segunda-feira, 11 de julho de 2022
quinta-feira, 7 de julho de 2022
O ENCONTRO DO POETA COM O POLICIAL – (Cordel de Gilberto Cardoso dos Santos)
O ENCONTRO DO POETA COM O POLICIAL – CORDEL
Eu sou Gilberto Cardoso
Poeta da freguesia
Vou lhes contar uma história
Que aconteceu outro dia
Gerando um grande dilema,
Contarei em um poema
De minha própria autoria.
Eu ia para a farmácia,
Com problema intestinal.
Seguia bastante aflito,
Prisão de ventre total!,
Porém tive que parar
Ao ver alguém me chamar,
Pois era um policial.
Perguntou: Qual o seu nome?
Respondi sem gaguejar.
E ele disse: É o poeta
Que sempre vive a postar
Versos contra o presidente?
E eu disse: “Frequentemente,
Mas tou pensando em parar.
Pois cada um tem direito
De escolher seu candidato.”
E o soldado me encarou
Olhou da testa ao sapato.
E disse assim: “Muito bem
Então é você que tem
De minha esposa o contato.”
Eu fiquei meio sem jeito
Querendo compreender
A razão da abordagem
Mas breve iria saber
Qual seria o plano dele
Eu, bem mais baixo que ele
Tinha razões pra temer.
Disse ele: Eu sempre vejo
As coisas que você posta
Nas páginas do Facebook.
Acho bacana a proposta.
Seu trabalho é excelente
Conscientiza a muita gente,
Minha esposa também gosta.
E eu disse: “Que coisa boa
Saber que alguém da polícia
Não apoia o presidente
Nem crê em falsa notícia
Mas vejo que a maioria
Ainda crê na fantasia
Do Mito e da familícia.
Ele me disse: “É verdade
Há muita gente o seguindo,
Porém na corporação
Isso está diminuindo!
Quem só vive de esperança
Vai perdendo a confiança
E os olhos findam se abrindo.”
Perguntei: O presidente
É ruim pra categoria?
Respondeu-me: “Com certeza!
Só tem conversa vazia
Foi bom para os generais
No entanto para os demais
Procedeu com covardia.”
Pra nós foi muito melhor
Lula, o seu adversário
Ele nos deu estrutura
Melhorou nosso salário
Podia até ter defeitos
Mas nos deu muitos direitos
E hoje é tudo o contrário.
“Querem que a gente proceda
Com rigor e com dureza
Que penetre nas favelas
E fale com aspereza
Que meta fogo em bandido
Mas a gente tem sentido
Que só sobra pra pobreza.
“Bandido só presta morto”
Dizem uns policiais
Que tendo oportunidade
Fazem coisas ilegais.
Em geral são opressores
Babam seus superiores
Por favores pessoais.
Gilberto, eu vi que você
Ficou com medo de mim
Sentiu quando eu lhe chamei
Um pressentimento ruim
Eu entendo a reação
Mas quem é bom cidadão
Não devia agir assim.
Por isso eu sou a favor
da polícia humanizada
Que trate as pessoas simples
Da forma mais educada
Pois os piores bandidos
Andam sempre bem vestidos,
Têm posição elevada.
“A ideia de liberar
Armas pra população
Vai tornar mais perigosa
Muita gente sem noção
Com armas, mas sem juízo
E vai trazer prejuízo
Pra própria corporação!
Eu disse: “É maravilhoso
Ver alguém tão consciente
Inimigo da tortura
Que é tão contraproducente,
Pois alguém pra não sofrer
Pode absurdos dizer
Mesmo que seja inocente.
E acrescentei: “Além disso,
Temos visto a violência.
Vez por outra uma criança
É vítima da imprudência,
Pois procedem feito loucos.
É uma pena que poucos
Tenham sua consciência.
Ele me disse: É verdade,
Mas vou contar-lhe um segredo:
Vejo na categoria
Que há muita gente com medo
De fazer oposição
Só por causa da pressão.
Eu, porém, não retrocedo.
Inclusive há alguns deles
Que têm cargos elevados
Só mostram nos bastidores
O quanto estão revoltados
Agem com diplomacia
Perante a categoria
Porém não são aliados.
Você vai ver a virada
Que vai dar na votação!
Eles não dizem agora
Pra não ter perseguição
Mas o outro candidato
Tá bem cotado de fato
Pra ganhar essa eleição!
E eu falei: que maravilha
Que notícia alvissareira
“Qual seu nome?”, perguntei
“Eu sou o cabo Vieira,
É assim que sou chamado.
Pra onde ia apressado
A pé descendo a ladeira?”
E eu disse: “Eu ia acolá
Mas não vou mais, desisti
Já não há necessidade
Renovado me senti
Com a conversa tão boa
Gostei de sua pessoa
E das palavras que ouvi.
“Por favor”, disse Vieira
Não pare de publicar
Quero seu Whatsapp
Para você me enviar
Os seus versos de cordel,
Pois cumprem nobre papel
E eu quero compartilhar.
Passei meu Whatsapp
Sentindo uma suadeira
E falei: “Preciso ir!”
Deixei no fogo a chaleira.
Voltei pra casa ligeiro
Fui direto pro banheiro,
Pois tava com caganeira.
Gilberto Cardoso dos Santos
https://www.facebook.com/gcarsantos
https://www.instagram.com/gcarsantos/
Áudio do cordel:
https://drive.google.com/file/d/1fge_z54qo7tj_HV1AwNAfgleTikYIe0v/view?usp=sharing
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
ESMOLA GRANDE - Gilberto Cardoso dos Santos
ESMOLA GRANDE - Gilberto Cardoso dos Santos
Era linda! Habilmente talhada nalgum App, talvez. Apareceu do nada, minimamente vestida, e me adicionou no Facebook.
Era da Inglaterra, mas se achava em Paris. Suas primeiras palavras foram: "Hi, Mr. Santos! E passou a comunicar-se em espanhol. Aqui acolá, uma expressão em francês. Começou a me abordar na janela do Messenger. Graças à ajuda do Google Tradutor, começamos a nos comunicar em espanglês e portunhol. Conversas breves e reticentes de minha parte! Estava relativamente feliz pelo contato, pois vi naquilo (sem pensar naquilo) uma possibilidade de intercâmbio. Imaginei meu livro fazendo sucesso na Inglaterra e na França. Mas uma pulga me incomodava atrás da orelha.
Dois dias depois, um policial abordou-me pelo Messenger. Parecia nervoso. Perguntou se eu conhecia aquela mulher de nome estranho que aparecia em meus contatos. Disse-lhe que não. Indaguei o motivo da pergunta, mas ele nada acrescentou. Deixou-me no vácuo.
Aí foi a vez do evangélico. Veio fazer uma entrega e perguntou se eu conhecia "Beltrana de Tal". Espantei-me com a curiosidade, disse-lhe que não e que ele era a segunda pessoa que me perguntava aquilo. Então ele contou-me:
"Eu vi que ela é nossa amiga em comum. Essa mulher me adicionou, começou a puxar conversa pela janelinha. Me mandou uma foto bem sensual e eu caí na besteira de dizer que queria ver ao vivo. Depois, se mostrou na Webcam e pediu que eu abrisse a minha câmera também. Abri, até mesmo pensando em convertê-la pra Jesus. Tinha terminado de chegar da igreja e ainda estava com a roupa do culto. O pastor havia dito que a gente deve aproveitar o tempo nas redes sociais pra evangelizar. Ela pediu que eu abrisse a Bíblia e lesse algo bonito pra ela. Minha Bíblia é daquelas da capa de couro e tem um zíper. Abri e li João 3:16, traduzindo pra o espanhol. Ela achou linda a minha voz e disse que estava "apasionada". Depois, mudando bruscamente de assunto, sugeriu que eu puxasse outro zíper, o da calça. Dizia-se enchanté por mim. Caí na cilada e fiz os gostos da capetinha. Era tentadora demais! A carne é fraca, você sabe como é. Acabei estourando o champanhe. Deu trabalho limpar a tela do notebook. Não vigiei e agora estou hiper lascado, super arrependido!".
"Por quê?", perguntei. "Peça perdão a Deus e passe a ter mais cuidado."
"O problema é que a danada depois disso passou a me pedir grana. 'Money', disse ela. 'I need dinero'. Quando eu disse 'Yo no tengo', ela me ameaçou. Disse que havia gravado tudo que eu fiz, que ia mostrar a minha mulher e divulgar na Internet! Fui conferir, e vi que ela havia adicionado minha esposa também! Ah, bicha safada!"
Vendo-o tão desesperado, fiquei feliz por não ter caído na lábia da gringa. Senti-me um José do Egito, quando vitorioso sobre os assédios da esposa de Potifar. Disse-lhe: "Ainda bem que eu desconfiei desde o começo. Achei a esmola grande. Outro dia vi uma reportagem sobre quadrilhas especializadas nesse tipo de crime. Há muita gente sendo extorquida; pobres vítimas de esquemas bem parecidos com esse daí. Há golpes dessa natureza direcionados também para mulheres. E agora, o que você pretende fazer?"
"Rapaz, eu não tenho a menor ideia. Estou em tempo de enlouquecer! Nem tenho dormido direito. Se minha família pelo menos sonhar que eu estou nessa enrascada, estou frito. Já pensou se a irmandade tomar conhecimento disso? Já pensou se uma pessoa que tem o dom da revelação for usada por Deus pra me denunciar diante da esposa num culto? Acho que nem vou ao templo hoje. E o meu emprego, como é que fica? Vou ser posto no olho da rua! E o pior é que eu nem tenho dinheiro pra dar pra ela. Tou devendo a Deus e ao mundo."
"Lamentável, amigo. Não sei nem o que lhe diga. Terrível a sua situação! Aconselho que não conte a ninguém da igreja o que lhe aconteceu para que não aumente o risco de vir a ser revelado."
"Eu quero que você pelo menos ore por mim. Sei que não é mais evangélico, mas em suas orações não se esqueça de mim. Eu estou tão aflito que já pensei em fazer besteira, acredita? Ontem à tarde, bicho, se eu tivesse um revólver cheio de bala, teria descarregado os seis tiros na minha cabeça!"
"Calma, amigo, é provável que só conseguisse atirar uma vez. Mas tire isso da sua cabeça. Pense positivo, ore, torça pra que ela esteja blefando. Bloqueie esse demônio, suma do Facebook, mude seu e-mail, faça o que estiver ao seu alcance."
"Ok, acho que vou fazer isso mesmo! Depois a gente conversa mais; atrasei-me nas entregas. Valeu!" E saiu às pressas atendendo o celular, visivelmente fora de si.
Assim que ele se foi, fui fazer o que havia recomendado. Desfiz a amizade e bloqueei-a. Vade retro! De lá pra cá, sempre que uma estrangeira me envia solicitação de contato, rejeito sem titubear. Desde então, quando abro o Facebook, não mais a vejo, tampouco ao desesperado irmão que deve ter deletado de vez o seu perfil. Nunca mais o vi.
Ontem sonhei com ela diante de mim, envolta por um camisolão transparente. Piscou o olho maliciosamente e disse: "Hi, Mr. Santos!"
Quanto a esmola é grande, até o Mr. Santos desconfia.
https://www.facebook.com/gcarsantos
Whatsapp: 84 99901-7248
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
REFLEXÕES DE UM PRÉ-FINADO
REFLEXÕES DE UM PRÉ-FINADO
Hoje amanheci sentindo necessidade de refletir sobre a morte, mas de modo vago e sem muito compromisso com conclusões pois, como disse Fernando, "a única conclusão é morrer". Resolvi rever o que o Eclesiastes diz a respeito da indesejada. Logo no capítulo 1 (verso 11), encontrei o seguinte:
"Ninguém se lembra dos seus antepassados. E também aqueles que lhes sucedem não serão lembrados por seus pósteros."
Coloquei à prova a afirmação e não consegui ir além de minha avó materna, a quem não conheci, que tocou fogo em si mesma antes que eu viesse ao mundo. Minha mãe, por sua vez, morreu antes que eu completasse os quatro anos; não teve tempo de repassar-me o pouco que devia saber. Sou filho bastardo. Venho de famílias pobres, destroçadas e fadadas ao anonimato.
O que as pessoas sabem sobre seus antepassados, quando o sabem, é em geral bastante vago e dependerá da importância social que estes tiveram. Os mórmons, por seu interesse em batizar-se pelos que já se foram, tentam inverter essa realidade, mas se fizéssemos uma consulta ampla, veríamos que este versículo representa a realidade de 99 por cento da humanidade. Um amigo escritor disse-me que, não crendo em uma outra vida, esperava imortalizar-se através de seus livros. De fato, deixar uma obra escrita - desde que significativa - é um dos poucos meios de que dispomos para que nosso nome permaneça na posteridade. Confesso-lhes que isso para mim não faz muito sentido, pois estarei morto de qualquer jeito. Se num céu ou num inferno, ter meu nome divulgado em futuras gerações parece-me bem pouco relevante. E se completamente morto, de nada me adiantará.
O fato é que seremos esquecidos e talvez só ocasionalmente lembrados, em dias como o de hoje. Eclesiastes 2:16 nos diz em linguagem atualizada:
"Ninguém lembra para sempre dos sábios, como ninguém lembra dos tolos. No futuro todos nós seremos esquecidos. Todos morreremos, tanto os sábios como os tolos."
O livro de Eclesiastes, dizem alguns, foi escrito por alguém que estava com depressão. Não duvido disso. Parece ter sido escrito por alguém que viveu na abundância e descobriu por experiência própria que o prazer não nos garante a felicidade. A visão pessimista dele ecoa nos versos de Ruben Dario, que disse em "LO FATAL":
"Feliz é a árvore que é apenas árvore.
E também a pedra porque ela não tem vida,
Pois não existe dor maior do que estar vivo,
Nem maior desespero do que a vida consciente.
Ser e não ter rumo certo.
E o medo de ter sido e um futuro pavor,
E a certeza espantosa de amanhã estar morto
E sofrer pela vida, pela morte,
Pelo que não sabemos e apenas suspeitamos.
E não saber aonde vamos
Nem de onde viemos...!"
Sempre que medito na mensagem do Eclesiastes e nestes versos, recordo-me do clássico filme Sociedade dos poetas mortos. Em sua primeira aula, o polêmico professor Keating (Robbin Williams) pede que um dos alunos leia a primeira estrofe do poema intitulado PARA AS VIRGENS, QUE APROVEITEM O TEMPO:
Depois, explica que o termo latino equivalente a este sentimento é CARPE DIEM, "aproveite o dia", e pergunta que motivo teria levado o autor (Robert Herrick, 1591 - 1674) a escrever aqueles versos. E por fim explica:
"Porque somos pasto para os vermes, rapazes. Acreditem ou não, todos nesta sala um dia vamos deixar de respirar, vamos ficar frios e morrer."
Em seguida, leva-os para um painel de fotografias das turmas antigas e, enquanto lhes direciona o olhar para certos detalhes, diz:
"Não são muito diferentes de vocês, não é? O mesmo corte de cabelo. Cheios de hormônios, como vocês. Invencíveis, como vocês se sentem. O mundo é a ostra deles. Acreditam estar destinados para grandes coisas, como muitos de vocês. Os olhos deles estão cheios de esperanças, como o de vocês. Eles esperaram até ser tarde demais para mostrarem do que eram capazes? Mas se vocês se aproximarem melhor, nos ouvirão sussurrar o legado deles. Aproximem-se. Escutem. Ouvem? Carpe. Carpe diem. Aproveitem o dia, rapazes. Tornem a vida de vocês extraordinárias."
Vejo grande semelhança entre este filme e a mensagem de Eclesiastes, ao qual o teólogo e pastor René Kivitz chama de "O Livro Mais mal-Humorado da Bíblia".
O objetivo, porém, deste filme e do livro de Salomão não é nos deixar em um baixo astral profundo, mas nos dar motivos para sermos felizes dentro das reais possibilidades que a vida nos oferece. O filme e o livro bíblico querem nos alertar contra o perigo de vivermos mecanicamente, mais preocupados com o TER que com o SER. O "Carpe diem", no Eclesiastes aparece em alguns trechos como, por exemplo, no cap 8:5:
"Portanto aconselho que se desfrute o melhor que a vida pode proporcionar, porquanto debaixo do sol não existe nada mais feliz para o ser humano do que simplesmente: comer, beber e alegrar-se. Essa é a felicidade que nos ajudará a superar os difíceis dias de trabalho durante todo o tempo de vida que Deus nos conceder debaixo do sol!"
Carpe diem (aproveite o dia) não significa trabalhar em excesso, entregar-se ao estresse e sim, usufruir das alegrias disponíveis. Não significa, também, que devamos cair no extremo apontado por Paulo, já presente em sua geração: "Comamos e bebamos que amanhã morreremos.". O eu lírico do Eclesiastes nos diz:
"Então resolvi me divertir e gozar os prazeres da vida. Mas descobri que isso também é ilusão." (Ec. 2:1)
A busca do prazer, ao ultrapassar certos limites, torna-se uma fonte de infelicidade. O Carpe diem, para alguns, infelizmente, se transformou num suicídio a prestações.
Sempre que penso neste filme temo pela possibilidade de efeitos nocivos. Nem todos o entendem adequadamente. Penso no fim trágico de um dos personagens e me pergunto até que ponto essa nova percepção da vida - meio míope, segundo entendo, no caso dele - não foi também responsável por seu suicídio.
O próprio ator que protagonizou tão bem o filme provocou seu próprio fim e a gente se pergunta o quanto da trama que o imortalizou teve influência em sua morte. Talvez nenhuma, claro.
À semelhança do Eclesiastes, atribuído ao rei Salomão, há um poema que dizem ser da autoria de Walt Whitman, que muitos julgam erroneamente ser o poeta referido no filme Sociedade dos Poetas Mortos. intitulado Carpe Diem e provavelmente apócrifo, o poema diz:
O poema difere em muito do estilo do irreverente poeta, tem uma forte pitada de autoajuda e sucesso garantido entre os internautas. Não deixa de ser interessante por isso.
Enquanto divagava sobre estas coisas, coloquei Epitáfio, dos Titãs, no loop:
[...]
Sempre que ouço essa música, emociono-me. Lembro das vezes que a cantei com meus alunos. Era meu modo de dizer-lhes "carpe diem". Fico a pensar em quantos viveram ou têm vivido inadequadamente suas vidas, mas me pergunto: Vale a pena sofrer pelo que não tem mais jeito? Haverá, porventura, alguém na face da Terra que tenha existido de modo perfeito? Como seria uma existência realmente ideal? Não encontro respostas, exceto dogmáticas.
Hoje acordei tarde; teria indevidamente desperdiçado a manhã? Me senti tão bem acordando tarde... após o café, deu-me o desejo de escrever estas coisas, uma crônica, talvez. O dia é propício para que pensemos em nossos queridos que deixaram de existir. Quantas mortes surpreendentes, inesperadíssimas, durante esta pandemia!
Concluo este texto lutando contra a tristeza. Preguiçosamente, ponho um ponto final em minhas ilações, faltando um minuto para o meio-dia. O dia é propício para que bem o aproveitemos, mas como fazê-lo exatamente hoje, com tantas lembranças tristes?
Gilberto Cardoso dos Santos
Santa Cruz, 02.11.2020.
facebook.com/gcarsantos email: gcarsantos@gmail.com