Chambinho do Acordeon, intérprete de Luiz Gonzaga no filme Gonzaga de Pai para Filho, foi convidado por Eduardo Suplicy para homenagear o rei Luiz no Senado.
Imagine o constrangimento quando foi anunciado pelo senador Mozarildo Cavalcanti - filho de cearenses! - que a homenagem não seria possível naquela ocasião.
Ali estavam Chambinho e a esposa, buscando um merecido instante de glória para si e para seu grande ídolo. O ano era apropriado, a música era apropriada, a pessoa escolhida para a homenagem era apropriada... até mesmo quem indicou era a pessoa apropriada, por seu passado político e honestidade (até agora). No entanto, por uma questão regimental, segundo o senador Mozarildo, o momento não era apropriado.
Poderia, ao menos, por uma questão estratégica, ter democraticamente solicitado a opinião dos poucos parlamentares presentes (haveria quorum para isso?). Mas não: sanfona, cultura nordestina, poesia e música de qualidade não combinavam com aquele momento.
Indignado, o poeta Aldenir Dantas perguntou retoricamente no Facebook:
"O linguajar indecoroso, as mentiras, as falcatruas, os acordos espúrios, as ausências, a falta de ética... tudo pode. Uma homenagem a um dos maiores nomes da cultura brasileira não pode???"
Mozarildo, que presidia a sessão, apelou para o Regimento da Casa. A burocracia, bem merecedora de um "r" dobrado nessa ocasião, impediu uma curta e merecida homenagem àquele que era sinônimo de espontaneidade e quebra de protocolos. Uma oportunidade, talvez, de aumentar a minguada audiência da TV Senado e dar a impressão que os que ali estão se preocupam com a cultura.
Pergunto-me se fosse um Teló Cover se teria ocorrido o mesmo. Afinal, a música do hominídeo tem servido até mesmo para embalar procissões. (veja aqui).
Acrescente-se mais este motivo aos muitos que as pessoas já têm para abominar o que acontece nos 3 dias de expediente que os senhores senadores dão naquela Casa.
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