domingo, 11 de setembro de 2011

TÓPICO COM DIVERSAS POSTAGENS


Em um dos 365 dias de 2001, pela manhã, nalgum lugar do planeta um menino brincava com sua bicicleta a caminho da escola e caiu, esfolando o joelho. Enquanto soprava o ferimento e dizia “ai, ai” pensando no que a mãe e o pai diriam; uma outra pessoa, em lugar desconhecido, destruía um casamento dizendo friamente “Eu não te amo mais”. Não muito longe dali alguém levou um tiro na cabeça e foi levado às pressas para o hospital. Quando a ambulância chegou à porta da UTI, viu-se uma família que saía aos prantos. Um pai de 3 filhos pequenos, que não dormira à noite inteira, saía para providenciar um caixão para a própria esposa.

Enquanto isso, nalguma outra parte, uma garota chorava diante da família porque na noite anterior perdera a virgindade com o namorado. Alguém não fora trabalhar por causa de uma unha encravada e brigava ao telefone com o patrão. Um rapaz sorria na expectativa de um sim que ouviria naquela manhã. Os carros passavam às pressas, nas diversas rodovias movimentadas do mundo e diversos acidentes aconteciam. Eram homens e mulheres totalmente voltados para a rotina da vida, esquecidos da proximidade da morte.

Um padre celebrava um casamento pomposo enquanto outro, noutra igreja, encomendava o corpo de um velho assassinado pelo neto. Numa clínica, a mulher gritava de dor trazendo à luz mais um filho. Um seminarista estava em jejum, penitenciando-se por ter se masturbado.

Evangélicos distribuíam folhetos na avenida, falando de um culto especial que ocorreria àquela noite.

Naquele dia, até então comum a todos os outros, repórteres percorriam as ruas das grandes capitais à cata de notícias. Um deles não fora trabalhar pois bebera muito à noite e havia adormecido num quarto de motel com uma boneca inflável. Ressacado, tomou água e ligou a TV à procura de qualquer coisa. Ouvia-se do outro lado da porta o roçar de uma vassoura, movimentada pelas mãos caroçudas de uma negra de 40 anos, ainda virgem. Na casinha alugada onde ela morava, um órfão se zangou quando interromperam seu desenho preferido. Na TV, apareceu um repórter noticiando algo provavelmente grave. Era um daqueles plantões, com notícias significativas e tristes apresentadas o mais próximo possível das ocorrências. O repórter no motel espantou-se com o espanto do repórter que se achava no estúdio. Não sabiam o que dizer. Parecia uma imagem montada em Hollywood. Pouco depois, o que parecera um acidente recebeu nova interpretação ao se noticiar que parecia tratar-se de algo pior.

O menino que ferira o joelho entrou em casa chorando mas se deparou com a indiferença da mãe que fazia psiu e se quedava diante da TV. O filho se admirou pensando que a mãe assistia a um desses filmes de ficção científica, coisa de que não parecia gostar. O viúvo chegou na funerária e teve dificuldade em falar com o atendente que era meio mouco e colocara o rádio no último volume. O pai da filha desvirginada parou de amolar a faca e esqueceu o seu ódio. Ocorriam, então, diversos engarrafamentos nos Estados Unidos e em São Paulo e muitas pessoas praguejavam. A mulher recém-abandonada tentou se envenenar no exato instante em que um avião bateu contra um prédio. Diversas pessoas se ajoelharam na Palestina agradecendo a Alá pela vitória. Enquanto isso, no Brasil, uma islâmica há pouco convertida suplicava coragem a Deus para ir ao trabalho usando o véu, enquanto ouvia os resmungos da mãe católica.

O rapaz que levara o tiro morreu, sem saber do grande acontecimento que marcaria a história.

Ao meio-dia, um velho professor dirigiu-se ao calendário e procurou uma data que tinha a cor dos dias comuns. Circulou-a com tinta vermelha.

Era 11 de setembro de 2001.

RIMANDO LIMÃO COM ABACAXI


Ontem, Marcos, Hélio e este que vos escreve nos deliciamos à luz da lua ao lado de um menestrel, um violeiro bem-humorado detentor de quase setenta prêmios na área da cantoria, natural de Araruna que deveria começar a cantar às 20 h mas, por motivos superiores que aqui não explicitarei, só começaria a competir com os grilos e risos dos canistas de plantão do sítio de Eromildo após às dez.

Enquanto libávamos (olha só quanto pedantismo) o rio etílico oriundo de pêssegos açucarados, severamente confinados pelo anfitrião ao vasilhame por muitos dias, ouvíamos causos e estrofes antológicas, todas ligadas às experiências do cantador cujas andanças no mundo dessa cultura marginalizada já duram 17 anos.

Falou-nos de alguém que se dizia poeta mas que de poeta não tinha nada. Quando perguntei-lhe o porquê de tal afirmação, explicou-nos que o pseudovate escrevia algumas coisas em que a rima não tirava nem fino. Acrescentou que era como querer rimar mamão com abacaxi. Rimos a valer com essa e outras expressões do loquaz paraibano, bom na prosa e no verso.

Fiquei a imaginar se a pessoa achincalhada não seria um poeta em estilo modernista, adepto do verso livre. Ou seria alguém que tentava rimar mas acabava tropeçando em versos de pés-quebrados e buscando aproximação sufixal, por exemplo, entre Jesus e Jesuíno?

Não sei. Apenas sei que há um compreensível racismo em relação ao chamado "verso branco". "Compreensível", digo, quando manifestado por pessoas afeitas ao estilo popular, pouco instruídas (na semelhança daquelas por quem o poeta Jesus diria: "Perdoa-lhes, Pai, pois não sabem o que dizem"), tal, talvez, o caso do artista que nos falava e de pessoas para quem a poesia deve ter "Rima, Métrica e Oração".

Saliento que o cérebro humano, assim como se atrai pela música, por histórias e pela simetria física, revela-se hipnotizável também no que concerne à rima. Há um anseio pela simetria e matematicidade nesse campo, tal como ocorre quando se busca um parceiro de vida ou uma Miss Brasil. Exemplo? Imagine multidões em torno de um rapper ou nós, quatro gatos pingados ontem, em torno dos cantadores. Sem querer citar e já citando um outro exemplo ocorrido durante a cantoria, baseado em cena do momento criei o mote "O cururu engoliu / A piúba de cigarro". Meu objetivo era ver a capacidade de rima e de improviso dos violeiros.

Eu, que vejo beleza em versos brancos negros ou pardos, surpreendi-me hoje com as palavras de minha filha.

No bar da esquina, caneiros tentavam vencer a ressaca tomando mais uma enquanto curtiam Benito di Paula. Boa escolha não acham? Mas minha filha só começou a ouvir de fato no instante em que Benito repete:

"Eu sou como a borboleta,
laiá laiá laiá laiá..."

Em meio à repetição exaustiva, minha abelhinha (é isso o que Débora significa para mim e para a etmologia) voou até mim e falou espantada:

- Paiinho... Olha só: o cantor não sabe rimar com borboleta e fica só dizendo "laiá laiá laiá laiá..." pra completar a música!

Não resisti e fiz coro ao riso singelo e espontâneo de minha garota. Demorei a explicar-lhe enquanto me lembrava da conversa no sítio São José, receando quebrar a satisfação e o encanto daquela observação.

Depois, com calma, disse-lhe que ela estava certa em se tratando de outras músicas, que muitos cantores realmente fazem assim e citei alguns pagodes famosos que invarialmente acabam em laiá laiá laiá laiá ou algo parecido. No caso de Benito, frisei, era diferente, e cantei a parte dos versos ditos na parte da música que ela não escutou. em que Benito diz:

"Eu sou como a borboleta

Tudo o que eu penso é liberdade
Não quero ser maltradado,
nem exportado desse meu chão

Minhas asas, minhas armas,
não servem para me defender
As cores da natureza pedem
ajuda pra eu sobreviver"


Com um "Ah, tá!" ela pôs termo ao nosso diálogo, mas fiquei a refletir nessa exigência de rima, de combinação, que ela e tantos outros apreciadores da arte da palavra manifestam.

E me veio a ideia de fazer um cancão (não a ave, mas aquele que resulta do ajuntamento forçado entre farinha e feijão) ou seja, esse texto descaradamente prolixo (ao contrário do cancão que tende à concatenação), que acaba sem moral explícita, feito conversa fiada.



P.S: Creio que ainda estou sob o efeito do licor de pêssegos.





"GILBERTO, é uma alegria imensa receber
elogios do maior cordelista que já li: você". - Marcelo Pinheiro

SONETO SOBRE UM ELOGIO (Gilberto Cardoso dos Santos)


Aconselho que não leia outros cordéis

Além daqueles de minha autoria

Pois com certeza eu pontos perderia

E um dos meus leitores mais fieis


E sem o gozo destes seus lauréis

Como a meu ego alimentaria?

Se eu pudesse até proibiria

Que escutasse outros menestréis


Para continuar em meu jardim

Em meio a frutos que provêm de mim

Fica um princípio estabelecido:


Qualquer outro cordelista está vetado

Pois não faz parte do cânon sagrado

E constitui um fruto proibido.


Freud já não explica - Gilberto Cardoso dos Santos



a Alessandro Nóbrega

"O Freud já não explica"
Me explicava Alessandro
e eu que me sinto tão andro
acho que assim se complica
Édipo não justifica
com o álibi do complexo
as complicações do sexo
buscam guarida em Lacan
mas essa procura é vã
tudo acaba sem nexo.

O PODER DAS PALAVRAS


Uma antiga funcionária, hoje aposentada, retornou à escola para rever os colegas. Estava visivelmente emocionada e abraçou-me, perguntando: “Lembra de uma carta com uma poesia que você fez pra mim quando eu ainda trabalhava aqui? “

Lembrava-me da carta, sim, embora não recordasse de nenhuma das palavras que escrevi para aquela ex-colega e funcionária exemplar sobre quem me senti um dia inspirado a escrever.

“Guardo até hoje aquela carta”, acrescentou ela. Fiquei pensando então na importância que aquela simples página de valor insignificante passou a ter para aquela senhora depois que nela tracei algumas linhas. Os anos se passaram, a folha amareleceu, mas ela a guarda com carinho. Certamente, durante todos esses anos, pôs muita coisa fora, mas a carta não, jamais. Fiquei curioso para reler o que escrevi e, enquanto me dirigia à secretaria, o celular dela tocou. Enquanto ouvia o que era dito, se pôs a chorar. Espantado, perguntei-lhe o que estava acontecendo.

“É que hoje é meu aniversário, Gilberto. Meu genro, que mora em Goiás, acabou de ligar e me disse umas palavras bonitas.”

Entendi melhor o porquê de sua ida à escola naquele dia. Aquela mulher sofrida, massacrada pelos anos, por uma profissão que não lhe deu o devido valor e pelas cicatrizes deixadas por um casamento malsucedido necessitava, justificadamente, de palavras de afeto e de reconhecimento.

Eu e outros colegas fizemos-lhe felicitações e ela retornou para casa com ar de felicidade.

Depois disso, pus-me a refletir sobre a importância das palavras. Somos possuidores de um poder magnífico, capaz de influenciar poderosamente a vida dos que nos cercam. Com palavras de elogio e incentivo, podemos erguer os desalentados e fazê-los sorrir. Com palavras de gratidão podemos trazer alegria e incitar pessoas à prática do bem. Palavras de reconhecimento de culpa podem cicatrizar feridas aparentemente incuráveis. Palavras de perdão podem produzir ondas de paz e alívio, atando corações com laços inquebráveis. Palavras de amor têm poder hipnótico. Esforcemo-nos, eu e você, para usar positivamente o dom da fala, trazendo paz, ânimo e alegria aos que nos cercam.

MORTE DE FRANCISCO MOTA



Francisco Mota se foi
escureceu a paisagem
de si mesmo enforcado
deixou a terrível imagem
da vida estava cansado
e num momento impensado
antecipou a viagem.

Sua vida foi um poema
profundo e bem ritmado
passou a vida cantando
seu verso metrificado
mas a cruel depressão
findou a sua canção
com verso de pé quebrado

(Gilberto Cardoso dos Santos)

POEMA PARA AMANDA GURGEL

1
A voz de Amanda se ergueu
parando o Brasil inteiro
todo o povo brasileiro
ouviu e se comoveu
Quando ela apareceu
no Programa do Faustão
falou com convicção
e a audiência aumentou
até Faustão se calou
e ouviu com toda atenção.
2
Quando esteve na Assembleia
do Rio Grande do Norte
com o seu sotaque forte
silenciou a plateia
ninguém ali tinha ideia
do que iria se dar
o video iria alcançar
mais de um milhão de acessos
falando dos retrocessos
na educação potiguar.
3
Todos demos primazia
À voz de Amanda Gurgel
como a uma voz do céu
que o indizível dizia.
Em prosa ou em poesia
jamais vi tanta clareza
ela expressou com certeza
a nossa dor mais profunda
e o fez de forma fecunda
com maestria e beleza.
4
Quando Amanda foi à frente
parlamentares sisudos
quais pedras ficaram mudos
ante o discurso eloquente
A plateia consciente
da verdade absoluta
achou que a melhor conduta
ante aquela mulher brava
era deixar que a palavra
vencesse qualquer disputa.
5
Porém o discurso dela
não limitou-se ao estado
e todo o professorado
se viu espelhado nela.
Deus pôs uma mulher bela
para nos representar
e eu resolvi me calar
prostrei-me com reverência
e deixei na consciência
a sua voz ecoar.
6
Quando a professora Amanda
subiu àquela tribuna
preencheu uma lacuna
vasta, profunda, nefanda
a sua voz forte e branda
tornou nossa dor palpável
de modo admirável
feriu tímpanos de surdos
desnudando absurdos
num discurso inimitável.
7
Amanda, eu emudeci
porém o fiz de bom grado
pois fui bem representado
no discurso que ouvi
nos versos que escrevi
jamais dei tanta expressão
à triste situação
que vivemos todos nós
Você se fez nossa voz
A voz da Educação!


Após a enxurrada de protestos contra suas declarações preconceituosas, Ed Motta deu entrevista à Folha de São Paulo:

"Em entrevista à Folha, Motta explicou que não sabia que seu perfil no Facebook estava aberto ao público e disse que os comentários eram apenas "brincadeiras com os amigos", "sacanagem". "Reconheço que fiz comentários infelizes, como isso das mulheres feias. Mas todas as pessoas fazem isso nos bares, em casa", disse."

"Depois das loucuras, eu não tenho como consertar, só posso lamentar e ficar com uma vergonha gigante. Mas tudo bem, [eu] assumo meu erro"


A CAGADA DE ED MOTTA


Só depois de ter cagado

e a fedentina subir

Ed veio a descobrir

que o perfil é partilhado

vejam quão desinformado

o cara provou que é

ele se acha um Pelé

e fala com altivez

mas no gol contra que fez

provou que é um mané.


Gilberto Cardoso dos Santos


Passeio ciclístico em Santa Cruz



Nobre vereador Lucicláudio, o poema abaixo é só uma maneira jocosa de noticiar de anunciar o evento de hoje. Belo trabalho.

O pobre trabalhador
que já vive tão cansado
Hoje cedo é convidado
por um bom vereador
para um passeio de horror
em lombo de bicicleta
vai passar por curva e reta
sua perna é o motor.

Vai findar todo suado
tal como faz todo dia
mas cheio de alegria
se acaso for premiado
pois poderá ter ganhado
uma outra bicicleta
quem sabe pra dar à neta
ou pagar algo atrasado.

Ainda ele concorre
a um relógio bonito
para usar, acredito,
quando pro trabalho corre.
Sei que dessa ele não morre
só um suorzinho a mais
para ele tanto faz
e no final toma um porre.

Isso é bom para a saúde
tem que se movimentar
se o trabalhador parar
acaba num ataúde
Desejei ir mas não pude
pois não achei bagageiro
e como eu canso ligeiro
deixo para a juventude.

Parabéns, vereador,
digo sem hipocrisia
isso é só poesia
não sou seu opositor
só lhe peço um favor
faça no ano que vem
um passeio que convém
em um transporte a motor.

Autor: Gilberto Cardoso dos Santos

MARIA JOSÉ MARQUES


Maria José Marques é alguém
que adora servir ao semelhante
Na sua ânsia de fazer o bem
tem feito na APAE obra brilhante
Além de seu sorriso cativante
percebe-se que tem grande humildade
pratica os seus atos de bondade
sem visar para si qualquer grandeza
Maria José Marques com certeza
tem sido útil à sociedade.

Ela se sente mãe desses meninos
e manifesta isso em seus cuidados
assim caracteres são moldados
trazendo evolução aos seus destinos
movida por impulsos genuínos
de amor a Deus e à humanidade
concede à APAE prioridade
a todos demonstrando gentileza
Maria José Marques com certeza
tem sido útil à sociedade.

No brilho de seus olhos e sorriso
a gente vê que há grande alegria
pois ela tem o dom da empatia
e isso lhe traz muito regozijo
quem vive para si feito Narciso
jamais encontrará felicidade
pois quem não pratica a caridade
colhe o fruto amargo da tristeza
Maria José Marques com certeza
tem sido útil à sociedade.

- Gilberto Cardoso dos Santos

SOBRE A TRAGÉDIA DO REALENGO

Wellington tinha a fé que fede mais
- aquela que conduz ao fanatismo
misturou fé cristã com islamismo
Isto o abalou até demais
era um anormal entre normais
vítima de escárnio e preconceito
que olhava para o mundo doutro jeito
viciado em jogos violentos
foi embaralhando os pensamentos
tornou-se um genocida e mau sujeito.

SOBRE HOME


1
Conheci há algum tempo
um grande documentário
intitulado de HOME
algo extraordinário
que de um modo perfeito
mostra o que temos feito
ao sistema planetário.
2
Dura mais de uma hora
mas vale a pena assistir
mostra imagens do planeta
que nos fazem concluir
que se o homem não mudar
iremos nos acabar
e o planeta irá ruir.
3
HOME é palavra inglesa
que significa lar
Se o mundo é nossa casa
dele é preciso cuidar
e parar de destruir
pois se o planeta ruir
onde iremos morar?
4
Com imagens de satélites
HOME mostra a Terra inteira
no seu estado caótico
do deserto à ribanceira
os incêndios florestais
a extinção de animais
e a espantosa sujeira
5
Home expõe aos nosso olhos
cenas impressionantes
mostra o mar varrendo costas
com suas ondas gigantes
furioso derrubando
destruindo e expulsando
os humanos habitantes
6
todos devem assistir
tão belo documentário
e deixá-lo ecoar
dentro do imaginário
é hora de dar um basta
na destruição nefasta
buscar o rumo contrário.
7
Muita gente já chorou
enquanto estava assistindo
a miséria que restou
num mundo que foi tão lindo
é essa a missão de HOME
mostrar a dor e a fome
que ao mundo está destruindo
8
Maior apelo não há
em favor da Ecologia
mostra o rumo a tomar
nas ações do dia a dia
é tão sensacional
que a imprensa mundial
propagá-lo deveria.



Prezados frequentadores
deste espaço virtual
às senhoras e senhores
em convocação geral:
vão ver dança, cantoria,
declamação, poesia,
cultura regional.

Vão ver a grande riqueza
de alguns artistas locais
se encantar com a beleza
de versos memoriais
vão sentir cheiro de terra
e ver o gado que berra
em palavras magistrais.

Tragam os familiares
não irão se arrepender
nosso versos populares
encantos irão trazer
a APOESC traz beleza
palavras que com certeza
irão nos enriquecer.

Como é bom sentir o vento
cheirando a vegetação!
ouvir e ficar atento
aos agouros do carão
vão ver a terra falando
no APOESC recitando
as belezas do Sertão!

Gilberto Cardoso dos Santos



SOBRE O ROMANCE DA BESTA FUBANA

Se o leitor não for um mão-de-vaca
e quiser ler um livro bem bacana
conheça um escritor que se destaca
lendo O Romance da Besta Fubana

Nele, o melhor da raça humana
por Luiz Berto é talhado a faca
Um cego com visão bem puritana
e uma puta cujo humor nos embasbaca

Também se tem como protagonista
Um violeiro que é grande artista
e um astrólogo decifrador

É um sucesso de vendas e crítica
pois mostra o submundo da política
com profundidade e bom-humor.

SOBRE JADEIZE E KLEITON





1
JADEISE obra-prima
que a natureza pintou
e extraiu de mil mulheres
o que nela colocou
por causa duma imprudência
criancice, inconsequência,
tão nova se acabou.
2
Jadeise era uma jovem
bela e bem-humorada
circulava com destaque
era muito cobiçada
mesmo a mulherada chique
perto desse Titanic
se sentia uma jangada.
3
Com apenas vinte anos
tanta vida pela frente
viu tudo se desfazer
num terrível acidente
Kleiton Anderson também
dum modo que não convém
morreu repentinamente.
4
Um jovem cheio de vida
e uma bela menina
foram-se de modo trágico
e tal fato nos ensina
a importante lição
que o vício, sem exceção,
com direção não combina.
5
Ficaram quatro famílias
tristonhas a lamentar
duas, por seus filhos mortos
tentam se recuperar
de uma dor desmedida
Remediando a ferida
que não vai cicatrizar.
6
Para tais familiares
fica nossa condolência
que tais acontecimentos
sirvam de advertência
a quem quer se divertir
não beba se dirigir
para evitar imprudência.

Vejam os videos:







Buscando o Cristo Crucificado um Pecador com Verdadeiro Arrependimento


A vós correndo vou, braços sagrados,

Nessa cruz sacrossanta descobertos,

Que, para receber-me, estais abertos,

E, por não castigar-me, estais cravados.


A vós, divinos olhos, eclipsados

De tanto sangue e lágrimas cobertos,

Pois, para perdoar-me, estais despertos,

E, por não condenar-me, estais fechados.


A vós, pregados pés, por não deixar-me,

A vós, sangue vertido, para ungir-me,

A vós, cabeça baixa, pra chamar-me.


A vós, lado patente, quero unir-me,

A vós, cravos preciosos, quero atar-me,

Para ficar unido, atado e firme.


Comentário meu:

Disseram que Gregório arrependeu-se
dos versos infernais que produziu
e um soneto ao Cristo dirigiu
quando ao final da vida converteu-se
Mas na verdade o que aconteceu
É que Gregório fama recebeu
por versos que não têm sua autoria
Doutor Manoel da Nóbrega é o autor
deste soneto cheio de esplendor
exemplo de excelente poesia.

Até mesmo suas sátiras famosas
a outros vates são atribuídas
algumas são de obras traduzidas
ou são derivações capciosas
Padre Lourenço o repreendeu
em uma sátira que escreveu
expondo alguns dos vergonhosos fatos
mas este texto que o denuncia
muitos afirmam ser da autoria
do acusado: Gregório de Mattos!

Resposta do Padre Lourenço contra o Dr Gregorio de Mattos e Guerra.

Satyra


.....................................................

Doutor Gregorio gadanha,

Pirata do verço alheyo

Callo, que ao mundo tem cheyo

De Satyras, e patranha:

Ja se conheceo a maranha

Das Poezias que vendes

Por tuas, quanto as pertendes

Traduzir de castelhano,

Naõ te envergonhas magano?

.....................................................

Cuida o mundo, que são tuas

As Satyras, que accomodas

Inda que o que vendo a todas

Pode chamar obras suas:

Os rapazes pellas ruas

O andão publicando ja,

E o mundo vaya dedà

Quando vê tal desengano,

Naõ te envergonhas magano?

.....................................................

O soneto que mandaste

Ao Arcebispo elegante

Do de Gongora ao Infante

Ao Cardeal lho furtastes:

Naõ sey como te chamaste

O mestre da Poezia

Furtando mais em hum dia

Que mil ladrões em hum anno.

Naõ te envergonhas mangano?

.....................................................

Falla de ti que so tens

Que fallar de ti Gregorio

A todo o mundo he notorio,

Que tens males, e naõ bens:

Naõ queiras por te aos itens

Com quem sobre castigar te

Sey hade esbofetearte,

E com este desengano

Naõ te envergonhas magano?







Em uma manhã cinzenta
de chuva um pouco profusa
Recebemos a visita
da repórter Erika Zuza
que esbanjou simpatia
e nos trouxe alegria
feito inspiradora musa.

Edgar se arrumou
foi ao salão de beleza
tentou suprimir um pouco
as falhas da natureza
e Hélio se maquiou
até baton colocou
vejam quanta esperteza!

Eu, que não preciso disso,
fui todo ao natural
disse a Erika: "Me ponha
no Jornal Nacional"
Ela disse: "Se der certo
todos irão ver Gilberto
passar no Globo Rural."

Todos pretendendo ser
a principal personagem
Seu João tirou o boné
e declamou com coragem
feito um menino sapeca
mas o brilho da careca
atrapalhou a filmagem.

Quem filmou a entrevista
foi Zenóbio Oliveira
que veio a se revelar
um poeta de primeira
bom no verso e na prosa
foi uma manhã chuvosa
calorosa e prazenteira.

Eu convidei Adriano
para compor o enredo
mas ele disse que tinha
um compromisso bem cedo
penso que se assustou
e essa desculpa criou
decerto ficou com medo.

Hora e meia de entrevista
bom papo e declamação
que há de ser reduzida
ao se fazer edição
por mim podem retirar
a parte de Edgar
Hélio Crisanto e seu João.

(Gilberto Cardoso dos Santos)

sobre "Canção", de Cecília


Canção

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.


Comentário:

Meu Deus, que poema lindo
que imagens eloquentes
a poeta se faz deusa
seus atos são transcendentes
e o sonho que vai morrendo
vai a nossa alma enchendo
de sentimentos pungentes.

Lágrimas que viram ondas
tentam matar o anseio
e segue o sonho à deriva
no mar que se faz mais cheio
termos comuns, reciclados,
que deixam braços quebrados
no fim de tal devaneio.

(Gilberto Cardoso dos Santos)



POEMINHO DO CONTRA

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Mario Quintana


Comentário:

No princípio era a flexão
substantiva, em estreito ninho
na gaiola da norma padrão
diminutivo dito com carinho
que perde asas, sua substância
na inusitada e nova circunstância
se torna verbo no "Eu passarinho"

Termo eloquente que não muda a forma
mesmo assim entra em transformação
se torna lei ao violar a norma
é virtuoso em sua transgressão
e sobrevoo todas as barreiras
passarinhando sobre as ribanceiras
para espanto dos que passarão.

(Gilberto Cardoso dos Santos)

SOBRE POEMA "O SOL EXISTE"


O Sol existe

ainda que seja noite
o Sol existe
por cima de pau e pedra
nuvens e tempestades
cobras e lagartos
o Sol existe
ainda que tranquem o nosso quarto
e apaguem a luz
o Sol existe

Vladimir Maiakovski

Comentário:

Palpável é o não-dito
que este poema contém
algo indizível, bonito
que vai da palavra além
é bobagem aparente
profundamente eloquente
que de bobo nada tem.

Às vezes, nas trevas densas,
me encontro sozinho e triste
se abalam todas as crenças
mas a certeza persiste
que há de raiar novo dia
em meio à treva sombria
eu sei que o sol existe.


(gilberto_kardoso@hotmail.com)


SOBRE POEMA "LEVANTAMENTO"


LEVANTAMENTO (poema do poeta angolano Tomás Jorge)

há-de morrer o tempo
de dar diamantes.

quem os quiser
que os procure
com os próprios olhos
que os desenterre
com as próprias mãos.

contratado!
ergue-te
e põe nos olhos
todo o brilho
dos diamantes
que deste.



Belo poema de Tomás Jorge
é com certeza mui fascinante
colocou ouro no meu alforje
e ofuscou-me qual diamante
com a pepita que garimpou
Tomás cobiças me provocou
fez-me querer ser assaltante.

(Gilberto Cardoso dos Santos)
SOBRE "A GARRAFA"



A GARRAFA

Que importa o caminho
da garrafa que atirei ao mar?
Que importa o gesto que a colheu?
Que importa a mão que a tocou
-- se foi criança
ou o ladrão
ou filósofo
quem libertou a sua mensagem
e a leu para si ou para os outros?

Que se destrua contra os recifes
ou role no areal infindável
ou volte às minhas mãos
na mesma praia erma donde a lancei
ou jamais seja por olhos humanos
que importa?

...se só de atirá-las às ondas vagabundas
libertei meu destino
da sua prisão?...

Manuel Lopes


Comentário:

Belo poema A Garrafa
valeu por muitos barris
do vinho mais valioso
bebido lá em Paris
veio nas ondas da net
e me tornou mais feliz.

Garrafa enxuta por dentro
e tão molhada por fora
impregnada do eu
de alguém que ao longe chora
me embriagou com palavras
na aridez dessa hora.



(Gilberto Cardoso dos Santos)

SOBRE POETA XEXÉU

Tive a excelente oportunidade de conhecer pessoalmente o poeta Xexéu, de ouvi-lo em um show particular na área de minha casa. Trata-se, sem dúvida, de um dos grandes mestres da literatura popular, um exímio cordelista.



Trechos de meu cordel:

Tive o grande privilégio
de ouvir uma sinfonia
através da poesia
do cordelista Xexéu
por pouco estive no céu
ouvindo aquela cadência
falando da violência
que está destruindo a terra
do ronco da motosserra
rugindo na consciência

Falou-me com reverência
da história de um concriz
com o seu canto infeliz
soluçando na gaiola
faltava o som da viola
mas não faltou poesia
enquanto ele traduzia
a dor desse passarinho
chorando fora do ninho
dentro da casa sombria.



1
João Fernandes de Oliveira
chamado de João Dorico
um poeta de primeira
homem de passado rico
enviou-me um exemplar
duma obra singular
sobre a qual testifico.
2
“São José e o seu Poeta”
foi a obra que escreveu
o escritor tem por meta
recordar o que viveu
na pequenina cidade
que lhe deu felicidade
e tanto o engrandeceu.
3
João Dorico tem nobreza
conforme veio a provar
quando fez a gentileza
de um dia telefonar
mesmo sem me conhecer
só para me enaltecer
e aos cordeis elogiar.

4
Deu-me grandes incentivos
Ergueu minha autoestima
não poupou adjetivos
disse que sou bom de rima
e em retribuição
falo aqui de coração
sobre sua obra-prima
5
João Dorico rima bem
seu verso é bem construído
e fala como convém
das coisas que tem vivido
fala com simplicidade
de seu amor à cidade
e se mostra agradecido.
6
O livro traz a história
de seu querido torrão
registrando a memória
escrita com emoção
tem prosa e tem poesia
escrita com maestria
por um filho do Sertão.










MEU RETORNO AO PASSADO
1
Estava eu numa fila
Na rotina mergulhado
Quando alguém no celular
Me fez voltar ao passado
Era a voz de Eliel
Que me pedia um cordel
Sobre o primo/irmão amado.
2
Dinamérico, Eliel
Foram senhas e passagens
Guias que me conduziram
Nessas íntimas viagens
De imagens que cresceram
De sons que me envolveram
Como se fossem miragens.

3
Ali, na fila do banco
Fui ao baú do passado
Sacar algo precioso
De valor não calculado
Que se deve entesourar
E não se pode deixar
Num banco depositado
4
Falo dos dias da infância
Da juventude fugaz
Dos dias bons que tivemos
Os quais não teremos mais
Lembrei de amigos brilhantes
Dino, um dos mais importantes
Ao qual não verei jamais.

5
E retornei a Cuité
Voltei à adolescência
Um sentimento sublime
Invadiu-me a consciência
Dias às vezes medonhos
Porém repletos de sonhos
Dignos de reverência.

6
Falou-me de uma crônica
Que seu irmão escreveu
Sobre a minha pessoa
E isso me comoveu
Recordei a amizade
E a grande fraternidade
Que sempre nos envolveu.
7
Eu e Dino, caçadores,
De aves de arribação
Que esvoaçam trinando
Nos céus da inspiração
embevecidos guardamos
nas gaiolas que criamos
aves da imaginação.
8
As tardes ficavam curtas
E as manhãs mais serenas
Sem saber nós imitávamos
Os filósofos de Atenas
E as saudáveis discussões
Geravam reflexões
Poemas e cantilenas.
9
Extraíamos o mel
Que a poesia tem
Assentados na bodega
Flutuávamos além
Respirando novos ares
Lá em Seu José Soares
e em minha casa também.
10
No geral Dino era um homem
De agradável convivência
Fiz amizade com ele
Durante a adolescência
Seus escritos me mostrava
E eu os elogiava
Pela sua inteligência.

Autor: Gilberto Cardoso dos Santos


Adquira o cordel Dinamérico Soares, O Filho da Poesia, pelo (84) 99017248 ou por gilberto_kardoso@hotmail.com
























































SOBRE HÉLIO CRISANTO

Sobre ele escrevi:


01
O grande Hélio Crisanto
a quem eu muito admiro
e em quem sempre me inspiro
para compor o meu canto
Dá provas de seu encanto
na arte de improvisar
pois sabe poetizar
com muita profundidade
dentro da simplicidade
da cultura popular.
02
Seu nome é especial
pois Hélio significa
Sol, que com sua luz rica
rege o mundo natural
No espaço cultural
pertencente a Santa Cruz
Se despeja sua luz
com um fulgor reluzente
que alumia a muita gente
e boas coisas produz.
03
Seu verso não se reduz
a uma cultura pobre
mas tem aquele tom nobre
de tudo quanto reluz
à meditação conduz
e tem o cheiro do chão
o ardor da sequidão
que deságua no caneco
o seu canto traz o eco
do gemido do sertão.
04
Na cultura potiguar
Hélio merece destaque
seu verso tem o sotaque
de quem mora no lugar
e já chegou a ganhar
classificações honrosas
por canções maravilhosas
que inscreveu no Forraço
ampliando nosso espaço
com produções valiosas.
05
Na voz de Hélio eu escuto
o grito da natureza
que geme sob a vileza
desse ser humano astuto
mostrando que está de luto
com tanta destruição
dizendo que há solução
se a humanidade agir
buscando diminuir
tão grande corrupção.
06
Em uma certa canção
que pessoalmente adoro
o espinho de sodoro
fere a nossa emoção
fruto da recordação
de um tempo miserável
que hoje é agradável
pelas lições que deixou
e para sempre ficou
no poeta admirável.
07
O mundo está arrasado
por essa cultura pobre
que tem no horário nobre
seu espaço reservado.
Hélio fica revoltado
perante a vil melodia
repetitiva e vazia
como de um eco ridículo
que se tornou um veículo
para a pornografia.
08
Hélio nos traz alegria
fazendo declamação
ou ao som do violão
tecendo uma cantoria
seu sonho era ver um dia
um livro seu sendo impresso
e agora que o fez lhes peço
que lá do fundo das almas
saia uma salva de palmas
e ele alcance o sucesso!



Autor:Gilberto Cardoso dos Santos

VERSOS A UM VEREADOR

Parabéns, vereador
pela escolha correta
colocou como assessor
uma pessoa discreta
que em sua simplicidade
vive com honestidade
e além disso é poeta!


Para que o seu mandato
venha a ganhar nota mil
é necessário pessoas
com semelhante perfil
capazes de lançar luz
não só para Santa Cruz
mas para todo o Brasil!


"Dize-me com quem tu andas
que eu te direi quem tu és"
em relação à política
tais palavras são fiéis
parodiando Machado:
se for mal-assessorado
Vão-se os dedos e os anéis.

Autor: Gilberto Cardoso dos Sant

Nenhum comentário:

Postar um comentário