quinta-feira, 7 de julho de 2022

O ENCONTRO DO POETA COM O POLICIAL – (Cordel de Gilberto Cardoso dos Santos)

 



O ENCONTRO DO POETA COM O POLICIAL – CORDEL


Eu sou Gilberto Cardoso

Poeta da freguesia

Vou lhes contar uma história

Que aconteceu outro dia

Gerando um grande dilema,

Contarei em um poema

De minha própria autoria.

 

Eu ia para a farmácia,

Com problema intestinal.

Seguia bastante aflito,

Prisão de ventre total!,

Porém tive que parar

Ao ver alguém me chamar,

Pois era um policial.

 

Perguntou: Qual o seu nome?

Respondi sem gaguejar.

E ele disse: É o poeta

Que sempre vive a postar

Versos contra o presidente?

E eu disse: “Frequentemente,

Mas tou pensando em parar.

 

Pois cada um tem direito

De escolher seu candidato.”

E o soldado me encarou

Olhou da testa ao sapato.

E disse assim: “Muito bem

Então é você que tem

De minha esposa o contato.”

 

Eu fiquei meio sem jeito

Querendo compreender

A razão da abordagem

Mas breve iria saber

Qual seria o plano dele

Eu, bem mais baixo que ele

Tinha razões pra temer.

 

Disse ele: Eu sempre vejo

As coisas que você posta

Nas páginas do Facebook.

Acho bacana a proposta.

Seu trabalho é excelente

Conscientiza a muita gente,

Minha esposa também gosta.

 

E eu disse: “Que coisa boa

Saber que alguém da polícia

Não apoia o presidente

Nem crê em falsa notícia

Mas vejo que a maioria

Ainda crê na fantasia

Do Mito e da familícia.

 

Ele me disse: “É verdade

Há muita gente o seguindo,

Porém na corporação

Isso está diminuindo!

Quem só vive de esperança

Vai perdendo a confiança

E os olhos findam se abrindo.”

 

Perguntei: O presidente

É ruim pra categoria?

Respondeu-me: “Com certeza!

Só tem conversa vazia

Foi bom para os generais

No entanto para os demais

Procedeu com covardia.”

 

Pra nós foi muito melhor

Lula, o seu adversário

Ele nos deu estrutura

Melhorou nosso salário

Podia até ter defeitos

Mas nos deu muitos direitos

E hoje é tudo o contrário.

 

“Querem que a gente proceda

Com rigor e com dureza

Que penetre nas favelas

E fale com aspereza

Que meta fogo em bandido

Mas a gente tem sentido

Que só sobra pra pobreza.

 

“Bandido só presta morto”

Dizem uns policiais

Que tendo oportunidade

Fazem coisas ilegais.

Em geral são opressores

Babam seus superiores

Por favores pessoais.

 

Gilberto, eu vi que você

Ficou com medo de mim

Sentiu quando eu lhe chamei

Um pressentimento ruim

Eu entendo a reação

Mas quem é bom cidadão

Não devia agir assim.

 

Por isso eu sou a favor

da polícia humanizada

Que trate as pessoas simples

Da forma mais educada

Pois os piores bandidos

Andam sempre bem vestidos,

Têm posição elevada.

 

“A ideia de liberar

Armas pra população

Vai tornar mais perigosa

Muita gente sem noção

Com armas, mas sem juízo

E vai trazer prejuízo

Pra própria corporação!

 

Eu disse: “É maravilhoso

Ver alguém tão consciente

Inimigo da tortura

Que é tão contraproducente,

Pois alguém pra não sofrer

Pode absurdos dizer

Mesmo que seja inocente.

 

E acrescentei: “Além disso,

Temos visto a violência.

Vez por outra uma criança

É vítima da imprudência,

Pois procedem feito loucos.

É uma pena que poucos

Tenham sua consciência.

 

Ele me disse: É verdade,

Mas vou contar-lhe um segredo:

Vejo na categoria

Que há muita gente com medo

De fazer oposição

Só por causa da pressão.

Eu, porém, não retrocedo.

 

Inclusive há alguns deles

Que têm cargos elevados

Só mostram nos bastidores

O quanto estão revoltados

Agem com diplomacia

Perante a categoria

Porém não são aliados.

 

Você vai ver a virada

Que vai dar na votação!

Eles não dizem agora

Pra não ter perseguição

Mas o outro candidato

Tá bem cotado de fato

Pra ganhar essa eleição!

 

E eu falei: que maravilha

Que notícia alvissareira

“Qual seu nome?”, perguntei

“Eu sou o cabo Vieira,

É assim que sou chamado.

Pra onde ia apressado

A pé descendo a ladeira?”

 

E eu disse: “Eu ia acolá

Mas não vou mais, desisti

Já não há necessidade

Renovado me senti

Com a conversa tão boa

Gostei de sua pessoa

E das palavras que ouvi.

 

“Por favor”, disse Vieira

Não pare de publicar

Quero seu Whatsapp

Para você me enviar

Os seus versos de cordel,

Pois cumprem nobre papel

E eu quero compartilhar.

 

Passei meu Whatsapp

Sentindo uma suadeira

E falei: “Preciso ir!”

Deixei no fogo a chaleira.

Voltei pra casa ligeiro

Fui direto pro banheiro,

Pois tava com caganeira.

 

Gilberto Cardoso dos Santos

https://www.facebook.com/gcarsantos

https://www.instagram.com/gcarsantos/









Áudio do cordel: 

https://drive.google.com/file/d/1fge_z54qo7tj_HV1AwNAfgleTikYIe0v/view?usp=sharing

13 comentários:

  1. Que coisa boa! Belo Cordel, mestre Gil! (Nailson Costa)

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  2. Cordel maravilhoso, que vc consiga influenciar muitos Vieiras, avante!

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  3. Gilberto ficou com medo
    Do coturno do soldado
    Mas na verdade saiu
    Do encontro renovado
    Pois a tropa está alerta
    Para o momento chegado
    Em direção a outro Brasil.

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  4. Maravilha, Gilberto! 👏🏼👏🏼👏🏼🤝🤝🤝

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