Os assaltos, furtos e
assassinatos continuam a suceder na Cidade Santuário. Nem santa nem leve é a cruz que
temos carregado ultimamente.
Isso se tornou tão corriqueiro
que os blogs nem mais se preocupam em noticiar, ou as pessoas não buscam mais
os blogueiros para falar-lhes de suas angústias. Alguns devem temer represálias
e outros sabem que tais notícias não mais causarão impacto na sociedade. De tão
comuns, não aumentam os acessos.
A polícia, penso eu, acha-se
sobrecarregada com tantas queixas e denúncias. Sente-se acuada e impotente
diante da criminalidade crescente. Cheia de boas intenções mas, tolhida em suas
ações por leis que favorecem a criminalidade, por insuficiência em seus quadros
e falta de equipamentos e armamentos adequados. Feito um bicho valente, mas
ferido e atacado por hienas.
Parece-me que a própria polícia e
órgãos governamentais não têm muito interesse em divulgar tais fatos
corriqueiros para não piorar a imagem daqueles de quem se espera solução.
Ontem, por exemplo, uma menina de
seus 12 anos voltava da igreja com uma vizinha. Para sua surpresa, foi abordada
no caminho para casa por um sujeito que pediu-lhe o celular. Eram 8:30 da noite. A menina,
nervosíssima ante a surpresa, disse: “Moço, eu não tenho celular”, e de fato
não tinha. Tentou correr, mas o jovem mascarado a segurou pela cintura e
encostou um revólver em sua barriga. A evangélica mais velha com quem ia, não
resistiu e caiu desmaiada. Chegou a urinar-se de tanto medo. O cara correu
(ainda bem!) levando-lhe a bolsa onde havia uma Bíblia (torço muito para que
ele a abra aleatoriamente e que caia no “Não furtarás”).
Há uns 4 dias, uma colega
professora foi assaltada bem pertinho de casa. Levaram-lhe um celular e tudo o
que lhe restara do salário mensal. Disse-me ela:
“Parece uma piada, faz mais de 1
ano que passo a semana em Natal e nunca fui assaltada por lá, quando chego aqui
em Santa Cruz sou surpreendida por 2 rapazitos em uma moto e me levam o celular
e o pouco que me sobrou do salário que recebi hoje.
Aí eu te pergunto: é pra rir ou
chorar dessa situação? Nossa, está ficando arriscado andar pelas ruas de nossa
cidade!!!”
Cito um último caso dentre os vários
que conheço:
Assaltaram na outra semana, no
sábado, pela segunda ou terceira vez, a casa de verduras que fica na rua da
galeria.
Estes e outros crimes ocorridos
em nossa cidade não têm sido noticiados com a frequência e intensidade com que
se fazia antes. Tenho certeza que muitos outros estão ocorrendo sem que a
população tome ciência deles.
Esta falta de informação sobre o
que continua ocorrendo em Santa Cruz pode ser fatal para alguns que porventura
venham a pensar que tudo voltou à normalidade.
Há uma clássica historinha de
como se cozinhar uma rã que serve para ilustrar o que pode se dar conosco: para
cozer uma rã, ponha n’água fria e vá esquentando a água aos poucos. A
princípio, a aguinha morna, deliciosa, faz com que a rã não salte. Como vai
esquentando aos poucos, esta nem percebe e acaba morrendo cozinhada.
Corremos o risco de nos acostumar
com o que ocorre em nossa cidade. O valor da vida passa a ser banal para nós também.
A aparente inevitabilidade do que de mal nos ocorre pode nos levar a cruzar os
braços e a aceitar o estado caótico em que ora vivemos.
De algum modo, é necessário dar um
basta nisso tudo. Precisamos arrancar a cizânia antes que esta se espalhe.
Políticos, policiais, juízes, promotores e cidadãos conscientes: busquemos uma
solução enquanto é tempo!
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