Imaginei um enterro para o senhor Tota Branco totalmente diferente do que costumamos ver. Um enterro parecido com os daquelas culturas em que se celebra a morte como instante de alegria.
Poetas de várias partes, afamados violeiros a quem ele ajudou, cantariam com eloquência e encantador improviso a importância de sua vida e o muito que ele fez pra promover a cultura.
As violas carpideiras, chorariam pelo povo, porém um choro gozoso, nascido da poesia.
Seria um dia de canto na cidade do Japi, e a maior cantoria que ali poderia haver.
De longe se ouviria poemas que apreciava. Muita gente correria seduzida pelo canto para se fazer presente nessa bela despedida.
Uma atmosfera sagrada invadiria a cidade e lágrimas brotariam do olhar da multidão.
No centro, o velho poeta, cercado por tanta gente, liberto das muitas dores, pareceria sorrir ante tão grande homenagem.
Os artistas da cidade e os poetas da família tomariam, de mãos dadas, o propósito de manter acesa pra sempre a chama que ele tanto protegeu. A cultura popular então ressuscitaria com todo aquele vigor que já teve no passado.
Seria com este séquito inebriado de versos que ele entraria pra sempre num lugar onde o silêncio é pleno de poesia.
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