Porém não ser tão moleca
evitar tal resultado
e ter muito mais cuidado
com fogo na perereca

Leo Medeiros 


A coitada estava em casa tirando uma doce soneca quando chegou o marido da falecida Rebeca chamando pra ir dançar jogar álcool e atear o fogo na perereca.

Gilberto Cardoso Dos Santos 

Ela fez um sacrifício
Semelhante ao povo asteca
Dominada por um vício
Que Freud explica e disseca
No altar se colocou
Com álcool e fogo tostou
A pobre da perereca.

Quando eu vi ela dançando
Já olhei para a munheca
Ao ver álcool derramando
Eu comecei dizer: “eca!”
Saí daquele palpite
Perdi todo o apetite
Com o cheiro da perereca

Léo à foto emoldurou
E pôs na pinacoteca
O anfíbio dela ficou
Parecendo uma moqueca
Tudo em nome do sucesso
Mesmo pondo em retrocesso

A pobre da perereca

Link do video:  

sábado, 2 de abril de 2016

ENTREVISTA EM VERSOS COM DALINHA CATUNDA - Gilberto Cardoso dos Santos

ENTREVISTADA: DALINHA CATUNDA (DC)  
ENTREVISTADOR: Gilberto Cardoso dos Santos (GCS)



GC: Cara Dalinha Catunda,
Poetisa e cordelista,
Quero, em forma de cordel,
Fazer-lhe esta entrevista
Rainha dos menestréis,
Fale-nos de seus cordéis
Esboce uma mini lista.


DCGilberto, caro poeta
Eu agradeço o convite
E fico lisonjeada
Com a proposta acredite
Vou puxar pela memória
E lhe contar minha história
Se a musa assim me permite.

Dos cordéis que escrevi
Bem mais de cinquenta são
O mais ilustre de todos
É a Invasão do Alemão
Tem pelejas virtuais
Até sobre animais
E o cordel do Lampião.

GCS: Como foi a sua infância?
Tem alguma formação?
Fale-nos de sua origem
Do que traz-lhe inspiração
A rimar, quando aprendeu?
Como se desenvolveu
Essa tão grande paixão?

DC: Tive uma infância feliz
menina do interior
Tomando banhos de rio
Vendo seca ou mata em flor
Foi vendo o cio dos bichos
Que aprendi sobre amor

Minha maior formação
Foi na escola da vida
Desde cedo eu já me achava
Menina muito sabida
Primário e ginasial
Eu fiz até o final
Pra depois pegar na lida

Meu pai foi comerciante
Dono de terras também
Minha mãe foi professora
E faz versos muito bem
De tronco tradicional
Saí da terra natal
Pois queria ir além.

Eu já nasci poetisa
E isso tenho certeza
Minha inspiração maior
Eu tiro da natureza
As regras eu aprendi
Com cada vate que li
Usando minha destreza.

Foi lendo Gonçalves Dias,
E Catulo da Paixão
Também Juvenal Galeno
Naqueles tempos de então
Que fiquei apaixonada
E percorri a estrada
Onde abrolha a criação

GCS: Qual é o lema de vida
Desta mulher inspirada?
O que espera alcançar
Em sua breve jornada?
Como se definiria?
E por que a poesia
A deixa tão animada? 

DC: É ter o meu pé no chão
E cabeça na poesia
Temperar a realidade
Com sonhos de cada dia.
É viver nesse universo
Me alimentando de verso
Sem ter medo da porfia.

Na arte de versejar
Eu sei que sou corajosa
Meu verso é apimentado
Sou vate de mote e glosa
Nunca corro da peleja
Meu sangue de sertaneja
É  que me faz orgulhosa.

A poesia me permite
Viver muitos personagens
Viver mundos diferentes
Fazer mais de mil viagens
A ser muitas me ensina
Por isso ela me fascina
Essas são suas vantagens.

GCSFale-nos sobre o cordel
E da tecnologia
Hoje há, na Internet,
Muito verso e cantoria
Há aspectos positivos
Também outros negativos?
O que você nos diria?

Hoje muita gente acha
Que sabe fazer cordel
Bota seus versos na rede
Mas a regra não é fiel
Pois cordel tem sua norma
E aquele que revoga
Não faz bonito papel.

É claro que a internet
Pro cordel facilitou
Hoje ele ganha mundo
E muito se alastrou
A peleja virtual
Tá na rede e é real
Muita gente aprovou.

GCS: Você tem uma cadeira
Dentro da ABLC
Como se deu sua entrada?
Quem que convidou você?
Você pensou que algum dia
Tanto sucesso faria
Como o que hoje se vê?

DC: Comecei a frequentar
A sede da Academia
E sempre nas plenárias
Declamava poesia
Doutor Willian então,
Ivamberto e Aragão
Deram-me a mordomia.

Não sei se faço sucesso
Mas atirada eu sou
Para onde me convidam
Eu digo logo que vou
Na rede sempre escrevendo
Assim fui aparecendo
Meu nome se propagou.

GCS: Dá pra viver de cordel
Neste chão continental
Onde o analfabetismo
Total ou funcional
Em todo lugar impera?
Acha que a mídia coopera
Para o bem ou para o mal?

DCCriar cordel para mim
Na realidade é prazer
Mas com certeza lhe digo
Dele não dá pra viver.
Na rede e televisão
A mídia tem dado a mão
No hora de promover.

GCS: Da tradição popular
Você é muito zelosa
Alguns cordéis atuais
Deixam você desgostosa
Têm sua reprovação.
“Rima, métrica e oração”
É uma coisa imperiosa?

DCA rima, oração e métrica
Temos que obedecer
Pra compor um bom cordel
O bardo tem que aprender
Mas em outra poesia
Sei que não precisaria
Poeta tem que saber.

Os meus primeiros cordéis
Confesso que são malfeitos
De tanto receber críticas
Procurei fazer perfeitos
Não estou livre de errar
Mas procuro acertar
E fazê-los sem defeitos.

GCS: Em todo e qualquer assunto
Há o sujeito linha-dura
Alguns pensam que o cordel
Tem que ter xilogravura
Você acha realmente,
Que uma capa diferente
Afeta a literatura?

DCPra quem já estudou capa
Do cordel literatura
Sabe que só bem depois
Chegou a xilogravura
Por isso posso dizer
De outros modos podem ser
Não desabona a cultura.

GCS: Cite alguns dos grandes nomes
Da cultura nordestina
Do passado ou do presente
Alguém que muito a fascina
Fale das recordações
Dos cordéis e das canções
Do seu tempo de menina.

DC: Leandro Gomes de Barros
Na arte se destacou
Além de escrever cordel
Ele também editou
Foi ele que no passado
Fez do cordel seu traçado
E nossa arte espalhou.

Eu sou fã do Patativa
E também do Zé da Luz
A poesia matuta
é coisa que me seduz.
Cantador Pedro Bandeira
E é Gonçalo Ferreira
Que ao bom cordel faz jus.

Quero homenagear
Um bardo do meu sertão
O seu nome é Gerardo
famoso Mello Mourão
Um poeta e escritor
E cantar em seu louvor
É preito de gratidão.

Dos meus tempos de criança
Lembro contos de Trancoso.
O Cordel que não esqueço
É o Pavão Misterioso
Gostava de pular corda
Cantiga era a de roda
Vivi um tempo gostoso.

GCS: Informe-nos finalmente
qual o seu nome real
o lugar em que nasceu,
se em zona urbana ou rural
se é solteira, casada,
viúva, mãe, namorada...
campo profissional.

DCEu sou Maria de Lourdes
Sou Catunda e Aragão
Nasci no meu Ceará
Ipueiras é meu chão
Uma pequena cidade
Onde vivi de verdade
E fica lá no sertão.

Eu tenho meu companheiro
Tenho dois filhos também
Eu sou só dona de casa
Não trabalho pra ninguém
Hoje só faço cordel
E vivo de aluguel
Acho eu que vivo bem.

Gilberto muito obrigada
Pelo sua entrevista
Sei que demorei um pouco
Mas era coisa prevista.
Metrificar e rimar
Responder e versejar
Se descuidar erra a pista.

GCS: Eu que agradeço, Dalinha,
pelas respostas que deu
tudo que nós perguntamos
com destreza respondeu
Que continue a brilhar
Na cultura popular


Com os dons que recebeu.



BIOGRAFIA
Maria de Lourdes Aragão Catunda,
Que tem suas obras assinadas como Dalinha Catunda, Nasceu na cidade de Ipueiras-Ce. Filha de Espedito Catunda de Pinho, E Maria Neuza Aragão Catunda, Além de escrever poesias contos e crônicas, Tem uma paixão especial pela cultura popular. Paixão essa que lhe rendeu uma cadeira na ABLC, Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Hoje ocupa a cadeira 25 que tem como patrono,O poeta Juvenal Galeno. Com trabalhos publicados nos Jornais: Diário do Nordeste, E no Jornal O Povo, jornais de grande circulação no Ceará, Segue sua trajetória transformando sentimentos em prosas e versos.
FONTE: http://www.valterpoeta.com/2009/11/homenageada-da-semana-20-2611-dalinha.html