sexta-feira, 17 de abril de 2020

Reflexões sobre a morte de uma ilustre vítima do coronavírus


Reflexões sobre a morte de uma ilustre vítima do coronavírus

Depois da morte do do Dr Élio César Marson eu pensei o seguinte:
1. Ele era mais jovem que eu e não fazia, aparentemente, parte do grupo de risco; parecia bastante saudável e teve a melhor assistência possível, os melhores remédios... mesmo assim morreu. Na verdade sua boa aparência enganava: sofria de problemas cardíacos, era obeso e tinha diabetes.
2. Pensei: Preciso resguardar-me mais ainda, pois decerto não seria tratado tão bem quanto ele, não teria tantos à minha disposição quanto ele, sequer teria acesso ao bom hospital particular em que foi tratado.
3. Os efeitos deste vírus, no fundo no fundo, são ainda uma incógnita para todos nós pois, independentemente da idade, maltrata muito a uns e a outros não. Temos visto velhinhos que sobrevivem ao seu ataque e jovens que não resistem. Há, inclusive, os assintomáticos: perigosíssimos!
4. Élio César mostrava-se bem antenado com a política atual e era engajado na causa bolsonarista. Para ele, a covid-19 tinha uma torcida organizada composta por esquerdistas, artistas, lacradores e governadores. Estes teriam entrado em complô para derrubar o presidente.Em suma, ele parecia ver os que lutam pela manutenção do isolamento como inimigos não apenas da economia, mas do Brasil. Para ele, os contrários ao presidente eram responsáveis por promover uma campanha de desinformação.
5. Teria sido, perguntei-me, devido essas crenças negligente com os cuidados pessoais? Teria minimizado os riscos?
6. Achei bem interessante saber que ele tinha de nós uma visão tão parecida com a que temos de todos os que pensam como ele. Concluí que ele foi vítima de Fake News e talvez a paixão política tenha sido demasiado forte.
7. Pensei não apenas em sua triste morte, mas no quanto deve ter sofrido depois de infectado. Em primeiro de abril, dia da mentira, uma cruel verdade: Ele precisaria ser internado. O que ocorreu a partir daí, foi decerto excessivamente doloroso para os amigos e familiares, uma dor indizível.
8. Por fim, fiquei a perguntar-me: se por acaso lhe pudesse ser concedida uma segunda chance, será que mudaria sua percepção da realidade? Outra coisa: será que os que pensam como ele vendo tal exemplo continuarão a agir e a pensar da mesma maneira?
Torço para que possamos tirar algo de bom desta tão lamentável perda.
Minhas sinceras condolências aos familiares e amigos.


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