Na Bíblia, um profeta se agiganta, arrasta multidões.
Mas alguém a quem o visionário exalta começa a crescer e a ofuscá-lo.
Amigos e seguidores têm a sensação de que o novato está tentando passar a perna em seu guia. Buscam-no queixosos. - Desse jeito, mestre, teu trabalho vai de água abaixo - dizem, em outras palavras.
O profeta, ao invés de manifestar preocupação, replica:
- Convém que ele cresça e que eu diminua.
Choque para seus seguidores, repreensão para os religiosos de hoje.
Onde esta palavra é lida, dá-se o contrário: "Convém que ele diminua e que eu cresça".
Este "ele", pode referir-se ao Cristo ou àqueles em que o Cristo estaria. Parceiros de fé. "Convém que eu brilhe mais no púlpito". "Quero que a verdade resplandeça, mas que seja por meu intermédio."
Se tal filosofia de vida não poupa sequer os irmãos e se manifesta onde se crê que Deus esteja presente, é de se esperar que se estenda às relações políticas, familiares e de trabalho de tais pessoas. De fato, é o que vemos.
"Ah, incrédulos, sabei que não poupo sequer a meus irmãos, quanto mais a vós. Convém que eu cresça."
Na máfia dos sanguessugas, mais da metade da propina estava em mãos de parlamentares evangélicos. O sangue do cordeiro foi espezinhado. A mensagem era: "Convém que meu patrimônio cresça, não importa a que preço."
Púlpitos eletrônicos, mensagens diversas, mirabolantes. Todas, porém, com um só fim: Convém que as outras igrejas diminuam e a minha cresça. "Traidor!", gritou recentemente um famoso televangelista referindo-se ao rival que pagou o dobro para tomar seu espaço na mídia. Não se trata de conflitos entre frágeis ovelhas, mas briga de cachorro grande.
E o que dizer daqueles que eu e você conhecemos mais de perto - aqueles que se alimentam do sangue do próximo e se dizem cobertos pelo sangue sagrado?
Qual Rômulo e Remo, buscam as tetas da loba do poder e se dizem ovelhas; andam imponentes e risonhos, com um halo imaginário de santidade; são orgulhosos e indignos de confiança.
Na Bíblia deveriam constar mensagens opostas às que lemos, pois os religiosos costumam fazer exatamente o inverso do que ela ensina.
Decerto há exceções, mas quão raras são!
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