sexta-feira, 22 de abril de 2011

Gregório de Mattos e o plágio




Buscando o Cristo Crucificado um Pecador com Verdadeiro Arrependimento


A vós correndo vou, braços sagrados,

Nessa cruz sacrossanta descobertos,

Que, para receber-me, estais abertos,

E, por não castigar-me, estais cravados.


A vós, divinos olhos, eclipsados

De tanto sangue e lágrimas cobertos,

Pois, para perdoar-me, estais despertos,

E, por não condenar-me, estais fechados.


A vós, pregados pés, por não deixar-me,

A vós, sangue vertido, para ungir-me,

A vós, cabeça baixa, pra chamar-me.


A vós, lado patente, quero unir-me,

A vós, cravos preciosos, quero atar-me,

Para ficar unido, atado e firme.


Comentário meu:

Disseram que Gregório arrependeu-se
dos versos infernais que produziu
e um soneto ao Cristo dirigiu
quando ao final da vida converteu-se
Mas na verdade o que aconteceu
É que Gregório fama recebeu
por versos que não têm sua autoria
Doutor Manoel da Nóbrega é o autor
deste soneto cheio de esplendor
exemplo de excelente poesia.

Até mesmo suas sátiras famosas
a outros vates são atribuídas
algumas são de obras traduzidas
ou são derivações capciosas
Padre Lourenço o repreendeu
em uma sátira que escreveu
expondo alguns dos vergonhosos fatos
mas este texto que o denuncia
muitos afirmam ser da autoria
do acusado: Gregório de Mattos!

Resposta do Padre Lourenço contra o Dr Gregorio de Mattos e Guerra.

Satyra


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Doutor Gregorio gadanha,

Pirata do verço alheyo

Callo, que ao mundo tem cheyo

De Satyras, e patranha:

Ja se conheceo a maranha

Das Poezias que vendes

Por tuas, quanto as pertendes

Traduzir de castelhano,

Naõ te envergonhas magano?

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Cuida o mundo, que são tuas

As Satyras, que accomodas

Inda que o que vendo a todas

Pode chamar obras suas:

Os rapazes pellas ruas

O andão publicando ja,

E o mundo vaya dedà

Quando vê tal desengano,

Naõ te envergonhas magano?

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O soneto que mandaste

Ao Arcebispo elegante

Do de Gongora ao Infante

Ao Cardeal lho furtastes:

Naõ sey como te chamaste

O mestre da Poezia

Furtando mais em hum dia

Que mil ladrões em hum anno.

Naõ te envergonhas mangano?

.....................................................

Falla de ti que so tens

Que fallar de ti Gregorio

A todo o mundo he notorio,

Que tens males, e naõ bens:

Naõ queiras por te aos itens

Com quem sobre castigar te

Sey hade esbofetearte,

E com este desengano

Naõ te envergonhas magano?

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