terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ACERTO DE CONTAS - Gilberto Cardoso dos Santos

Em busca de uma imagem para ilustrar este texto, encontrei a seguinte, seguida da explicação "POLÍCIA DIZ QUE FOI ACERTO DE CONTAS"

"Foi acerto de contas."
Com essa expressão, dá-se explicação para crimes praticados por jovens mal escolarizados, pouco hábeis com cálculos matemáticos, exterminadores de outros que não aprenderam a calcular bem as consequências de seus atos.
Acerto de contas? Pergunto-me. Que somas e multiplicações malucas são essas que resultam em subtração de vidas? Chama-se acerto ao que na prática é um desacerto.
Juros exorbitantes, decerto. Pagamentos imorais.
Essa ideia de "pagar" pelos erros com a própria vida é bem antiga. Tem raízes bíblicas. Se no passado foi fonte de tantos prejuízos para a humanidade, imagine hoje em que há tão grande inversão de valores e a vida vale tão pouco.
Quando se "acerta" uma conta passa-se de cobrador a devedor. E agora, como saudar o débito com a Justiça e com a família do que pagou à força, daquele que saudou a conta com o que tinha de mais precioso? Bem, contas vão sendo pagas e outras vão sendo criadas.
O "perdoai as nossa dívidas", criado para o cotidiano acerto de contas com Deus, precisa agora ser dirigido a seres humanos desumanos e autodivinizados (feitos deuses, digo, por se acharem no direito de dar cabo à vida).
Enquanto houver tais acertos, viveremos em meio a desacertos.
Tal matemática não é exata. O saldo devedor, quando debitado, sempre ficará aquém do resultado pretendido.
Tal expressão "acerto de conta", tem o dom de manter na calma a sociedade. "Foi acerto de contas? Ah, tá." A explicação é mais que suficiente. Cobradores e devedores que se entendam. Decerto havia droga na história... ah! com certeza. Briga de gangues. Era um ladrãozim. Tinha mais jeito não. Policiais em pequeno número, desvalorizados e despreparados para enfrentar a criminalidade crescente, tentam, sem perder a compostura, dar algum consolo aos familiares chorosos. No fundo, porém, suspiram aliviados com um a menos para lhes dar trabalho.
"Eles não somam", diriam alguns. São parcelas insignificantes. Todos têm consciência de que o resultado desta conta não está certo, mas os fins justificam os meios.
Desse modo, o descaso social, a corrupção política e a falta de investimentos vão permitindo a matemática macabra, deixando que vidas sejam subtraídas. De modo algum isso incomodará a sociedade, desde que no final se descubra que se tratou apenas de mais um acerto de contas.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

IGREJA DA MATRIZ - Gilberto Cardoso dos Santos


Igreja da Matriz
reduto de crianças
oásis de esperanças
de um povo infeliz

Gigante imponente
dedão arquitetônico
mostrando-nos, lacônico,
um mundo diferente.

Destaque na paisagem
reinante em imponência
gerando reverência
num povo de passagem...

vão-se as gerações
e as gerações vindouras
no espaço que tu douras
te enchem de orações.

Jamais te faltarão
as vozes piedosas
de mulheres idosas
clamando em oração

Jamais há de faltar
o riso de garotos
ainda tenros brotos
entregues ao altar

a tua umidade
de lágrimas e batismos
fertiliza os abismos
da subjetividade.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

PRESEPADAS DO CAPETA NO SHOW DA FÉ - G. C. dos Santos


       ORIGEM DA FOTO: BLOG DO WASHINGTON GERALDO CARDOSO


Eu, G.C. dos Santos, estive no Show da Fé de Romildo Ribeiro Soares, ocorrido em 2011 no Ginásio Marcílio Furtado. Como poderia deixar de ver, ainda que movido por curiosidade e não por fé, o show daquele que figurou nas páginas da Veja como o homem que mais aparece na TV e que, pela primeira vez, se achava entre nós? Visto de perto e sem o auxílio das estratégias de filmagem, pareceu-me menor e menos imponente.

Quando entrei, ele ainda não se achava no palco. Um outro pastor tentava estimular a generosidade dos fiéis vendendo dvds que falam da importância de contribuir com a obra de Deus, uma contribuição que gera contribuição. "Vinte reais", dizia ele, e gracejou: "Se você não tiver uma nota de vinte, não tem problema. Nós aceitamos duas de dez." Naquele clima de bom-humor, abriam-se os sorrisos e os bolsos.
Quando Romildo assumiu o palco, houve um verdadeiro frenesi. Esperto e já experimentado no contato com aqueles que o veem como um embaixador do céu, iniciou com uma seção de fotos para, em seguida, com os ânimos mais acalmados, iniciar sua conversa com a plateia. Conversa, digo, porque ele fala com todos como se falasse apenas com um. É de uma naturalidade impressionante. Com muita facilidade consegue penetrar nas almas e bolsos dos fieis.
Isto é o que entendidos em oratória chamam de técnica de dissolver multidões. Jesus a teria usado no episódio em que quiseram apedrejar

a pecadora. O indivíduo, antes de sentir-se parte do grupo, está a ouvir o missionário em tom quase confidencial, coloquial, como se fossem amigos há longo tempo, conversando a sós. Além disso, ele não cansa o ouvinte com sermões longos. Entre uma reflexão e outra, faz apelos de caráter financeiro.

Autoridades municipais estiveram presentes no palco com ele. Pediu que pusessem a mão na cabeça e ordenou em oração que todos seus pecados fossem perdoados; todas as enfermidades foram repreendidas; tumores receberam ordem para se retirar de imediato. Caso tenha valido a prece, saíram completamente limpos, reciclados, saudáveis, prontos para liderar o povo.

Mas algo triste, dissonante, ocorreu. Uma mulher endemoninhada começou a gritar e a esbravejar na entrada do ginásio. O missionário, ao invés de libertá-la, delegou a responsabilidade a obreiros locais. A atenção no ginásio ficou dividida entre o missionário e a possessa. Optei pela mulher, que se contorcia toda e rangia os dentes.
Em vão, pastores, obreiros e obreiras tentaram expulsar o intruso. Às vezes ele parecia sair - ou saía - mas logo retornava com todo gás. Fiquei bem próximo, acompanhando tudo. Não detectei qualquer sinal de fingimento na mulher. Se era farsa, estávamos diante de uma atriz perfeita, digna da Record. Parecia algo bem real. Vi o suor escorrendo dos obreiros e obreiras, a humilhação diante da multidão, a ineficácia de suas preces e gritos. Uma obreira da Assembléia gritou a plenos pulmões no ouvido da mulher, mas o demônio parecia surdo.
A indiferença de Romildo diante daquela cena grotesca também me chamou a atenção. Pôs-se a cantar com a multidão, como a querer abafar os sonidos horrorosos que a possessa emitia. Não pediu que a trouxessem até ele nem foi ao seu encontro. O tempo se arrastava e o milagre não acontecia. Romildo pediu que fechassem os olhos enquanto um outro pastor oraria e, como sempre ocorre em suas palestras, saiu de fininho do palco durante a oração. Quando os irmãos disseram amém e abriram os olhos, o homem havia desaparecido!

Uma criança, filha desta mulher, chorava em meio ao burburinho. Doeu-me ver tudo aquilo, a mulher exposta ao ridículo, às vezes semidesnuda, jogada ao solo, protagonizando um vexame que parecia interminável.
Como já passasse do meio-dia, precisei retirar-me. Saí, mas o demônio ficou.

Na manhã seguinte, encontrei um ex-gay, hoje convertido ao pentecostalismo, que estivera no evento, e troquei com ele algumas palavras:
- O que achou do culto de ontem?

- A-do-rei! Foi uma ma-ra-vi-lha! O missionário tem muita unção, não é?
- (...) E o demônio que estava naquela mulher, saiu?
- Saiu não, professor. Quer dizer... saía, mas voltava. Eu acho que aquela mulher já esteve envolvida com catimbó, tem o corpo preso. Antes de ser crente tem que levar ela no centro espírita pra quebrar as correntes.
Depois vi na TV, no canal da denominação, a gravação desse culto. Quantas bênçãos foram mostradas! Naturalmente não iriam passar tudo que ali ocorreu, mas só o que interessava à fé.
Uma das coisas que gostaria de ter visto e não ví foi esse episódio com a endemoninhada.

domingo, 15 de janeiro de 2012

ENTREVISTA COM A POETISA SIRLIA SOUZA DE LIMA - EDUCADORA, POETISA E MEMBRO DA ANLIC


Sírlia Sousa de Lima é Pedagoga, Especialista em Educação Infantil e descobriu nos versos do cordel uma maneira de encantar e ressignificar a leitura literária por meio de obras inéditas e releitura de clássicos em versão de cordel.

Como Educadora Infantil do Município de Natal, fez de sua sala de aula um verdadeiro laboratório onde os alunos do CMEI padre Sabino Gentille, seus maiores inspiradores além dos Professores e alunos da Rede pública de Natal que incentivam os escritores de nossa terra valorizando a cultura Potiguar.

GILBERTO: Olá, poetisa, Sirlia:  

Conforme sugeriu, disponho-me a ouvir os demais membros da ANLIC.

Fale-nos sobre sua pessoa, obras e trabalhos que desenvolve.

SIRLIA:   Sou Educadora por vocação, poeta por inspiração, nasci em Mossoró, tendo vindo para Natal ainda criança, minha história com a educação começou  quando cursei o Ensino Médio optando pelo Magistério, uma tendência das mulheres da minha família por  parte de mãe,daí fui me apaixonando pela profissão e até hoje não me reconheço em outra, mesmo diante de tantas dificuldades.Casei- me aos 16 anos e dei uma pausa nos estudos devido as dificuldades da época, fui mãe aos 17 anos ,no ano de 1984, época da hiperinflação, desemprego, etc. Tive que viajar para outro Estado em busca de dias melhores, passei 2 anos no Estado de Rondônia e acabei voltando com meu esposo e já com a segunda filha  para Natal, na volta tudo foi mais fácil, encontramos emprego rápido e tudo foi se organizando. Quando volto a Natal  2 anos depois, engravido da minha terceira filha, aí já viu... Tive que adiar a minha carreira por um tempo, embora nunca perdesse o hábito de estar sempre em busca do conhecimento. Aos 38 anos fui aprovada para o curso de Pedagogia no Vestibular da UFRN e hoje já concluí uma Especialização Em educação Infantil, Já Atuo há 3 anos enquanto Educadora Infantil, concursada pelo município de Natal.Tenho Um Projeto Literário em que atuo em outras escolas disseminando a literatura de cordel e despertando o prazer pela leitura, para pessoas de todas as idades, visto que tenho produções para todas as modalidades de ensino. Meu Projeto é: Projeto Bem Te Vi: Inspirando leitores e promovendo talentos da literatura de cordel nas  Escolas.  Consiste em trabalhar textos temáticos utilizando a literatura de cordel, para interpretá-los, recriá-los, e produzir também capas desses cordéis, assim como deixar os alunos livres para produzir suas criações. Fazemos uma seleção e o melhor trabalho da turma é publicado e esse aluno ganha um premio educativo, simbólico, visto que o projeto é realizado com recursos próprios. Este ano, mais feliz ainda porque vou completar trinta anos de casamento com o homem que a cada dia me faz sentir amada e o qual eu amo sempre mais a cada dia, digo sempre que ao lado dele eu “Começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor...”


GILBERTO: Como e quando se deu seu despertar para a poesia e para a importância da leitura?


SIRLIA:   Quando fui aprovada para o  concurso de Educadora Infantil do Município de Natal e toda a minha experiência relacionada com a prática de ensino era com o Ensino Fundamental, ainda na UFRN, em 2008, comecei a produzir textos em cordel , o que se tornou uma paixão pessoal, a qual eu conduzi para a vertente da Educação e tem sido um sucesso.Produzi em meu espaço educativo cordéis, livros ilustrados com texto em cordel que aguçou a imaginação e o prazer das crianças.Tanto é que meu trabalho ultrapassou os muros de minha escola e se disseminou por Natal e pouco a pouco No Rio Grande do Norte, Recebi um email da Diretora de uma Rede particular de Brasília, agradecendo por minhas criações infantis, afirmando ela que meus textos estão sendo trabalhados em todas as escolas dessa rede, é isto o que me deixa feliz, saber que o que produzo, está provocando o leitor de alguma forma.

GILBERTO: Qual a importância da Literatura de Cordel para os dias atuais?

SIRLIA:   Considero a literatura de cordel,um gênero literário maravilhoso, simples de compreender , rico de musicalidade, rima, métrica, além de ser um veículo de informação de baixo custo onde assim como em outros gêneros literários, você pode encontrar textos com boa qualidade, ou de baixa qualidade.

GILBERTO: Cite nomes de alguns cordelistas a quem admira ou que exercem influência sobre seu estilo. Quais os melhores cordéis que já leu?


SIRLIA: Gosto muito do Poeta José Saldanha, do Antonio Francisco, e daqueles cordéis tracionais: Coco verde Melancia, Pavão Misterioso de José Camelo de Melo Rezende, aqui no RN  gosto do Boquinha de mel entre tantos outros. O que mais me influencia é a apaixonante obra de Patativa de Assaré, gosto muito de escrever obras de cunho sócio político e o meu pensamento se converge com o de Patativa em alguns momentos.
 
GILBERTO: Fale-nos um pouco como ocorreu a criação da ANLIC e quais os critérios de escolha que permitiram a você assumir uma das cadeiras.

SIRLIA:   Surgiu por meio da Luta de diversos poetas norteriograndenses entre eles o nosso poeta amigo de tantas parcerias, o Hélio Gomes, do qual fui parceira do Projeto Cordel No Shopping por 2 anos.Não foi feita assim, na correria não, Tivemos muitas reuniões, todas com atas, registrando tudo o que foi votado e aceito por todos de forma democrática. Inclusive ontem, houve reunião e foram relidas todas as atas das reuniões anteriores, onde todas as afirmações que o Poeta deu, se contradizem pelas provas documentais. Digo mais, achamos precipitada a sua saída e todos foram unânimes em solicitar a sua volta, estavam pensando em fazer abaixo assinado. Quanto aos critérios, foi lido um documento sobre estes critérios, resumindo os acadêmicos tem que ter algum elo com a literatura de cordel, seja como produtor de texto, xilogravurista, em meu caso foi o trabalho com o cordel voltado para a educação, onde já tenho mais de 10 livros e por volta de 150 textos em cordel todos produzidos de 2008 até agora. Meus textos se encontram no Recanto das Letras, visite! (Sírlia Lima - Textos - Recanto das Letras )

GILBERTO: Após ler a ENTREVISTA COM POETA HÉLIO GOMES você sugeriu que eu buscasse ouvir outros membros da ANLIC. Qual sua versão para os fatos ocorridos, que redundaram na renúncia do vice-presidente? Como e quando teve início essa discórdia? Particularmente você tem alguma ressalva quanto ao Projeto Cordel no Shopping?

SIRLIA:   Vou começar falando do Cordel no Shopping, este projeto, causou  inveja em algumas pessoas do meio da poesia, que ficavam paradas no tempo, quando viram o sucesso do Cordel no Shopping, começaram a criticar, isso é normal, faz parte em todos os setores, Funcionava assim, convidávamos poetas para declamarem, convidamos atrações musicais, para não tornar o evento cansativo. Eu já levei por diversas vezes amigos meus músicos de qualidade, para difundir cultura, o Hélio sempre pensava num tema e lá fazíamos lançamentos de cordéis, os alunos premiados do meu Projeto participavam do Evento, era lindo...
Como você já sabe a nossa Academia, é recém criada, ainda temos que dar muitos passos, foi acertado que no mês de março os Patronos da Academia, foi então que soube que  O Hélio iria homenagear os patronos no Cordel no Shopping, nada contra porém deveríamos deixar que a Academia fizesse isto em primeiro lugar,afinal o Cordel no Shopping já é um sucesso e temos tantos outros temas para abordar. Quanto ao Cordel no Shopping é como eu já disse um Projeto muito bom!

GILBERTO: Que espera dos demais membros, para evitar que tais discórdias venham a se repetir?

SIRLIA:   Ontem na reunião conversamos sobre tudo isto, e vamos até criar uma comissão de ética para que não ocorra mais desagravos dessa natureza.Todos  que quiseram se expressar tiveram oportunidade e todos quase numa só voz ,querem o Bem da Academia e que a paz  possa prevalecer.

GILBERTO: Quais as maiores dificuldades enfrentadas por essa recém-nascida instituição?

SIRLIA:  As dificuldades são as de todas as instituições culturais, que iniciam, processos naturais como formalização da Instituição, criação de documentos, vamos aprendendo a cada dia.

GILBERTO: Brinde-nos com uma poesia de sua autoria.

SIRLIA:  Produzi este na semana passada, já em 2012!

Bullying: Chega de dor, cultive o amor!

Sírlia Sousa de Lima



É duro ver as pessoas

Tristes, sentindo dor

Tudo sendo provocado

Pela falta de amor

Que destrói a humanidade

E tem causado tanto horror



Bullying  se origina

Do inglês a expressão

Derivação do bully

Tirinete ou valentão

Utiliza-se da violência

E da intimidação



Quem pratica Bullying

Age com truculência

E é considerado

Agente da violência

É um agressor barato

Da vítima não tem clemência



O Bullying está em todas

Tudo pode acontecer

Ninguém tem tranqüilidade

Corre o risco de morrer

Por causa da intolerância

E por questões de poder



A sociedade quer dar um basta

Nessa forma de cinismo

Não pode mais calar

Ajudando o banditismo

Porque quem cala consente

Vive a beira do abismo



As formas de agressão

Não seguem uma lógica

Pode ser violência física

E também psicológica

Também cometem homicídios

Chegando a ser patológica



Às vezes tudo começa

De uma simples brincadeira

Vai ferindo os sentimentos

Falando muita asneira

Chamando atenção para si

Com o amigo faz zoeira



Na escola o professor

Tem papel especial

Deve ser defensor

Combater esse mal

Menina de perna fina

É“Canela de pardal!”



Moça bonita é sereia

As negras não têm lugar

A não ser para serem cobaias

Motivo de  chacoalhar

Moça gorda é baleia

Usam animal para comparar



As mulheres com bichos

Sofrem comparação

Muitas são tidas por cadela

No Funk a exposição

Degradando a mulher

Que não faz reflexão



Ouvem o lixo cultural

Que vem dessa expressão

Desmerecendo a mulher

Delas tendo a permissão

Deixando-as no subsolo

Da desmoralização



Ao invés de combater

Muitas delas sem noção

Vão cantando essas músicas

Requebrando até o chão

Recebendo incentivo

Da mídia, da televisão



Considerada como objeto

Mulher é preferencial

Seus corpos são expostos

No close do comercial

Hoje a mulher virou produto

Muito barato e banal



É preciso reagir

E impor nosso respeito

Como podem nos respeitar

Se não agirmos direito?

Devemos usar a cabeça

Não o silicone do peito



Só querem ser cachorras

E depois vão reclamar

Quando seus pitibus

Querem lhes acorrentar

Vão levando bordoadas

E se põem a chorar



Eu já sofri o  Bullying

Como educadora reflito

Tão magra eu era chamada

De “Olívia Palito”

Eu era intimidada

Hoje eu lanço esse grito



Ninguém mais ouve cantiga

Do tengo telengo tengo

Hoje os brinquedos são armas

Como vimos em realengo

Ou em briga de torcidas

Seja Corinthians ou Flamengo



Meu colega por ser negro

Sofria humilhação

“Picolé de petróleo”

Era essa a expressão

Para se dirigir a ele

Não tinham contemplação



Em qualquer lugar

O Bullying se faz presente

Os pais comparam os filhos

Tem sempre um que sente

Que ninguém é igual

Cada filho é diferente



Outros pais constrangem

Falam coisas sem pensar

Que a vida do filho

Para sempre irá marcar

Sempre bons exemplos

Transformam o educar



Tem pais que tratam os filhos

De forma bem ausente

Põem a culpa no trabalho

Se mantendo indiferente

Não importa o vazio

Que o seu filho sente



Têm outros que tratam os filhos

Como galos na rinha

Incentivando as brigas

Para mantê-lo na linha

De futuro agressor

Que educação mesquinha



As tragédias se sucedem

Pela morbidade social

Que perdeu as rédeas

Da educação geral

Em casa ou na escola

O Bullying é um grande mal



Conclamo a todos

A sociedade em geral

Vamos disseminar o amor

O Bullying é visceral

Ou então voltaremos

A era medieval

GILBERTO: Quais seus projetos pessoais e como membro da ANLIC para 2012 e anos vindouros?

SIRLIA:   Como Membro da ANLIC e como educadora e poetisa que sou só peço  a Deus, sapiência, paciência e prudência para que eu possa continuar desenvolvendo meu trabalho com o respeito e o carinho que recebo dos colegas poetas, dos professores  e alunos do Rio Grande do Rio Grande do Norte,especialmente os de Natal com quem atuo de maneira mais próxima.

GILBERTO: Deixe-nos suas palavras finais e  um texto para reflexão.

Espero que a poesia
A paz ao outro emita
Quem tem amor não se irrita
Se ferir ao outro reflita
Pelo amor de Deus
E também de Santa Rita