quarta-feira, 14 de março de 2012

A (IN)UTILIDADE DA POESIA - Gilberto Cardoso dos Santos)

Perguntaram ao admirável poeta Manoel de Barros: O que é a poesia? Ele respondeu: “Poesia é a virtude de ser inútil.” e acrescentou: “Há várias maneiras de dizer nada. A poesia é uma delas. Em uma das raras entrevistas que concedeu, Manoel de Barros disse que noventa por cento do que escreveu foi inventado, só dez por cento é mentira.
Com o aval de Manoel acrescentaríamos: A poesia é este algo inútil tão útil à humanidade. A poesia dá ao homem a oportunidade de ver o mundo e os seres por ângulos diferentes e até inexistentes. Empresta e arranca das palavras sentidos que causam espanto. O poeta recicla a linguagem comum, converte sons ordinários em notas extraordinárias. É um dizer nada de maneira encantadora. É um falou e tudo se fez, um chamar as coisas que não são como se fossem. A poesia é uma subversão da gramática e dos sentidos: o poema passarinha (grande Quintana) sobre os obstáculos que a linguagem bem comportada impõe. “Escreve-se para chegar ao nada”, disse Autran Dourado. A poesia é um inutensílio, no dizer de Leminski.
Em nossa rádio online, procure a faixa Assaltaram a gramática, na qual o poeta Wally Salomão fala de poetas e da poesia.
Enfim, feliz Dia da Poesia, leitores e poetas, para quem todos os dias é dia de poesia!

Vejam um pouco do documentário premiado sobre Manoel de Barros:


Para ver mais:

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