terça-feira, 16 de junho de 2015

AOS POETAS ARROGANTES - Gilberto Cardoso dos Santos


Ao poeta arrogante
Quero aqui aconselhar
Repreender, ajudar
A se tornar tolerante
Por mais que seja brilhante
Genial na poesia
Demonstre mais simpatia
Veja o que é de fato
não se torne um ser ingrato
levado por fantasia.

A cigarra e a formiga
Têm igual utilidade
Mas há na sociedade
Quem as distinções instiga
Há o poeta que briga
E se mostra rabugento
Julga que o seu talento
Merece ser exaltado
E se sente revoltado
Sem o reconhecimento

Há o poeta pedante
Que gosta de humilhar
Ao invés de ajudar
Ao poeta iniciante
Fala de modo irritante
Julga os versos com rigor
Na sua voz falta amor
Pode até ser talentoso
Mas se for muito orgulhoso
Para mim não tem valor.

Poeta sem humildade
Mostra visão distorcida
Da missão de sua vida
Em prol da humanidade
A superioridade
Que ele julga possuir
Leva-o sempre a agir
Com orgulho e prepotência
E a usar a  inteligência
Para se sobressair.

Todos nós somos iguais
Mesmo com dons excelentes
Temos missões diferentes
Nas esferas sociais
Um poeta não é mais
Útil que um agricultor.
Um gari ou um pintor
Na sua simplicidade
Que serve à sociedade
Nada tem de inferior.

Poeta tem a missão
De nos levar a sonhar
Sim, ele pode nos dar
Asas à imaginação
Mas sem buscar distinção
Tratamento diferente
Precisa estar consciente
De seu papel social
Que sendo um mero mortal
ilusões não acalente.

Poeta, dê incentivo
A quem está começando
Nos versos engatinhando
Não olhe de modo altivo
Seja mais receptivo
A quem vem timidamente
Não seja muito exigente
Pois ninguém nasce perfeito
Procure ter mais respeito
Adube e regue a semente.


Um comentário:

  1. Amigo Gilberto, você arrasou:

    Um poeta não é mais
    Útil que um agricultor.

    Só estes dois versos já valem uma vida inteira de ensinamentos.

    Abraços e obrigada!

    Renata

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