domingo, 24 de novembro de 2019

O PARTIDO DA BALA - (Gilberto Cardoso Dos Santos)



quarta-feira, 13 de novembro de 2019

UM LUGAR QUE NÃO EXI$TE - Mais que uma resenha, uma recomendação


UM LUGAR QUE NÃO EXI$TE - Mais que uma resenha, uma recomendação

Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer.” (Lc 17:10).

"Um lugar que não exi$te" - frase irônica apropriada, aplicada a uma realidade tão nossa - foi o título escolhido para o filme de Hailton Mangabeira, cordelista, contista (detentor de múltiplos talentos, em suma); para uma película que retrata de forma pitoresca (e ao mesmo tempo tão realista!) o que ocorre nos pleitos eleitorais do Brasil, mas principalmente do Nordeste. Não trata propriamente de política, mas da politicalha nacional, sem eximir o povo de sua parcela de culpa.

Recomendo-o, não propriamente por boas atuações ou por se tratar duma história bem costurada e com bom clímax; atores amadores e populares contracenam sem muita preocupação de que tudo não passa duma grande brincadeira, representativa  de uma realidade tão danosa à sociedade. Recomendo-a,  não por se tratar propriamente duma ótima comédia, mas pela clara intenção do autor em nos trazer uma lição de cidadania. Os que ainda forem assisti-la, relevem quaisquer aspectos negativos. Degustem-no como quem come peixe, sem esmorecer diante das espinhas. A boa vontade do Hailton e do Lula fazem-se bem evidentes. Foi algo feito com muito amor; e o amor, diz a Bíblia, cobre uma multidão de pecados.

Hailton é, antes de qualquer coisa, um educador nato e em todas suas produções culturais, percebendo-o ou não, nos dá aulas. Ao mostrar com bom humor a realidade, aponta-nos  o que poderíamos vir a ser, caso mudássemos de mentalidade. Nas entrelinhas, o autor apela à sensatez humana, dá um voto de confiança à capacidade cognitiva das potenciais plateias. Diz-nos: "Ei, erga a cabeça. Pare de olhar para o seu próprio umbigo. Veja o que sua indiferença, inocência e/ou egoísmo têm feito."

À semelhança de um bom anfitrião, Hailton e sua equipe deram o melhor de si para nos trazer tão importante recado. Nesta produção, obviamente distante de qualquer coisa que pudéssemos chamar de hollywoodiana, Lula Borges (que também é educador) fez bem mais com menos e teve êxito em atingir os alvos pretendidos, com muita graça e, talvez, quase de graça. Não se trata de arte pela arte, mas duma produção artística engajada. Um longa engajado, mas sem teor panfletário.

Já que feito por dois educadores, vejamos tal trabalho como um projeto interdisciplinar que visa ir além da comunidade escolar. Algo grandioso e nobre em suas pretensões.

Tenho certeza que, à semelhança do que ocorreu com o eu poético de Drummond, havia uma pedra no meio do caminho desse poeta e do produtor - uma não, diversas - mas eles passarinharam sobre os obstáculos humanos e desumanos dos descrentes, indiferentes e  opositores.

A trilha sonora é impecável.

Trata-se de uma mensagem contundente, digna de toda nossa atenção!

Valeu pelos esforços e por se tratar de uma obra concebida para circular nos trilhos da ética.

À semelhança dos serviçais bíblicos citados no início deste texto, Hailton e Lula Borges se voluntariaram para nos servir. Após o serviço, tímida e humildemente aguardam nosso feedback. Mudamente nos dizem: "fizemos apenas o que devíamos fazer".

Quanto a mim, expectador satisfeito, o mínimo que posso fazer é lhes dizer com sinceridade: Vocês fizeram, sim, o melhor que podiam. Se faltou algo, deveria ser imputado à negligência dos que  poderiam ajudá-los mas não o fizeram. De modo algum vocês foram inúteis em seus esforços. Neste filme vocês optaram por promover nossa cultura (nos outros também) e por nos alfabetizar politicamente. Parabéns por tentarem nos  conscientizar de maneira lúdica e por disponibilizarem gratuitamente o penoso fruto de vosso trabalho no Youtube.



Link para o filme:

UM LUGAR QUE NÃO EXI$TE - filme completo



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domingo, 10 de novembro de 2019

Paródia Política de Caneta Azul


Paródia de Caneta Azul, música de Manoel Gomes (músico maranhense). Utilizei o Playback de Fagner (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=cu39f...). A letra é de minha autoria.



PARÓDIA DE BORBULHAS DE AMOR - Gilberto Cardoso dos Santos




A paródia inspirou-se na afirmação de Jorge Seif, secretário da pesca do governo Bolsonaro, que disse: "[...]o peixe é um bicho inteligente, quando ele vê uma manta de óleo ele foge, ele tem medo. Pode consumir seu peixinho, lagosta, camarão, sem problema nenhum”. Tem a ver também com o drama vivido pelo povo nordestino com suas mais de 120 praias contaminadas por petróleo. Agradeço a Viguiba pelo Karaokê e a Fagner que tão bem interpretou a composição de Juan Luis Guerra.


Clique aqui:

Paródia sobre petróleo em praias nordestinas

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Uma Coisa de Cinema (Gilberto Cardoso dos Santos)

Uma Coisa de Cinema (Gilberto Cardoso dos Santos)

Ao ver o tema da redação do ENEM de 2019 – “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”, tive a curiosidade de ler os textos motivadores e logo me lembrei do antigo cinema de minha cidade (Cuité-PB), onde muitos choraram vendo Coração de luto e se contorceram nas cadeiras diante de King Kong. Fiquei imaginando o que eu escreveria naquela redação e o que realmente seria tentado a escrever caso a tivesse feito.

O tema me chamou a atenção para a abundância de filmes de que dispomos hoje na tela do celular, da tevê e do computador. Pensei nas antigas salas de cinema, hoje convertidas em igrejas ou em centros igualmente comerciais. Achava-se que o cinema estava morto, mas ele ressurgiu nos Shoppings.

Lembrei-me das vezes que entramos na fila para ver ou rever uma película. A hipnose cinematográfica começava na música de abertura, na chamada para a exibição. Recordei-me dos filmes de karatê, dos faroestes, das películas românticas... sempre me virava para ver a fonte de onde procediam aquelas maravilhas. Lembro-me do espanto que tive quando peguei um pedaço de fita de filme e vi apenas uma sequência de fotos que pareciam se repetir a cada quadro. Foi um misto de decepção e de espanto.

Mágicos eram os momentos que ali vivíamos. Enriqueciam nossa imaginação na rotina dos dias e afetavam nosso comportamento. De uma exibição à outra, sempre havia a expectativa de grandes emoções e isso alegrava a cidade. 

Eu era fã de Bruce Lee. Em casa, dava golpes nas paredes, em telhas e tijolos. Lembro-me de dar golpes de karatê em pontas de pregos fincados numa tábua. Seguindo a receita, passava sal na parte ferida. Diziam que isso fortaleceria a mão e aprimoraria o golpe. Com muito orgulho, certa vez, ouvi alguém de minha idade dizer: “Gilberto, você tá parecendo Bruce Lee. Anda do mesmo jeito.”

E o que dizer dos duelos ou tiroteios em que eu me sentia um Sartana? Como era bom pegar um pedaço de pau com aparência de arma e alvejar os inimigos escondidos por trás de moitas próximas às nossas casas... Às vezes tínhamos certeza de que o tiro atingira o peito do adversário, mas este relutava em admitir. Ficava difícil para nós comprovarmos, pois as balas eram invisíveis. Quanta adrenalina nesses momentos em que saltávamos duma moita a outra.

Hoje vou ao cinema do Shopping com a família, mas já não tem o mesmo encanto. Ali, na poltrona confortável, recordo-me do cinema de Seu Jovino, do barulho da máquina, das vezes em que a fita quebrava e das consequentes vaias até que houvesse o conserto; do facho acinzentado de luz, oriunda do lugar alto e escuro; dos pedidos de silêncio e da censura aos que queriam se levantar durante a exibição ou erguiam a mão para projetar a sombra na tela.
Seu Jovino, o maçom da cidade, o católico praticante, o cidadão de bem, tinha uma aparência e comportamento que impunham respeito. Mas que seu eu objetivamente a respeito de Seu Jovino? Quase nada. Sei apenas o que minha imaginação pintou a seu respeito, como fazia com os heróis da telona.

No cinema de hoje, tudo é muito perfeitinho e já não nos espantamos com o que a Computação Gráfica pode fazer. King Kong hoje, por mais convincente que seja numa exibição 3D, não se compara com aquele, tosco e de movimentos robotizados do cinema de meu tempo.

É muito bom estar ali, no Shopping, mas por causa da família e das boas recordações que o momento me traz. Enquanto assisto ao filme, maquiavelicamente produzido para agradar a toda a família, vejo outras películas. Afinal, não há espaço cinematográfico melhor que o da nossa imaginação. Nossa mente é uma coisa de cinema.

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No vídeo abaixo, uma entrevista feita com meu irmão Antônio Cardoso – o Nego Tota – a respeito do antigo cinema de Cuité.



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