sábado, 17 de novembro de 2012

ENTREVISTA EM VERSOS COM ADEMAR MACEDO




GILBERTO:
Quero aqui entrevistar
de um jeito inovador
nosso poeta Ademar
excelente trovador
um homem bem conhecido
elogiado e querido
digno de qualquer louvor.


ADEMAR:
Eis aqui o Trovador,
pode passar em revista,
pergunte e responderei
mesmo sem ser repentista;
não minto nem por dinheiro...
Serei puro e verdadeiro
respondendo essa entrevista! 

GILBERTO:
Diga-nos como surgiu
seu amor à poesia
trace de si um perfil
e minibiografia
fale-nos de seu passado
daquilo que for lembrado
com toda sua alegria.


ADEMAR:
Trouxe o vírus da Poesia
no coração e na mente,
herdei o dom do meu Pai
um Poeta consciente;
mas eu com a verve inquieta,
só me descobri Poeta
depois do meu acidente.

GILBERTO:
Fale-nos do acidente
como tudo aconteceu
tudo mudou de repente
quando uma perna perdeu?
Qual foi a grande lição
e qual a transformação
que em sua vida se deu?

ADEMAR:
Foi triste o que aconteceu,
mas tendo Fé em Jesus,
comecei a caminhar
mesmo sem seguir à Luz...
Sem a Deus obedecer,
tornei de novo a beber,
pondo mais pregos na Cruz.

GILBERTO:
Até que ponto o marcou
esse acidente terrível?
Por acaso isso afetou
sua fé no invisível?
Ver a mão do onipotente
neste cruel acidente
seria isto cabível?

ADEMAR:
Foi um recado invisível
que o “Pai” mandou para mim,
eu sem querer entender,
vivia no botequim;
bebendo muito e fumando
como estivesse esperando
a qualquer hora o meu Fim.

GILBERTO:
Fale-nos daquela obra
"...E Da dor se Fez Poesia"
livro que mostra de sobra
sua íntima agonia
mas tudo com bom humor
pois trata de sua dor
com leveza e maestria.

ADEMAR:
...E da Dor se fez Poesia,
 foi a primeira vitória,
Macedo, meu protetor
que hoje já está na Glória
coordenou e deu-me alento
no dia do “lançamento”
eu vi mudar minha história.

GILBERTO:
Você é bem conhecido
como um grande trovador
e prêmios tem recebido
com merecido louvor
nos dê aqui uma prova
e explique o que é a trova
para o querido leitor.

ADEMAR:
Numa trova, o Trovador
abrange mil universos,
com inspiração e estudo
nos temas, os mais dispersos,
diz na Trova, simplesmente,
tudo aquilo que ele sente
em apenas quatro versos!

GILBERTO:
Qual foi a trova mais linda
que você já escreveu?
Mostre para nós ainda
qual a mais bela que leu
cite um caso interessante
alguma coisa marcante
que já lhe aconteceu.

ADEMAR:
(A mais triste solidão
que os seres humanos tem,
é abrir o seu coração,
olhar...e não ver ninguém!)

ADEMAR:
Tem muitas outras também,
das quais me fiz vencedor,
retratando o meu sertão,
sua luta e o seu labor,
sem esquecer, na verdade
minha trovas de saudade,
escritas com muito amor!

GILBERTO:
Com um poeta sem braço
você certa vez "brigou"
e de seu lado palhaço
bela sextilha brotou
deixando o outro sem voz
depois recite pra nós
a estrofe que criou.

ADEMAR: Fiz essa Sextilha:)
(Hoje eu conheci o Lula
e nele dei um Abraço,
eu faço o que ele não faz
e ele faz o que eu não faço;
pois eu só tenho uma perna
e ele só tem um braço! )

GILBERTO:
O que é a poesia
para o poeta Ademar?
e qual é a serventia
da cultura popular?
nos diga de modo franco
se gosta de verso branco
ou se deixa a desejar.

ADEMAR:
Não gosto de comentar
os versos que eu não faria,
mas como bom nordestino
não vou fugir neste dia
do verso livre em questão;
tem que ter muita emoção,
história, enredo e Poesia!

GILBERTO:
Cite nomes de artistas
aos quais dá grande valor
cantadores, cordelistas
ou seja lá o que for
e pra fechar o pacote
cite-nos um belo mote,
algo cheio de esplendor.

ADEMAR:
Eu tenho o meu cantador,
Violeiro e nordestino:
Geraldo Amâncio Pereira
do repente, um paladino;
e, Poeta novo e brilhante
tem o Manoel Cavalcante
“O Meu Poeta-Menino” !!!

ADEMAR:
Quanto ao seu mote pedido,
fiz um “verso” que eu me amarro;
o Mote é do “Conhecido’:
Doutor Zé Lucas de “Barro”...)

“QUER MATAR UM POETA, MATE O SONHO
QUE O POETA SEM SONHO SE LIQUIDA...”

Se você quer ferir a natureza
é bastante atirar num beija-flor,
ou matar um poeta cantador
para encher o nordeste de tristeza;
o sertão perderá sua beleza,
nascerá no seu peito uma ferida,
ficará no sertão por toda vida
lembranças desse crime tão medonho;
“quer matar um poeta, mate o sonho,
que o poeta sem sonho se liquida...”

GILBERTO:
Qual é a filosofia
de vida de ADEMAR?
como é seu dia a dia
e com que vive a sonhar?
cite alguns ensinamentos
provérbios ou pensamentos
que gosta de observar.

ADEMAR:
Não deixar nunca de AMAR,
é minha filosofia...
Aos amigos, meus irmãos,
e aos meus fãs na Poesia.
Amar e dar mais afetos
a Dalva, filhos e netos
e amar a Deus todo dia!

GILBERTO:
Fale-nos de seus labores
e projetos culturais
e antes de dar aos leitores
suas palavras finais
recite-nos um poema
que sirva como emblema
aos poetas atuais.

ADEMAR: CONSIDERAÇÕES FINAIS :

Quase Todo mundo já sabe que eu estou enfrentando um dilema na minha Vida; estou completamente entregue nas “Mãos Santas de Deus”...São quatro edemas no Cérebro, advindos de um Câncer que eu tive há seis anos no Intestino.  No Entanto... “Para DEUS, Nada é Impossível”.

ADEMAR: (Um Poemeto em Trovas:)

FONTE DE POESIA:
Envolto em minha Poesia,
num devaneio sem fim;
vivo hoje uma fantasia
que eu mesmo inventei pra mim!
No momento em que eu nascia,
Deus, usando o seu poder,
pôs o vírus da poesia
nas entranhas do meu ser.
Envolto em um acalanto
que a natureza me envia,
eu fiz do meu verso um manto 
com retalhos de poesia.
O Deus que fez lago e monte,
que fez céu, mar, noite e dia,
fez do Poeta uma fonte
por onde jorra Poesia...! 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A MAIOR PROVA DE AMOR AOS ANIMAIS - Gilberto Cardoso dos Santos




Fala-se muito em amar os bichos, aqueles a quem São Francisco chamava de irmãos. Eu e você ficamos horrorizados quando vemos alguém maltratando algum deles. Um amigo meu já se meteu em grande confusão ao tentar defender um gato que estava sendo chutado numa praça em Santa Cruz.
Disse o filósofo Schopenhauer:

"A compaixão pelos animais 
está intimamente ligada a bondade de caráter, 
e quem é cruel com os animais 
não pode ser um bom homem."


Creio que todos concordamos com ele. Todavia, nossa prática pode estar contradizendo tudo isso. 
Há uma maneira radical e altamente benéfica a nós e ao planeta de demonstrarmos verdadeiro amor a todos os bichos. Dedique dez minutinhos de seu tempo a ver o vídeo abaixo e descubra como. Depois, sinta-se à vontade para ratificar ou retificar o que aqui está sendo dito.


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

UM GAROTO CHAMADO RORBERTO - Gilberto Cardoso dos Santos


Reflexões sobre o livro Um garoto chamado Rorberto,  de Gabriel o Pensador.

   O livro Um garoto chamado Rorberto contém a história de um menino cuja vida tinha fortes motivos para não dar certo. Filho de pais pobres e analfabetos, recebeu um nome “errado”, esdrúxulo; além disso, nasceu com anomalia em uma das mãos – um dedo a mais. À medida que vai se tornando cônscio de suas imperfeições – principalmente do dedo a mais - passa a temer o não ser aceito pelo grupo e busca ocultar seu problema.
    O que vemos, porém, é que nenhum de seus temores vem a se concretizar. A partir de uma abordagem correta dos problemas por parte da professora, o grupo passa a ver razões para admirá-lo e a desejá-lo na turma. Não veio a se tornar alvo de bullying. Encontra razões para aceitar suas próprias diferenças e até a vê-las como qualidades.
    A ideia de que o pensamento infantil tem estreita ligação com a poesia e mantém similitudes com o pensamento selvagem – tema que foi objeto do ensaio de José Paulo Paes sobre a infância e a poesia¹ – aparece diversas no texto de Gabriel. Ao descobrir ter seis dedos em uma das mãos, o protagonista abre-se para a possibilidade de ter dedos a mais ou a menos na outra; os colegas, também, expressam esse tipo de pensamento quando, inicialmente, envolvem suas mãos com sacos, à semelhança de Rorberto, a fim de melhorar a letra; depois, quando concluem que o fato de ter seis dedos dava maiores possibilidades de aperfeiçoar a grafia.
    Vemos no protagonista e em seus colegas uma maneira de descobrir o mundo e encarar a vida que os predispõe à poesia.
    O texto poético contém partes dos versos escritas em negrito. Aliás, não há uniformidade nisto. A própria predisposição do texto e variações acaba influindo positivamente na compreensão do leitor, como no momento em que parte aparece escrito em letra cursiva. As partes em negrito correspondem aos versos (na totalidade ou em parte) em que ocorrem as rimas e lembram muito o rap – estilo em que o autor se notabilizou. No rap, quase sempre as partes que rimam recebem um destaque vocal; seja através de alterações no volume vocal e/ou entonação ou pelo acréscimo de vozes. O narrador em 3ª pessoa parece refletir isso no texto.
    O livro, farta e belamente ilustrado por Daniel Bueno a partir de recortes de mapas, cadernos e páginas coloridas, expressa bem a origem pobre e as dificuldades vivenciadas pelo personagem em sua vida e processo de aquisição da escrita. Dá a ideia de reciclagem, do aproveitamento requerido em situações de penúria.  
    A escola ocupa espaço central na narrativa e foi determinante na (trans)formação do Rorberto que, logo no início da novela, aparece querendo ensinar seu pai a ler e escrever. A atitude louvável da professora, determinante no comportamento da turma e altamente eficaz no posterior desenvolvimento do menino, merece a reflexão de todos os que lidam com educação. Foi a partir da “palavra certa no momento certo” da professora que a mão-problema tornou-se mão-solução, na escola, na turma e no campo de futebol.

Citações:
¹PAES, J. P. Infância e poesia. Caderno Mais! Folha de São Paulo, 9 agosto. 1998, p. 5-

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

CRÔNICA NO MEU DIA - Gilberto Cardoso dos Santos



Hoje, dia dos professores, fui comprar 3 litros de leite. A vendedora (uma mocinha), conversava com a colega:
- Mulher, a gente tem que fazer esse trabalho hoje. Vale pela nota da prova.
- É mesmo, né? Oh! droga!
- E a professora disse que quer todo manuscrito.
- Eita, piula! Tudo à mão, é? Seria tão bom se a gente pudesse só imprimir... Então a gente tem que fazer hoje à tarde, né?
- É. É muito ruim fazer trabalho à mão. Ela faz isso só pra dar trabalho a nós!
Pensei em expor-lhes as possíveis razões da exigência, dizer-lhes que desse modo a professora pretendia "obrigá-las" a ler o que retirariam da net, mas fiquei calado, questionando-me até que ponto o objetivo pretendido, que é a aprendizagem, haveria de ser alcançado, depois de uma leitura/cópia forçada.
Interrompi o diálogo perguntando quanto era o litro de leite.
- 1,50, respondeu a vendedora.

Dei-lhe 10 reais. Ela entrou, demorou um pouco - aparentemente fazendo o cálculo - e retornou com seis reais.
- Acho que você errou na conta, disse-lhe. – Era pra você me voltar cinco e cinquenta.
- Ah, é mesmo – exclamou ela. Eu não sou boa  pra fazer conta de cabeça.
- Você tira notas ruins em matemática? – perguntei-lhe.
- Não. Tirei nove na última prova. 
- O professor é legal - acrescentou a outra.
- Brigado – disse-me, agradecendo pela devolução dos 50, e sorriu.

Saí de lá; deixei-as resmungando por causa do trabalho que fariam à tarde; aproveitei para dar uma passadinha na oficina, pra dar um arzinho no pneu traseiro, meio baixo. Um jovem falastrão estava na seguinte frase quando cheguei:

- Eu não gosto muito de professora porque elas ficam querendo ensinar à pessoa. Eu digo um bocado de palavra errada e elas gostam de corrigir a gente.

Não deu para perceber o contexto exato da frase, mas supus que ele falava da inconveniência de “ficar” ou  paquerar com professoras por julgá-las geralmente chatas. Usariam a língua, durante o namoro, para fins não desejados. O preconceito linguístico estaria atrapalhando a relação.

Meditei na ideia de certo e de errado que se tem em relação à língua, no medo que alguns têm de falar na presença de professores.

Talvez nós, professores, cheios de boas intenções, estejamos contribuindo para disseminar essa ideia, de que o certo é apenas o que está na gramática. Penso que deveríamos nos esforçar para deixar as pessoas mais relaxadas, mais à vontade, principalmente durante o namoro.

Ao chegar em casa, abri o Facebook e deparei-me com algumas  mensagens de alunos e ex-alunos  parabenizando-me pelo meu dia. São, em geral, brevíssimos no que dizem, ou se limitam a copiar algo pronto, supostamente correto, encontrado no Google. Aproveito para olhar o retorno que alguns colegas deram;  vejo-os econômicos em suas palavras de agradecimento.  Penso que temem falar demais e ferir as regras gramaticais.

Hoje à tarde, aproveitando  meu dia, pretendo ruminar o documentário A Educação Proibida.

Oxalá, depois disso, eu retorne às classes um pouco melhorado!

FELIZ DIA DOS PROFESSORES para todos os meus colegas!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

ORAÇÃO EM 12 DE OUTUBRO - Gilberto Cardoso dos Santos


 
Nossa senhora, adorada padroeira
Que roubalheira nessa campanha se viu
O voto vil, vendido a preço de banana
Gente sacana que esforços não mediu
E conseguiu com muita grana o que queria.
A covardia tomou conta do Brasil.

Doze de outubro, também dia das crianças
Que esperanças a elas podemos dar?
Vamos botar mais desonestos no poder.
Irão crescer dignamente e se educar?
Como rezar pedindo a sua proteção
Se a nossa ação e decisão foi tão vulgar?

"Nossa Senhora!" Ouviremos brevemente
gente carente clamando seu nome em vão
disseram "NÃO" para a Justiça e a Honestidade
calamidade e tempestade colherão
e a criação acabará comprometida
pois "não" à vida dito foi na eleição.


Cuida do povo, negra mãe Aparecida
Gente sofrida a quem falta inteligência
Conveniência pessoal é o que se busca
E isso ofusca nossa ideia de decência
Com veemência orienta teus devotos
Quem vende votos é cristão de aparência.


Escrito em 12,.10.2012, dia da Padroeira do Brasil e das Crianças.

domingo, 7 de outubro de 2012

Sete Anos Sem o Pastor (Paródia de soneto de Camões) - Gilberto Cardoso dos Santos


 
Sete anos sem o pastor que nos servia
Na humilde Santa Cruz, cidade bela
Servindo ao povo e servindo a ela
- À Madre Igreja para quem vivia.

Muitos dias à espera de um dia
ver abundância em cada panela
e nossa gente, livre da procela,
Colhendo os frutos da democracia.

Ele astuto afrontou grandes enganos
Que o cercaram com lábia sedutora
Mas fiel se portou, de fronte erguida

Sem jamais desviar-se de seus planos
Trouxe água através da adutora
E morreu com sua missão cumprida.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A BÍBLIA EM LEGOS - Gilberto Cardoso dos Santos



Brendan Powell Smith é um autoproclamado pastor cuja  paixão maior é criar ilustrações com legos da Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse. Tais montagens são fotografadas e postas em livro. Assim como não faltaram aplausos ao seu esforço hercúleo, não lhe faltam críticas. Sofre censura por parte dos fundamentalistas religiosos do mundo inteiro. Seu trabalho prima pela fidelidade ao texto bíblico.




Que acham de uma Bíblia assim: aprovam ou desaprovam? Vejam alguns trechos desta Bíblia, adaptados por mim para o português:

Deuteronômio 25:11-12

Se dois homens estiverem brigando, 

e a mulher de um deles vier para livrar o marido daquele que o ataca e pegá-lo pelos órgãos genitais,

 - Não tenham dó nem piedade; cortem a mão da mulher que fizer isso.


 Levítico 18:22
"Não faça sexo com um homem como você faria com uma mulher. É uma abominação. "



Levítico 20:1313 - Se um homem tiver relações com outro homem, os dois deverão ser mortos por causa desse ato nojento; eles serão responsáveis pela sua própria morte.


Deut 22:5 —As mulheres não podem usar roupa de homem, nem os homens usar roupa de mulher; o SENHOR, nosso Deus, detesta as pessoas que fazem isso.



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

PÉS DE PEDRA - Gilberto Cardoso dos Santos



Nos caminhos que cruzamos
necessitamos de fé
com pedras nos deparamos
bem desagradável é
no entanto o grande artista
tem outro ponto de vista
às pedras transforma em pé!


Das pedras Moisés tirou
com divino encantamento
àgua que à sede matou
de um povo muito sedento
já nestas pedras à parte
a nossa sede de arte
encontra contentamento.


Drummond das pedras fez versos
e este pès à altura
pés poderosos, diversos,
insensíveis à amargura
pés que não têm descaminhos
esmagadores de espinhos
um monumento à cultura!


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A FAUNA DE MADEIRA - Gilberto Cardoso dos Santos




Cedo, na feira, um idoso apossou-se da banca onde tradicionalmente víamos legumes à venda. O dono não viera, e ele aproveitou o espaço para expor seus bichos de madeira.

Duas espécies: pebas e tartarugas. Peças pequenas, pintadas com cores vivas, balançavam as cabeças em obediência aos comandos do vento.

Achei aquilo significativo (estávamos em período eleitoral). Quanto ao vendedor, doutra cidade, mostrava-se alheio ao contexto político local. Perguntei-lhe se não trouxera algum jacaré.

- Jacaré?! – Estranhou.

Expliquei-lhe a razão. Ele fez um olhar de quem vislumbrou boa oportunidade de negócio.
- Deixe comigo, disse-me. Na outra semana venho e trago um bocado.

Mais ou menos às 11 horas, retornei à banca e encontrei-o radiante:
- Trouxe duzentas peças e só faltam essas, acredita?

Na banca, restavam cerca de 20 pebas. Tartarugas havia muitas, quase todas.
- Na semana que vem, repetiu o homem, vou trazer um bocado de jacaré e peba, você vai ver!
Aconselhei: - Se puder, traga também estrelas e vassourinhas.

- Estrelas... Vassouras...  É? Tá certo.

Perguntou-me, então, a cor que os bichos haviam adquirido na região. Falei-lhe do verde e do azul. O peba, apesar de ser cor de laranja, vendera bastante.

Nossa conversa foi interrompida pelo carro de som:

“Uau! Uau! Uau!
Aqui quem manda é o bacurau!”

Os olhos do vendedor brilharam:

- Mais um bicho,  é?


- Sim, expliquei. - É a versão alada do jacaré, o réptil com asas. E acrescentei: - Na África há um pássaro  muito amigo do jacaré; entra em sua boca  e limpa seus dentes. Jacaré e bacurau por aqui trabalham em conjunto, são a mesma coisa.

- É mesmo?! – Disse admirado. - Se der certo vou trazer uns também! Tartarugas eu trago menos, não é? - perguntou-me.


- É... Mas não deixe de trazê-las. Servirão para representar boa parte dos eleitores - lentos em entender o contexto político em que vivem.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

“PELEJA II” ENTRE MACIEL E GILBERTO CARDOSO



    O  amigo e poeta Maciel resgatou da Comunidade Papo-Cabeça outra das pelejas que tivemos. Valeu pelo achado, grande vate.

Gilberto e Maciel
resolveram pelejar
no improvisado cordel
nenhum queria parar
os dois a bebericar
51 com limão
Gilberto, espertalhão
bebeu, mas não foi demais
Pra ver cachaça o que faz
ficou prestando atenção. 


A PELEJA


MACIEL
Eu sinto grande desgosto
Se não dá educação
Depois usa a repressão
Como vejo aqui de novo
Criaram lei para o povo
Obrigando a não beber
Por isso quero dizer
Só por raiva e por pirraça

Sou a favor da cachaça
Bebo e fumo até morrer.

GILBERTO
Apoio com alegria
a repressão referida
diminuiu a bebida
e acidentes que havia
pois a cachaça vicia
e traz perigo à nação
cachaça com direção
não se combinam jamais

Quer ver cachaça o que faz
Não beba e preste atenção

MACIEL
Se política ou futebol
Às vezes, religião
Se pastor ou sacristão
Se lista, sequência ou rol
Sobre a lua ou sobre o sol
No boteco a gente vê
Que é papo bom de se ter
Com o amigo e camarada

Sou a favor da cachaça
Bebo e fumo até morrer

GILBERTO
Maciel, essa cachaça
vai acabar lhe matando
se continuar fumando
aí aumenta a desgraça
no fumo não vejo graça
bebida traz aflição
o vício anula a razão
provoca danos morais

Quer ver cachaça o que faz
não beba e preste atenção

MACIEL
Pra ver cachaça o que é
Não beba e preste atenção
Tenha cara de bundão
Fique longe de mulher
Adore dar marcha ré
Rode a bolsa pra valer
Enquanto eu vou viver
Minha vida achando graça

Sou a favor da cachaça
Bebo e fumo até morrer

GILBERTO
Campanhas interessantes
sobre cigarro e bebida
melhoraram nossa vida
e foram bem importantes
mas os problemas gigantes
não tiveram remoção
persistia a aflição
nos leitos dos hospitais

Quer ver cachaça o que faz
Não beba e preste atenção

MACIEL
A campanha que destoa
É de Juliana Paes
Com outras garotas mais
Que aparecem com a boa
Se mulher não fica à-toa
Pois há Zeca pra se ver
Com o pagode na TV
E Brahma pra mulherada

Sou a favor da cachaça
Bebo e fumo até morrer

GILBERTO
Sentido a vida não tem
e o homem se aliena
no álcool se envenena
e no cigarro também
e faz o que não convém
buscando satisfação
por fim desgraça o pulmão
fazendo o que lhe apraz

Quer ver cachaça o que faz
Não beba e preste atenção

MACIEL
O cigarro é calmante
Para aliviar stress
Sempre quando me aparece
Algum político errante
Pra o governo é uma fonte
Que ele não quer perder
Pois cigarro tem haver
Com a receita engordada

Sou a favor da cachaça
Bebo e fumo até morrer.

GILBERTO
Maciel, é bom parar
não seja tão persistente
anda tomando aguardente
precisa se ajeitar
se quiser vamos rimar
noutra tematização
mas preste mais atenção
nas medidas radicais

Quer ver cachaça o que faz
não beba e preste atenção


domingo, 2 de setembro de 2012

Seu eu morasse em Natal Em Amanda votaria - Gilberto Cardoso dos Santos





Amanda é batalhadora
dedicada e coerente
ensinou a muita gente
fez-se grande educadora
se tornou inspiradora
na sua humilde ousadia
em prol da democracia
fez algo fundamental
Seu eu morasse em Natal
Em Amanda votaria

Amanda, que vem de amor
ao amor se fez fiel
e o sobrenome Gurgel
mais aumenta o seu valor
ela entende da dor
que à nossa classe angustia
boa opção seria
à Câmara Municipal
Seu eu morasse em Natal
Em Amanda votaria"

Será que Natal de novo
vai cometer a loucura
de botar na prefeitura
quem não liga pra o povo?
é preciso um renovo
uma Câmara sadia
que lute com simpatia
pelo bem estar geral
Se eu morasse em Natal
em Amanda votaria 

Amanda na oposição
com sua língua afiada
estará posicionada
em prol da população
grande fiscalização
com certeza ela faria
e pra cidade teria
um projeto genial
Se eu morasse em Natal
Em Amanda votaria

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

EM BUSCA DA PERFEIÇÃO (Resposta a Maurício Anísio)



Caro Maurício:

Na Bíblia, onde não pode haver qualquer mácula, vemos uma historieta meiga, bem propícia ao que pretendemos explanar. Sabe-se que tal relato não constava nos primeiros manuscritos – o que, de algum modo, baldeia a imagem límpida que alguns têm deste livro – mas a história é demasiado boa para ser descartada. Tão boa que foi inserida nos relatos sacros. Graças a ela, cristãos do mundo inteiro vão aos prostíbulos para higienizá-los e alcançam sucesso. Num certo sentido, limpa a imagem negativa que muitos têm de Deus. 

Refiro-me ao relato da pecadora levada (e lavada) aos pés de Jesus.
Tratava-se de uma mulher cujo currículo era um lamaçal, uma forte candidata ao apedrejamento. Líderes políticos e religiosos de então se aglomeraram em torno de Jesus querendo exterminá-la. Foi um comício improvisado. A passeata chegou ao seu destino e o grande orador foi forçado a discursar. Ali foi pronunciada a célebre sentença, tão aludida hoje nas CPIs, quando algum nobre parlamentar é pego nalguma contravenção:

“Aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra.”

Todos se entreolharam estupefatos. Ninguém ousaria dar uma de Davi naquele momento. Gigantesco, o Golias da consciência esmagava a todos. Sabiam, no  íntimo, que eram fichas-suja diante de Deus.
Entendemos hoje, na perspectiva de nossos olhos cristianizados, que eles não estavam tão revoltados quanto parecia com a sujeira da Geni bíblica. Antes, pretendiam também sujar a ficha de Jesus, reduzi-lo, por uma ação, à condição deles.

Neste mesmo livro imaculado, resultante da junção de diversos outros considerados puros, lemos que Deus, o Onisciente e Onipresente, olhou dos céus e fez uma vistoria entre os humanos.
Sabedor da importância das decisões políticas deve ter iniciado sua investigação pelos congressos e câmaras de então.
E o que concluiu Deus, com base na constatação irrefutável de seus olhos santos?
Que não havia um justo, sequer um.

Eleitores e eleitos de então eram todos fichas-suja, infelizmente.
De lá pra cá, com a invenção dos micros e teles cópios; com a descoberta de níveis e fatores de sujeira que escapam ao olho humano, tornamo-nos cada vez mais cônscios das imundícies próprias e alheias. O entendimento cada vez mais pleno do que significa democracia, faz-nos hoje olhar enojados para coisas que receberam aplausos no passado.

Todavia, o que seria a perfeição? Vivemos e nos movemos em um aquário gigante a que chamamos mar da linguagem onde termos como este fazem parte da rotina de pensamentos e diálogos, mas existem exclusivamente nele, sem qualquer correspondência no mundo objetivo. Utopia e perfeição vivem entrelaçadas e restringem-se a rabiscos, emissões de som e à imaginação.

Homens de fibra como você, caro Maurício, batalharam por um mundo perfeito e por fim descobriram que ele apenas poderia se tornar menos injusto, e não tão menos injusto quanto gostariam que fosse.
À semelhança do filósofo Diógenes, vem você com a luz das boas ideias piscando no seu cérebro, à procura de um candidato verdadeiramente honesto, totalmente ficha limpa, dentro do barril de limitações em que você voluntaria e involuntariamente  foi colocado. Decerto, sabe de antemão, sua busca será tão infrutífera quanto a de Diógenes, o Cínico.

Quanta sujeira se revelou nos movimentos da esquerda radical, “higienizadíssima”, a ponto de George Orwell, com total acerto, escrever o clássico A Revolução dos Bichos, onde quem domina são os porcos!
Não é com pouco esforço que se mantém um suíno limpo. Ele tem propensão à sujeira, gosta da lama, involuntariamente a produz.

Obsoleto está o tempo em que acreditávamos na infalibilidade de líderes religiosos e políticos.  
À semelhança do Cristo, (provável único ficha-limpa em toda a história, mas que recusou candidatar-se), você doou (parte de) sua vida pela salvação do Brasil. Semelhantemente, sempre lhe incomodou a hipocrisia - tão reinante naquele instante em que líderes políticos e religiosos se mancomunavam para apedrejar a prostituta.
Ao despir o caráter dos potenciais apedrejadores, o Ungido apresentou razões para que a pecadora tivesse uma melhor aceitação na sociedade, gerando, inclusive, precedentes para que esta se tornasse eleita e dos prostíbulos passasse aos altares. Hoje, bispos de olhos vermelhos, apedrejados pela consciência, ajoelham-se aos pés daquela que algumas vezes se ajoelhou por motivos nada nobres, estando, portanto, apta  a fazer assepsia em quem se sente na “fossa”.
De certo modo é isto o que você faz, pois à medida que cresce aos nossos olhos a sujeira dos que nos pareciam limpos, diminui a podridão daqueles a quem queremos apedrejar.

Resta-nos, pois, uma indagação bastante válida:
O que fazer num mundo em que somos obrigados a fazer escolhas, diante da perspectiva da não-existência da perfeição, uma vez que instintivamente a buscamos?
A solução está em escolher, dentro de nossas posses e possibilidades, aquilo que mais se aproxima do que idealizamos. Eu e você nunca pudemos comprar o transporte perfeito. Talvez tenhamos adquirido aquele de nossos sonhos, mas não o perfeito. Veículos perfeitos ainda não foram inventados. Desconfio que o maior magnata não esteja absolutamente feliz com os carrões que possui.

Quando levamos nosso veículo defeituoso à oficina, não buscamos um mecânico sem defeito, mas o melhor. Há mecânicos que se sujam muito, cuja oficina chega a repugnar. Há outros que até se vestem de branco, embora saibam não ser este o melhor uniforme. Se o mecânico, após o serviço, deixa nosso veículo imundo, faz-se reprovável. Se de algum modo ele é descuidado com a higiene do nosso veículo e da oficina, mas trabalha bem, talvez o busquemos outras vezes. Melhor que um muito cuidadoso que não conserta direito. No entanto, preferiríamos um menos sujo que consertasse bem.

E o que dizer do cônjuge perfeito? Elegemos alguém que apenas se aproximava do ideal, para depois descobrir que este estava muito aquém do que almejávamos.
Nossa busca pelo menos imperfeito deve persistir. Há níveis de sujeira, sim. Uns voluntariamente se jogam na lama, ao passo que outros tiveram suas vestes salpicadas.
Devemos eleger o edil menos ardiloso, o prefeito menos imperfeito, o deputado menos imputável, o senador mais são e o presidente menos digno do presídio.

Embora alguns que conhecem sua bela trajetória, dileto Maurício, diante de tais indagações achem que nadou, nadou e morreu à beira da praia, vejo-o como alguém que cruzou mares dantes não navegados. Certamente foi surpreendido por ondas traiçoeiras, dentro de seu próprio partido e aprendeu a não confiar em enseadas que lhe pareciam tranquilas. Tenho certeza que você, marinheiro experiente, jamais ousaria empreender uma viagem de 4 anos em uma embarcação que apresenta sinais de fissuras. Tampouco escolheria para cozinheiro, nesta viagem, o mestre-cuca menos cioso dos princípios higiênicos.

Finalizo, retornando à  ilustração inicial desta delongada missiva:
Depois que os pretensos santos se retiraram, Jesus disse à pecadora: “Vai e não peques mais”.
É necessário que busquemos eleger pessoas com o menor nível de sujeira, dispostas a limpar-se, que não achem prazer em se espojar na lama. Gente que busque a perfeição no exercício do seu mandato, mesmo sendo consciente de que esta não existe.

Penso que maculei minha resposta aos olhos de muitos, ao ousar transpor os limites textuais socialmente determinados por leitores apressados. Mas espero do alto de minha pequenez ter respondido à altura.

Um forte abraço, amigo Maurício, diante de quem respeitosamente nos curvamos, por sua história tão limpa!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O ENTORTADOR DE GARFOS - Gilberto Cardoso dos Santos



Arte feita por Wilard Monteiro

Wilard é  bom de garfo
e tem talentosa mão
deixou o garfo imprestável
mas deu-lhe a nobre missão
de na estante brilhar
passando a alimentar
a nossa imaginação.

Superou a Uri Geller
o grande paranormal
que a talheres envergava
usando a  força mental
mas nada de artístico fez
pois lhe faltava, talvez,
mais destreza manual.


Na briga dele e da mãe
ninguém meta a colher
Ele disse: Eu vou tentar
seja o que Deus quiser
e a mãe findou  aprovando
pois ver o filho brilhando
qual é a mãe que não quer?







sábado, 18 de agosto de 2012

NOTA DE CEM, NOTA DE DOIS, OU A MISTURA DE VALORES - Gilberto Cardoso dos Santos





Fui ao Alberto Maranhão com dois amigos. Ia felicíssimo por estar ali pela primeira vez e - vejam vocês que privilégio - para assistir uma peça de minha autoria!

Levei cem reais para ajudar na gasolina e em eventuais necessidades.      O amigo disse: “Depois a gente acerta. Guarde seu dinheiro”

Voltei com os cem; fui pra feira, de manhã, meio sonolento, com a nota dobrada junta com outras de dois.
Resultado: Quando fiz a última compra notei que a havia deixado com algum dos feirantes. Confundi-a com uma de menos valor!

Esforcei-me para rememorar onde estivera. Fui ao primeiro feirante, honestíssimo, que lamentou o ocorrido. Disse: “Pode ter certeza: Se tivesse deixado aqui eu devolveria.”
Fui ao segundo e também não a havia deixado com ele. “Só quero o que é meu, cidadão. Deve ter deixado noutra banca.”

Na outra banca também não estava. Lá encontrei uma vendedora triste. Acabara de perder dez reais. Achava que a dera num troco, por engano. Não sabia ao certo o que havia acontecido, mas faltavam dez reais, em suas contas. Tentei consolá-la, vendo a  tristeza e revolta  que a envolvia:

“Veja como são as coisas, minha senhora. Sempre que acontecem tragédias conosco, se procurarmos bem veremos uma situação pior. A senhora perdeu dez, eu perdi cem.  Nesse instante por aí há alguém chorando porque puseram um revolver em sua cabeça e levaram toda sua grana. Outro está sofrendo por causa de um filho sequestrado.”  E perorei com um pensamento do qual gosto muito:

“Estava triste porque não tinha sapatos, até que encontrei alguém que não tinha pés.”

Aparentemente o consolo serviu; percebi mudanças positivas em seu semblante. Pelo menos pra mim funcionou.

Na próxima banca também não estava, e tive oportunidade, de ouvir relatos de outros que passaram por situação semelhante. Um disse "Os danado fazem umas notas muito parecidas. A de vinte também parece muito com a de cinquenta, já notou isso? Se o cara não tiver cuidado..." e finalizou com um gesto obsceno, batendo uma mão na outra.  “Oh, cidadão... se tivesse ficado comigo – exclamou o vendedor penalizado -  estava nas suas mãos!”

Já ia desistir da busca quando me lembrei de um local onde comprara dois reais de manga. “Ah, acho que foi lá!” E saí às pressas, confiante na possibilidade de voltar a aninhar com carinho maternal na quentura do bolso a adorável fugitiva.

Falei baixinho com o vendedor, com todo tato, preocupado em não dar-lhe a impressão de que desconfiava de sua hombridade. 

“Acho que foi aqui que deixei uma nota de cem, quando comprei os dois reais de manga. Você deve ter colocado no bolso sem perceber a diferença, como eu. São muito parecidas, não são?”

O vendedor me olhou, baixou os olhos, colocou a mão em meu ombro e disse:

“Amigo, na hora que eu o atendi, chegou uma senhora e você saiu sem me pagar.”

Havia sinceridade nos seus olhos. Emudeci. Fui à carteira, tirei os dois reais que me restavam, paguei, desculpei-me e fui embora.

Ao chegar em casa, fui estacionar a moto e encostei a perna nua no cano quente. Perguntei aflito à esposa, sempre cheia de receitas nas horas trágicas:

- Você sabe o que se deve fazer quando se encosta a perna num cano quente, para evitar que a coisa piore?

- Sei – disse-me ela – a primeira coisa que se deve fazer é afastar a perna do cano para não continuar queimando.

Ri, naquele momento nada apropriado, e convidei-a com a filha para relatar-lhes a tragédia dos cem.
Foi a vez de rirem muito, às minhas custas. Perguntei-lhes por que riam. Disseram que eu estava com uma cara engraçada.

Aproveitei para tirar lições.

- O que aprendemos com isso, Débora e Maria?

- Ter mais cuidado com o dinheiro? – arriscou Maria – Prestar mais atenção no que faz?”

Filosofei, tentando extrair uma moral:

“Aprendemos que quando uma pessoa preciosa se mistura com alguém de menos valor, corre o risco de ser confundida. Assim como não é bom se misturar notas de cem com as de dois, precisamos ter cuidado com as nossas companhias.”

A mulher aprovou o que eu disse, e a filha aplaudiu.

É como diz o ditado: “Não há males que não tragam bens”. Fiz minha família feliz nesse dia e produzi mais um texto.

A mulher sempre quer ter a última palavra, e  acrescentou:

- Publique um livro com essas histórias que vez por outra lhe acontecem e logo logo poderá recuperar os cem.