segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O Paraíso de Santa Cruz - Gilberto Cardoso dos Santos

Eis algumas estrofes do meu cordel O Paraíso de Santa Cruz:

No cordel do Paraíso
que pela verdade prima
além de produzir arte
quero algo além da rima:
contribuir de algum modo
pra erguer a autoestima

A autoestima de um bairro
que possui grande valor
e não tem razão alguma
pra sentir-se inferior
de um povo hospitaleiro
honesto e trabalhador.


Belo é o nome do bairro
ao qual faço apologia
Quem colocou esse nome
certamente possuía
intenções de ver seu povo
vivendo em grande harmonia!

No princípio pertencia
esse torrão nordestino
a um homem conhecido
como Pedro Severino
e ali Wilson cresceu
como um fogoso menino

Nesse tempo o Paraíso
esse nome merecia
não existiam drogados
violência não se via
um paraíso terrestre
era o que parecia

Depois, porém que cresceu
muita coisa foi mudando
mas era de se esperar
pois o tempo foi passando
gente vinda de outras partes
foi ali se aglomerando

Apesar dessa mudança
que criou um certo trauma
há muita gente de bem
com o paraíso na alma
que traz a esse lugar
o aconchego e a calma

Se criou em Santa Cruz
um certo mal-entendido
alguém diz: “No Paraíso
Só mora pobre e bandido”
Porém não há fundamento
pra esse dito atrevido.

Há gente de condições
no Paraíso morando
Se dali nunca se mudam
é porque vivem gostando
E há muita gente do centro
que enriqueceu roubando

Vez por outra, pelas ruas
eu escuto algum cochicho
Alguém diz: “No Paraíso
não há gente, só tem bicho”
passa alguém do Paraíso
e é olhado como lixo

Em 1930
É bom que você entenda
o bairro do Paraíso
era uma grande fazenda
aí, sim, havia bicho
mas hoje há gente de prenda!

Pelo rio Trairi
Então era separado
precisava-se de balsa
pra chegar ao outro lado
fez-se a ponte mas o orgulho
ainda o deixa isolado!

O mundo tem que mudar
chega de tanto bairrismo
estamos na mesma balsa
não há razões pra racismo
Valorize o ser humano
abaixo  todo egoísmo!

[...]


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