quinta-feira, 18 de julho de 2013

OS ENDIVIDADOS - Gilberto Cardoso dos Santos


Quem tem contas a pagar
Não pode dormir direito
Pois sente um peso no peito
Na hora que vai deitar
Dá vontade de chorar,
Por não poder fazer nada
E tem que ouvir piada
De quem não entende o drama
Não há sossego na cama
Pra pessoa endividada.

Se o cara é acostumado
A pagar tudo que deve
Nem a sorrir se atreve
Quando está endividado
Passa o dia aperreado
Buscando uma solução
Fica naquela aflição
Pensando em limpar o nome
Vai comer mas não tem fome
É triste a situação.

Se o cabra é mau pagador,
Vai comprando sem pensar
Deixa o cartão estourar
Gasta sem nenhum pudor
Seu nome não tem valor
Mas ele não se importa
Gastos supérfluos não corta
Não tem medo de ameaça
E fica fazendo graça
Quando o credor bate à porta.

Já o cidadão direito
Que é pobre, mas honrado,
Só pensa em comprar fiado
Quando vê que não tem jeito
Quer manter um bom conceito
Perante a sociedade
E quando a calamidade
Faz quebrar o prometido
Ele se sente perdido
Sem a credibilidade.

São poucos, infelizmente,
Os homens que pensam assim
Eu digo e tiro por mim
Que procuro ser decente
Compro à vista geralmente
e quando deixo a pagar
tenho medo de falhar
na data dos compromissos
compras, com os seus feitiços
não conseguem me comprar.

Porém qualquer cidadão
Pode cair em cilada
Já vi muito camarada
Em triste situação
Por confiar num irmão
Sendo traído por sócio
Acaba sendo um beócio
Depois fica angustiado
Como quem morre afogado
Pensando no mau negócio.

Alguns acabam surtando
Ao pensar no que fizeram
E tanto se desesperam
Que acabam se matando
Isso finda piorando
O drama familiar
Pois além de não pagar
Deixa a família sofrendo
é melhor ficar devendo
que a própria vida tirar.

Muita calma nessa hora
é o conselho a se dar
porque se desesperar
aí a coisa piora.
Não deixe a paz ir embora
            Não aja feito criança
            Alimente a esperança
            Reme com tranquilidade
            E ao passar a tempestade
            Há de chegar a bonança.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

NA FEIRA DE SANTA CRUZ - Gilberto Cardoso dos Santos


 (mote de Jarcone Vital)

Tem carregador de frete
que foge com nossa feira
se o caba meter carreira
e alcançar o pivete
não pode dar um bofete
nem com ordem de Jesus
se a polícia o conduz
solta na beira da estrada
tem tudo e não falta nada
na feira de Santa Cruz

Na seção dos mangaieiro
Tem todo tipo de chá:
Capim-santo, manacá
Cabacinha, marmeleiro,
Tem casca de juazeiro
E banhas de tivassus
Ninguém se lembra do SUS
O chá resolve a parada
tem tudo e não falta nada
na feira de Santa Cruz

Tem muita mulher solteira
Muita menina cabida
Goma de beiju, batida
De limão e de carteira.
Tem punhal e tem peixeira
Garrafada de mastruz
Ovo de pato, avestruz
Banana podre esmagada
Tem tudo e não falta nada
Na feira de Santa Cruz.

Tem mulher que sai nas bancas
Se sacudindo faceira
Tentando fazer a feira
Com o balanço das ancas.
Diante dessas potrancas
O matuto se seduz
Acaba criando pus
Na região gangrenada
Tem tudo e não falta nada
Na feira de Santa Cruz.

Coco verde, coco seco,
Óleo de coco, cocada,
Quenga de coco raspada
E muita quenga no beco
Na banca de seu Pacheco
Que o preço jamais reduz
Sua mulher descompus
Pela carne mal pesada
Tem tudo e não falta nada
Na feira de Santa Cruz

quinta-feira, 4 de julho de 2013

MORRE MAIS UMA VÍTIMA DA CRIMINALIDADE - Gilberto Cardoso dos Santos



Eu não a conheci e meu objetivo aqui não é o de apresentar os fatos a seu respeito como num boletim de ocorrências.

Sei que se chamava Josefa, que cresceu carinhosamente sendo chamada de Zefinha, que depois passou a ser chamada respeitosamente de Dona Josefa e que frequentava atualmente a Igreja Mundial do Poder de Deus.

Na semana passada, enquanto voltava da igreja com uma menina de mais ou menos 11 anos, foi abordada por um jovem alto e mascarado, perto de um lugar comumente chamado Os Coqueiros, no Bairro do Paraíso.

Este saiu do matagal, encostou a arma na barriga da menina enquanto pedia seu celular e depois exigiu da mulher a entrega da bolsa.

A reação física imediata da senhora,  foi a de desmaiar, cair para trás. Aparentemente, bateu com a cabeça na parte dura do asfalto. Encontraram seu corpo em estado de convulsão, urinado.

O marginal sumiu na escuridão levando sua bolsa com a Bíblia dentro.

Naquela noite, um pai desesperado juntamente com a polícia local arriscou sua vida até altas horas tentando localizar o assaltante. Depois retornou para casa, desolado, amargurado pela infrutífera busca, indignado pelo drama vivido por sua filha e por aquela senhora que lhe servira de companhia.

De lá para cá, dona Josefa não foi mais a mesma.
Hoje, muito triste e surpreendida, a menina me disse na escola que dona Zefinha morreu.

Chegou a ser internada. Grandes foram os abalos físicos e psicológicos pelos quais passou naquela noite que lhe parecera de bênçãos. Hoje, quem sabe, ao dar seus últimos suspiros, desejou ardentemente partir deste mundo violento para outro lugar também chamado Paraíso onde viverá em paz sem necessidade de policiais e de um posto policial por perto.

As promessas bíblicas, convictamente repetidas por seu líder religioso de que “Mil cairão à esquerda e dez mil à tua direita e tu não serás atingido”, não foram suficientes para o estado de violência que se vive em Santa Cruz.

Não sei exatamente onde ela morava, só sei que provavelmente não morava no Paraíso, embora tivesse sua residência neste bairro onde lhe tiraram a bolsa, a Bíblia e a vida.

Morreu vítima da insegurança que nos tem amedrontado tão intensamente. Não se sabe quem estava por trás da arma, mas fazemos uma ideia de quem e do que está por trás desse estado caótico que nos assusta.

Lamentavelmente, perdemos mais uma cidadã cumpridora de seus deveres, alguém que vivia sob o temor de Deus e das autoridades; alguém que vivia em simplicidade e anonimamente deu sua parcela de contribuição para a melhoria de nossa gente. Morre vítima de uma abordagem estúpida, covarde, feita às 8:30 da noite em uma movimentada rua do Paraíso por alguém que contava e ainda conta com a certeza da impunidade.


Resta-nos indignar-nos por mais esta perda, chorar com os que choram. Resta-nos tentar contribuir, ainda que seja através de uma pequena crônica, para que mude esta situação!


segunda-feira, 1 de julho de 2013

CRIMINALIDADE ENTRE NÓS: ATÉ QUANDO? - Gilberto Cardoso dos Santos


Os assaltos, furtos e assassinatos continuam a suceder na Cidade Santuário. Nem santa nem leve é a cruz que temos carregado ultimamente.

Isso se tornou tão corriqueiro que os blogs nem mais se preocupam em noticiar, ou as pessoas não buscam mais os blogueiros para falar-lhes de suas angústias. Alguns devem temer represálias e outros sabem que tais notícias não mais causarão impacto na sociedade. De tão comuns, não aumentam os acessos.

A polícia, penso eu, acha-se sobrecarregada com tantas queixas e denúncias. Sente-se acuada e impotente diante da criminalidade crescente. Cheia de boas intenções mas, tolhida em suas ações por leis que favorecem a criminalidade, por insuficiência em seus quadros e falta de equipamentos e armamentos adequados. Feito um bicho valente, mas ferido e atacado por hienas.

Parece-me que a própria polícia e órgãos governamentais não têm muito interesse em divulgar tais fatos corriqueiros para não piorar a imagem daqueles de quem se espera solução.

Ontem, por exemplo, uma menina de seus 12 anos voltava da igreja com uma vizinha. Para sua surpresa, foi abordada no caminho para casa por um sujeito que pediu-lhe o celular. Eram 8:30 da noite. A menina, nervosíssima ante a surpresa, disse: “Moço, eu não tenho celular”, e de fato não tinha. Tentou correr, mas o jovem mascarado a segurou pela cintura e encostou um revólver em sua barriga. A evangélica mais velha com quem ia, não resistiu e caiu desmaiada. Chegou a urinar-se de tanto medo. O cara correu (ainda bem!) levando-lhe a bolsa onde havia uma Bíblia (torço muito para que ele a abra aleatoriamente e que caia no “Não furtarás”).

Há uns 4 dias, uma colega professora foi assaltada bem pertinho de casa. Levaram-lhe um celular e tudo o que lhe restara do salário mensal. Disse-me ela:


“Parece uma piada, faz mais de 1 ano que passo a semana em Natal e nunca fui assaltada por lá, quando chego aqui em Santa Cruz sou surpreendida por 2 rapazitos em uma moto e me levam o celular e o pouco que me sobrou do salário que recebi hoje.
Aí eu te pergunto: é pra rir ou chorar dessa situação? Nossa, está ficando arriscado andar pelas ruas de nossa cidade!!!”

Cito um último caso dentre os vários que conheço:
Assaltaram na outra semana, no sábado, pela segunda ou terceira vez, a casa de verduras que fica na rua da galeria.

Estes e outros crimes ocorridos em nossa cidade não têm sido noticiados com a frequência e intensidade com que se fazia antes. Tenho certeza que muitos outros estão ocorrendo sem que a população tome ciência deles.

Esta falta de informação sobre o que continua ocorrendo em Santa Cruz pode ser fatal para alguns que porventura venham a pensar que tudo voltou à normalidade.

Há uma clássica historinha de como se cozinhar uma rã que serve para ilustrar o que pode se dar conosco: para cozer uma rã, ponha n’água fria e vá esquentando a água aos poucos. A princípio, a aguinha morna, deliciosa, faz com que a rã não salte. Como vai esquentando aos poucos, esta nem percebe e acaba morrendo cozinhada.

Corremos o risco de nos acostumar com o que ocorre em nossa cidade. O valor da vida passa a ser banal para nós também. A aparente inevitabilidade do que de mal nos ocorre pode nos levar a cruzar os braços e a aceitar o estado caótico em que ora vivemos.

De algum modo, é necessário dar um basta nisso tudo. Precisamos arrancar a cizânia antes que esta se espalhe. Políticos, policiais, juízes, promotores e cidadãos conscientes: busquemos uma solução enquanto é tempo!


sexta-feira, 28 de junho de 2013

SÃO JOÃO PEDRO NO MUSEU - Gilberto Cardoso dos Santos


Antigamente havia
O São João da Boa Hora
E o povo se divertia
Como não se vê agora
pois o tempo foi passando
Tudo se modernizando
Ficando artificial
O forró não tem mais graça
Pois só fala de cachaça
E de coisa imoral

O Museu Auta Pinheiro
De novo quer resgatar
Um São João mais verdadeiro
De caráter popular
Com quadrilhas, com balões
bandeirinhas, foguetões
E sanfoneiro animado
com danças e brincadeiras
E o brilho das fogueiras
Iluminando o passado.

Dona Cleudia e seu esposo
Se esforçaram para dar
Um São João maravilhoso
Ao povo deste lugar
E graças à prefeitura
E aos amantes da cultura
Isto se tornou possível
Que esta noite nos encante
Seja de fato brilhante
E se torne inesquecível.

hoje é noite de alegria
No Museu Auta Pinheiro
De se entregar à folia
do santo casamenteiro
É tempo de esquecer
As tristezas do viver
É noite de gratidão
De olhar o céu estrelado
E dar um viva animado
A São Pedro e São João!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

TROTE NA DELEGACIA E OS CRIMES VIRTUAIS EM SANTA CRUZ - Gilberto Cardoso dos Santos


Como se não bastassem as ondas de assaltos, furtos e assassinatos em Santa Cruz, temos também os crimes virtuais.
Na semana passada, 11, quando fui fazer o boletim de ocorrência do sumiço de minha biz, enquanto aguardava o atendimento, meu celular tocou.

Uma voz de barítono disse-me que sabia onde estava minha moto. Perguntou-me se estava disposto a pagar determinada quantia para reavê-la. Enquanto conversávamos, coloquei no viva voz e  avisei por gestos ao policial Valmir o que estava ocorrendo. O cara deu detalhes da praça; disse que deixaria a biz diante do shopping, em frente à lojinha de DVDs. Mas antes eu deveria fazer um depósito na Casa Lotérica, numa conta que ele me passaria. A conta seria de uma pessoa falecida, de quem ele guardava o cartão e a senha.
Disse-lhe que estava muito grato, que nem importava saber quem era. Apenas queria que ele deixasse a biz em determinado lugar. Em seguida eu faria o depósito. Expliquei-lhe que era apenas por precaução, só para ter certeza que não se tratava de um trote, pois alguém poderia ter visto os dados sobre o shopping e a praça nalgum blog, bem como meu telefone (afinal, como ele teria conseguido meu número?).

Ele retrucou:
- Blog? O que é isso?
Expliquei-lhe que me referia à Internet, mas ele, tentando mostrar-se desatualizado disse “Não sei o que é isso não, moço.”

Fui conversando com ele, seguindo as orientações do policial, até que a ligação caiu. Era um trote.
Depois conferi e descobri que o número era de Brasília.
Abalado como estava, poderia ter sido fácil cair na conversa dele. Ainda bem que desconfiei.
Uma amiga minha, a quem muito prezo, caiu numa dessas. Pessoas que têm o coração bom, generosas, caem facilmente nesses golpes. O excesso de bondade as torna vulneráveis, mais que os outros.

A conversa foi mais ou menos assim:
- Olá, prima, tudo bem? Que bom falar com você...!
- Olá... mas qual é o primo com quem tô falando?
- Não acredito não, prima! Não vá dizer que não está reconhecendo minha voz!
- É Paulinho?

- Isso mesmo, prima! Eu sabia  que você ia reconhecer. Que saudade!
- Diga aí, Paulinho! Quanto tempo! Como vai a família, tá bem?
- Tá tudo bem, prima... mas eu tô ligando por causa de um probleminha. É que eu tô indo aí pra sua região, mas aconteceu uma zebrinha durante a viagem. Tô precisando de mil e quinhentos reais pra consertar o carro... blá bla blá
E o depósito foi feito.
Imagine a dor da perda de um dinheiro conseguido a duras penas e, principalmente, a tristeza por ter sido feito de idiota. Essas pessoas não são dignas de crítica. Qualquer um, dependendo do momento e da habilidade de quem está do outro lado da linha, pode cair numa dessas.

Soube, através do BLOG DE HÉLIO SILVA de outra que perdeu mais dois mil reais numa dessas conversinhas de pé de ouvido.

Todo cuidado é pouco. Vivemos numa selva tecnológica e muito temos a temer dos da mesma espécie.
Se acaso receber algum telefonema falando de sequestro de algum querido, com pedidos de ajuda ou parabenizando-o por tirar na sorte grande... respire fundo e procure usar a razão. Emoções nessa hora só atrapalham.

Mais do que nunca, devemos atentar para o conselho bíblico: “Maldito o homem que confia noutro homem.” Cuidado com o que postam no Facebook e em outras redes sociais. Alguns não soltam um pum sem comunicar isso aos seus contatos.


Para as conterrâneas e conterrâneos já que foram lesados, fica a nossa palavra de consolo: de alguma maneira, o prejuízo dos que fizeram isso será maior do que o vosso. Resta a vocês a habilidade para conseguir mais.

terça-feira, 18 de junho de 2013

RELIGIÃO VERSUS PRÁTICA - Gilberto Cardoso dos Santos

A Naílson Costa e sua mãe, a quem tanto ama.


Religião e teoria são quase sinônimos. Por isso, escolhi este título.
O que me fez desejar escrever este texto foi uma cena vista nessa manhã: Um filho acompanhava a mãe já velhinha, dando-lhe a devida atenção e suporte. Conheço bem o filho e sei que ele não é muito chegado a igrejas. Aliás, o pouco que vai à igreja é para fazer companhia à mãe. Por amor a ela, ouve pacientemente sermões que às vezes lhe soam indigestos. É um filho que continua tão ligado à mãe quanto quando lhe estava no ventre: apenas mudou de lado.

Vi-o a seguir com a senhora idosa e voltei ao tempo em que viveriam situações inversas: a mãe, paciente, esperando pelos passos lentos do filho ainda trôpego. Quem sabe, talvez, ali por aquelas mesmas ruas...  Talvez passeie com a mãe para atender-lhe um desejo que julga desnecessário, mas quer vê-la feliz, assim como ela procedia quando ele era pequeno e pedia para passear.

Trata-se de um irreligioso que segue à risca o que prescreve o quinto mandamento: “Honra teu pai e tua mãe”. Aquilo não necessita vir da Bíblia para penetrar-lhe o espírito: já está escrito em seu coração.

Que mais espera uma mãe idosa, cheia de achaques e feridas da alma feitas ao longo da vida, quando a morte já golpeou tantos entes que lhe eram tão caros? Resta-lhe a esperança de poder contar com o carinho de um filho; de ter alguém que lhe segure a mão enquanto completa a travessia.

Resta-lhe, talvez, o poder contemplar aqueles que lhe saíram do ventre, felizes como ela os concebeu desde o tempo em que ainda brincava de bonecas; restam-lhe alguns beijos e abraços e a esperança de ver pelos olhos embaçados “o fruto do penoso trabalho de sua alma”.

Este de quem falo é alguém que atingiu os alvos estabelecidos pela mãe: casou, construiu uma família bem ordenada, tornou-se benquisto pela sociedade e financeiramente não tem do que reclamar. Mas a possibilidade que ele tem de usufruir dos prazeres terrenos muitas vezes é substituída pelo prazer de estar com sua mãe. O mundo lhe oferece asas e a amplidão, mas ele prefere retornar ao ninho.

Ele sabe quão precioso é cada segundo que lhe resta ao lado dela. Seu olhar transpira gratidão quando busca lucidez naqueles olhinhos carinhosos ilhados nas rugas. Tudo que ele é deve a ela e ao inesquecível pai.
Em direção contrária, vão aqueles que tentam colocar a obra de Deus em primeiro lugar e negligenciam obrigações com a família. Estes, amam tão intensamente a religião quanto aqueles que não cuidaram do homem ferido no caminho de Jericó porque tinham pressa de chegar ao templo.

Nessa mão contrária vai o pregador de uma igreja que visitei recentemente. Fui para fazer companhia a um irmão carnal que nos visitava. A pregação estava boa. Teoria bonita que arrancava améns e aleluias. No final, o pregador pôs tudo a perder. Falou-nos de sua mãe. Obviamente, ocupado com a obra, não podia cuidar dela. Disse-nos o quanto ela sofria (parece-me que tinha câncer) e que a consolara com as seguintes palavras: “Nada posso fazer pela senhora, mãe. Entrego nas mãos de Deus, pois só Ele que tudo pode resolver.”

Aquilo, foi como que um espirro forte num bolo de aniversário recém-enfeitado. Foi como nadar, nadar... e morrer na beira da praia.
“NADA podia fazer?!”, perguntava-se meu irmão indignado depois do culto.  “NADA”, respondia eu com ironia.

Quanto ao amigo que pacientemente passeava com sua mãe pela rua da feira, sei que ele não espera, como recompensa por isso, herdar um lugar no céu. Também não é o temor do inferno que o move. É simplesmente amor. Gratidão. Aliás, céu pra ele é estar com os seus, principalmente com sua mãe. E o inferno começa quando ele se põe a pensar em muitos adeuses definitivos que ainda terá que dar...
Já outros, que têm um inferno a temer e um céu a desejar, não encontram nisto motivação suficiente para cumprir o quinto mandamento. Hipocritamente falam de um Deus que é Pai, e de Maria que é mãe, mas vivem longe do sentimento filial.

Não são religiosos no sentido de estar ligados a Deus, mas teóricos da fé.
Deus pai, que não se engana, sabe que estes o paparicam não com amor de filho, mas como aqueles que visam receber a grande herança... Ele sabe que, caso fosse dispensável como os pais terrestres em sua velhice, também seria lançado num asilo...

Todavia, esqueçamos os exemplos negativos. Fiquemos com os bons samaritanos modernos, aqueles que pouco conhecem a letra da lei, mas a vivem em sua essência. Deem-nos suas bênçãos, filhos bons! Continuem a pregar para nós que frequentamos os templos! Enquanto acontecem os serviços religiosos, façam companhia àqueles que necessitam de vossa presença. O Deus que se transubstancia na hóstia também estará no abraço e no aperto de mão que sustém o corpo frágil.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O POTIGUAR E A ÍNDIA



No dia dos namorados (12 de 06 de 2013) a TV Roraima veiculou uma reportagem especial sobre o biólogo, professor e escritor Ricardo Dantas, filho natural de Santa Cruz, RN, autor do romance MEIA PATA, casado com uma bela índia de nome Iara. 

O amor venceu barreiras geográficas e étnicas. Hoje, após inúmeros obstáculos, ele vive em Roraima com sua companheira, atua como professor da aldeia, e tem como hobby escrever e analisar com êxtase a rica fauna e flora que o circunda.

Pode haver um clima mais propício ao amor do que este?

Clique no link abaixo e assista a reportagem. Conheça mais sobre essa história e sobre a saga desse escritor que tem a honra de ser o primeiro autor santa-cruzense a publicar um romance.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

ALEGREM-SE COMIGO: MINHA BIZ FOI ENCONTRADA!

Agora à tarde, mais ou menos às 4:20,  Cassinha, que trabalha na vigilância de diversos pontos comerciais da rua da feira, foi à escola onde ensino para comunicar que encontrara minha biz. Nem dei o quinto horário e fui com ela até o beco da Casa da Cultura onde estava minha biz... intacta!
Cassinha disse que a encontrou de uma hora da manhã.

Não sabemos o que houve. Apenas quero dizer a todos que me ligaram, 
a todos que me enviaram alguma mensagem de apoio, 
aos que compartilharam meu link no Facebook, 
aos blogs de ÉDIPO NATAN, de JOSEILSON, de ANDRÉ FOTOS, e de LUCICLÁUDIO

Gostaria de valer-me das palavras de uma  parábola bíblica:

"Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida." - Lucas 15: 9

Sei que muitos, além de ligar, dedicaram parte de seu tempo para orar por mim. A estes também agradeço de coração pelo gesto de simpatia.

Minha especial gratidão a Cassinha, que procedeu com absoluta honestidade. Se eu fosse um comerciante naquele setor onde ela atua, não hesitaria em contratá-la para vigiar meu estabelecimento, pois deu prova de total lisura para comigo.

Pode haver um presente de Dia dos Namorados melhor que este?

MENSAGEM BEM PARTICULAR NO DIA DOS NAMORADOS - Gilberto Cardoso dos Santos


Alguém sensibilizado com o furto que me fizeram ontem, disse-me:
- Gilberto não sei o que lhe diga... o que devo lhe falar nessa hora?
Respondi-lhe:
- Dê-me os parabéns.
Diante da surpresa das pessoas, acrescentei:
- Estou vivo, inteiro, e tenho saúde. Algo pior poderia ter acontecido"
A pessoa entendeu o meu recado.
Mas eu acho que deveria ter acrescentado:

- Tenho uma esposa magnífica e uma filha que muito nos encanta, fruto de nosso amor.

Juntos estávamos no local em que o furto se deu. Pudemos nos amparar um no outro e retornar para casa felizes,  certos de que nos resta o que é mais precioso: um elo de amor que nos unifica. Perdemos algo, mas não perdemos o essencial.

Gostaria de dizer hoje, nesse dia dos namorados, à Maria Andrade dos Santos:

Querida namorada Maria: Hoje não temos mais biz para passear, mas podemos continuar dizendo bis à vida e à felicidade.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A ARTE DA TRIBO OMO - Gilberto Cardoso dos Santos


A tribo Omo, uma das mais ricas representações da cultura africana, ganhou a alcunha de o povo pintado. Pessoas de todas as idades dedicam grande parte do tempo a enfeitar-se, a maquiar-se.
Esta prática, passada de geração a geração, os fez extremamente habilidosos na arte de traçar formas com as pontas dos dedos em seus próprios corpos.

Por razões estéticas, religiosas ou estratégias de defesa, valorizam imensamente a artificialidade que impõem às suas aparências.

Pobres em recursos, fazem do meio em que vivem o seu salão de beleza. Os recursos de que lançam mão estão ao seu redor, na vegetação e em substâncias de origem mineral, de onde extraem a matéria prima de sua arte. 

Trata-se de uma manifestação cultural pouco conhecida e pouco valorizada. São vistos como detentores e propagadores de algo rudimentar e primitivo. Todavia, eles nada deixam a desejar em sua arte, que requer habilidades especiais e capacidade criativa. 

Assim como ocorre com o povo OMO, há muitas manifestações culturais desconhecidas ou desvalorizadas. Culturas marginalizadas riquíssimas que não devem sucumbir à globalização.
Antes, carecem de holofotes e olhares não preconceituosos, capazes de vislumbrar suas reais grandezas.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

SE SER BOM NÃO TEM VALOR VOU SER RUIM PRA VER SE PRESTA - Gilberto Cardoso dos Santos

Mote de Daiane Rocha


Gilberto Cardoso:

Trabalho feito um jumento
Não gosto de enrolar
mas tenho que aguentar
briga e aborrecimento
não recebi um aumento
a patroa é desonesta
tudo que eu falo contesta
pra pagar é um horror
se ser bom não  tem valor
vou ser ruim pra ver se presta

só porque eu bebo cana
e gosto duma bolinha
a mulher me aporrinha
reclama toda  semana
Eu sou um genro bacana 
e levo vida modesta
mas minha sogra protesta
diz que sou esbanjador
se ser bom não tem valor
vou ser ruim pra ver se presta

hoje eu não vou fazer nada
não vou lavar o banheiro
vou deixar o dia inteiro
a casa desarrumada
vou me sentar na calçada
de tarde tiro uma sesta
vingança é o que me resta
prum marido traidor
se ser bom não tem valor
vou ser ruim pra ver se presta

eu vou cair na gandaia
vou beber, vou farrear
e se um clima pintar
hoje ele leva uma gaia
por qualquer rabo-de-saia
ele atrás se desembesta
até a mãe o detesta
não passa de um fingidor
se ser bom não tem valor
vou ser ruim pra ver se presta

Quando me candidatei
só pensava em trabalhar
pretendia apresentar
vários projetos de lei
porém me equivoquei
fiz uma campanha honesta
a oposição funesta
elegeu um ditador
se ser bom não tem valor
vou ser ruim pra ver se presta.

Tudo que ele pedia,
com o maior amor eu dava
mas ele só me xingava
e jamais agradecia
aí, quando foi um dia,
eu tava com a mulesta
meti-lhe um murro na testa
e ele gritou de dor
se ser bom não tem valor
vou ser ruim pra ver se presta.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

UM APELO À CONSCIÊNCIA

Com evidente inocência
Um menino de 3 anos
mexe com a consciência
De adultos seres humanos

Não faz parte de seus planos
Agir com incoerência
Destruindo subumanos
Pra sua subsistência

Que se defenda os gatinhos
Cachorros e passarinhos
Fontes de tanto lirismo

Mas o planeta quer mais
Pensem noutros animais
Vítimas do egoísmo!

Autor: Gilberto Cardoso dos Santos)


quinta-feira, 30 de maio de 2013

O PAPA E OS ATEUS - Gilberto Cardoso dos Santos

 
Em certa homilia de maio de 2013, o papa Francisco disse algo que surpreendeu a muitos, evangélicos e católicos:
“O Senhor redimiu a nós todos, a todos, pelo sangue de Cristo: todos nós, não apenas católicos. Todos! “Padre… os ateus também? Mesmo os ateus?” Todos!”
“Fomos criados filhos à semelhança de Deus e o sangue de Cristo redimiu a nós todos! E todos temos o dever de fazer o bem. E esse mandamento para todos fazermos bem, penso ser um belo caminho para a paz. Se nós, cada um fazendo a sua parte, fizermos o bem uns aos outros, se nos encontrarmos lá, fazendo o bem, então iremos gradualmente criando uma cultura de encontro. Devemos nos encontrar na prática do bem. “Mas eu sou ateu, padre. Eu não creio… ” “Faça o bem e nos encontraremos lá.”

Percebe-se certa dubiedade e um tom poético nas palavras do papa, mas a linha  que predominou na imprensa é a de que o papa teria dito que os ateus, se fossem bons, se salvariam.

Evangélicos fundamentalistas ficaram indignados. A salvação não depende de obras humanas, mas exclusivamente do sacrifício de Cristo, revidaram no púlpito. O papa revelava uma ignorância bíblica espantosa, disseram alguns.
O próprio Vaticano, dias depois, emitiu nota esclarecendo que “ateus ainda vão para o inferno”.
Mas eu me pus a meditar e a procurar por fundamentos bíblicos para o que o povo entendeu. O papa, que já teve oportunidade de estudar as escrituras em suas línguas originais não me parece tão ignorante delas. Talvez não dê às letras sagradas a atenção que alguns religiosos gostariam que ele tivesse. O problema, talvez, não esteja no desconhecimento da Bíblia, mas no excesso de conhecimento dela e sobre ela...

Encontrei a parábola do Bom Samaritano. Lucas 10:29 a 37. Nesta história, temos um homem ferido, um homem caído à beira da estrada, sangrando. Passa outro homem de Deus e depois outro e depois outro... mas nenhum toma providências para salvar o moribundo. Provavelmente saem de consciência tranquila, pois o que têm para fazer tem a ver com a obra de Deus. Seus álibis têm a aprovação do céu. No fundo no fundo, porém, imagino que tentassem sufocar uma vozinha irritante que tentava lhes dizer o que deveriam ter feito.

E é aí que Jesus introduz a figura do bom samaritano. Este chegou e fez tudo e bem mais do que aqueles religiosos deveriam ter feito. 

Os samaritanos, na época de Cristo, eram tão malvistos quanto os ateus são vistos hoje. Judeus e samaritanos não se falavam, como se evidencia no encontro de Jesus com a mulher no poço de Jacó (João 4:11).  Os judeus costumavam fazer longas travessias para evitarem passar por perto do território habitado por eles. Expressões de ódio e discriminação eram comuns às querelas entre estes dois povos. Do ponto de vista judeu e bíblico, os samaritanos detinham uma fé vã, diabólica, perniciosa. Jamais se veria um rabino judeu admitindo que um samaritano pudesse salvar-se, ainda que bom.

Pois bem. Aquele samaritano que entrou para a história como modelo seria tão condenável quanto um ateu. O próprio Jesus teria dito que a salvação vem dos judeus, mas não negou a superioridade do gesto daquele homem condenável do ponto de vista da fé.

Jesus não falou de fé e o apontou como exemplo quando lhe foi perguntado “Quem é o meu próximo?” O critério para a aceitação divina não foi sua fé correta, mas suas ações concretas em favor de um carente.
Imagino que Jesus chocou a liderança religiosa de seu tempo tão certamente quanto hoje o papa choca a cristandade com estas palavras.

Esse papa é um expert em gestos e discursos poéticos. Preferiu se espelhar no exemplo de São Francisco, aquele que escandalizou a muitos quando disse que até os lobos eram seus irmãos. Percebam suas intenções quando ele fala em ir criando a cultura do encontro. Belo trecho de sua homilia!
Além disso, suponhamos que um ateu, querendo aumentar sua margem de segurança, resolva se esmerar na prática do bem. Não estaria ele manifestando um princípio de fé? É isso o que o papa quer. Encontro de ateus e cristãos na prática do bem, não propriamente no céu. 

É interessante pensar naqueles ateus que, à semelhança de Betinho, do Fome-Zero, fazem o bem sem esperar a eternidade em troca. Sem temer o inferno, buscam não viver de modo egoísta.

Pergunto-lhe: quem você escolheria para conviver: algum daqueles judeus que passaram longe do homem ferido ou o samaritano que o socorreu? Herbert de Souza, o ateu, ou algum religioso fanático que nada ou pouco faz pela sociedade?
Talvez Deus pense de modo semelhante a nós e ao papa. 

domingo, 26 de maio de 2013

A PARTIDA DE BENÉ - Gilberto Cardoso dos Santos



Quando me perguntavam: "Onde você mora?"
Eu respondia: "Perto do Bar de Bené".
Mas o bar de Bené fechou. E seu prédio, à medida que foi crescendo, foi sendo repartido entre diversos donos.
Hoje a morte fez gol na vida dele. Foi a vez de sair de nossa rua o que restava dele. Foi sua partida, a última.
E agora, que o jogo acabou, como driblaremos essas lembranças?

sábado, 25 de maio de 2013

A VENDA DA VIRGINDADE - Gilberto Cardoso dos Santos



Dizem que hoje a virgindade
Não tá valendo um vintém
Mas isso não é verdade
Catarina o sabe bem
Pôs a sua num leilão
pra ganhar mais de um milhão
de graça graça não tem!

Tudo aquilo que é raro
Passa a ter maior valor
O japonês pagou caro
Para provar do sabor
Catarina Migliorini
O seu futuro define
Num leilão arrasador.

Por um milhão na poupança
Enfrenta um frágil milhinho
Se faz mulher na bonança
Seu hímen sai do caminho
Ganha dinheiro e prazer
Depois pode refazer,
Revirginar o bichinho.

Sendo ela eu remendava
E fazia outro leilão
E nessa onda ficava
Enquanto houvesse tesão
Gente disposta a pagar
Digo sem titubear:
Não há melhor profissão.

Unir trabalho e prazer
É o sonho de muita gente
Isso ela pôde fazer
Se mostrou inteligente
E um trunfo ela tem guardado
Pois leiloou só um lado

Somente a parte da frente.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O SONO DOS JUÍZES - Gilberto Cardoso dos Santos



Eles não dormem no ponto
é uma falsa impressão
antes, sonham com o melhor
para todos da nação
Quem dorme mesmo é a gente
que aceita passivamente
injustiça e opressão.

Como a Justiça, vendada,
estão de olhos fechados.
Meditam na decisão
rumos que serão tomados
para punir os espertos
estão de braços abertos
mesmo com braços cruzados.

Deitados no berço esplêndido
pelo cargo conferido
refletem no pesadelo
do nosso povo sofrido
se a gente não despertar
e por reformas lutar
o Brasil está perdido.

Ninado pela justiça
Dorme o povo brasileiro
Afinal será punido
O assessor do mensaleiro
E o ladrão de galinha
Que perturbava a vizinha
Invadindo o seu terreiro.

“Silêncio no tribunal!”
Bem forte a justiça ronca
Guarda que dorme em serviço
Acaba levando bronca
É bom ficar caladinho
Não diga isso ao meirinho
Senão o povo se estronca.

Dormir faz bem à saúde
E há quem durma em serviço
Mas entre um cochilo e outro
Se vê que há compromisso
Nossa Justiça querida
Mesmo Bela Adormecida
Não vai perder o seu viço.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O SONHO NÃO ACABOU, APENAS ADORMECEU


Gilberto Cardoso Dos Santos


Baseado nas palavras de Edgar "O sonho não acabou, apenas adormeceu" fiz os seguintes versos em memória da morte de sua mãe, falecida em 16.05.2013

Quando uma mãe vai embora
O momento é de tristeza
O bom filho com certeza
Com sinceridade chora
É hora de lamentar
Mas também de recordar
Todo bem que se viveu
Tudo quanto ela ensinou
O sonho não acabou
Apenas adormeceu.

Olho com olhos de fé
Nesse momento de dor,
Em que a gente vê a cor
Da vida como ela é
Fico a imaginar
A minha mãe a entrar
No céu em que tanto creu
E sobre o qual me falou:
O sonho não acabou
Apenas adormeceu.

Essa é a triste partida
Pior que a do retirante
A gente vê nesse instante
A importância da vida
Porém se a mãe pudesse
Depois que a morte viesse
Consolar o filho seu
Falaria aos que deixou:
O sonho não acabou
Apenas adormeceu.

Graças à sua influência
Me tornei um sonhador
Grande foi o seu valor
Em toda minha existência
Pensando no seu desvelo
Não me entrego ao pesadelo
De achar que nada valeu
E que tudo terminou:
O sonho não acabou
Apenas adormeceu.

Com Raul Seixas tivemos
uma sublime verdade:
Se tornam realidade
os sonhos que juntos temos.
Com minha mãe eu sonhei
e pra vida despertei
quantos conselhos me deu!
Decerto algo ficou.
O sonho não acabou
apenas adormeceu.

Creio na ressurreição
na divina recompensa
a minha dor é imensa
mas resta a consolação
Deus a tudo vivifica
mamãe para sempre fica
no corpo que concebeu
em todo bem que plantou
O sonho não acabou
apenas adormeceu.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

DEU CERTO COM MUITA GENTE, MAS NÃO DEU CERTO COMIGO - Gilberto Cardoso dos Santos


Gilberto Cardoso Dos Santos

Trago um mote emprestado
do site Besta Fubana
de um poeta bacana
que me parece inspirado
Marcos Mairton, o danado
está certo e não desdigo
porque desde o tempo antigo
vejo não ser diferente:
Dá certo com muita gente,
Mas não deu certo comigo.

Resolvi ser agiota
pra enriquecer ligeiro
tirei do banco o dinheiro
emprestei tudo a seu Tota.
Agi feito um idiota
não percebi o perigo
deixou de ser meu amigo
fiquei feito um indigente
Dá certo com muita gente,
Mas não deu certo comigo.

Filiei-me a um partido
depois me candidatei
cinco mil reais gastei
mas foi um gasto perdido
pelo povo fui traído
àquele dia maldigo
da política me desligo
tive 10 votos somente
Dá certo com muita gente,
Mas não deu certo comigo.

Me tornei pentecostal
esperando ser curado
com o óleo abençoado
queria afastar o mal
o pastor era legal
mas a ele já não sigo
pra curar meu vitiligo
só com dinheiro na frente
Dá certo com muita gente,
Mas não deu certo comigo.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

SE EU FOSSE DEUS - Gilberto Cardoso dos Santos


Se eu fosse Deus e estivesse
Ouvindo estes pecadores
Podiam ser transgressores
Do que mais sagrado houvesse
Eu escutaria a prece
Como quem se extasia
também os aplaudiria
E ficaria a ouvi-los
Podiam ficar tranquilos
Pois a fim de redimi-los
Até meu sangue daria

Com a minha criação
Ficaria admirado
E o perdão seria dado
Com certa protelação
Só pra ver repetição
Das notas contagiantes
desses melismas brilhantes
Depois, quando terminassem,
Deixaria que pecassem
Pra que depois retornassem
Com vozes mais suplicantes

Aos do coro angelical
Pediria que escutassem
Que as harpas silenciassem
No reino celestial
Solene, no tribunal,
Prestes a sentenciar
Sem análise, sem pensar,
A Luther King diria:
Aos tais não dou alforria
Antes, de noite e de dia,
O seu destino é cantar.



quinta-feira, 2 de maio de 2013

COM TANTA MULHER SE AMANDO HOMEM PERDE A SERVENTIA - Gilberto Cardoso dos Santos


 
Participei de uma peleja no Jornal Besta Fubana. Achei por bem fazer certas modificações no mote e nas estrofes.

Há quem goste de assistir
uma briga de aranha
quando a dupla se emaranha
o ofídio tenta subir
diante daquela rinha
(bainha contra bainha)
das mulheres em orgia
o homem fica babando
Com tanta mulher se amando
Homem perde a serventia.

A hora é de comprar
uma boneca inflável
para de maneira estável
O  seu prazer encontrar
ou quem sabe, entrar no jogo
se esquentar nesse fogo
que vem da sapataria
nele findar se queimando
Com tanta mulher se amando
Homem perde a serventia.

Hoje os aracnídeos
se metem no maior love
fazem um seis e um nove
na net põem tais vídeos
também há cobra com cobra
fazendo aquela manobra
que causa a homofobia
e eu fico só matutando:
Com tanta mulher se amando
homem perde a serventia.

Sem saber cantei um “moço”
e “ela” me disse em resposta:
“Da fruta que você gosta
eu como até o caroço”
Me afastei desanimado
viagra tinha tomado
bem meia hora fazia
pra casa fui lastimando:
Com tanta mulher se amando
Homem perde a serventia.

Os gays estão animados
ao ver que a mulherada
não está interessada
em homens apaixonados
Até Silas Malafaia
teme que um rabo-de-saia
ataque com ousadia
e a mulher finde tomando
Com tanta mulher se amando.
Homem perde a serventia.

Homem que é homem lamenta
ao ver que seu mijador
não sente mais o calor
em aranha não se esquenta
O Marcos Feliciano
sente um grande desengano
e lamenta todo dia
ao povo vive pregando:
Com tanta mulher se amando
Homem perde a serventia.

Todo mundo tem direito
De ser ou não ser assim
O importante pra mim
É que se tenha respeito
Cada um faz o que quer
Seja homem ou mulher
Porém com sabedoria
A outros não afrontando
Com tanta mulher se amando
Homem perde a serventia.