sexta-feira, 19 de julho de 2019

UM CONSELHO QUE GEROU UMA REFLEXÃO OPORTUNA


UM CONSELHO QUE GEROU UMA REFLEXÃO OPORTUNA
Uma pessoa amiga, fanzaça quase incondicional do ex-presidente a quem Moro não quis melindrar na LavaJato, deu-me um bem intencionado conselho:
"Meu amigo Gilberto, você está mergulhado nessa bolha da política.
Relaxe, que, como dizia Mário Quintana,
"Eles passarão
Nós passarinhos"
Agradeci, pois fez-me parar para pensar. Pus-me a meditar no seguinte: Estão atravancando nosso caminho. Como passarinharemos sobre estes problemas? Como voaremos sobre os assustadores retrocessos que tentam impor à nação?
Segundo pesquisas relativamente confiáveis, apenas 11% dos países têm democracia plena. Em 2015 o Brasil figurava como um destes 19 países. Fico a me perguntar se hoje ainda constaria nessa lista.

É bom lembrar que muitos países fora deste privilegiado rol já tiveram direito à livre expressão... Neles, os rumos da Democracia foram sendo atravancados e os pássaros (poetas, por exemplo) com suas asas cortadas ou engaiolados já não puderam voar.

Refleti sobre o "Poeminho do contra" e me lembrei do trecho de um outro - No Caminho, com Maiakóviski - de Eduardo Alves da Costa:
(…)
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada. (…)
Continuo grato a quem me deu o alerta e entendo a postura. Afinal, "sair dessa bolha" é para alguns uma questão de sobrevivência psíquica. Por enquanto, porém, tenho medo de me deixar levar pelo medo e prossigo passarinhando feito andorinha, tentando fazer o verão.

Gilberto Cardoso Dos Santos gcarsantos@gmail.com


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