domingo, 15 de abril de 2012

UMA PARTE QUE VALE PELO TODO - Gilberto Cardoso dos Santos



A letra acima é da autoria de Chico César e se intitula BÉRADÊRO; foi gravada com uma melodia que não soa muito apetecível ao gosto popular e, além disso, sem quaisquer instrumentos. Trata-se de uma espécie de aboio. Daí, com certeza, a razão do pouco sucesso que fez/faz entre as massas. Há, todavia, muitos como eu que com ela se encantam. Acho que transborda  tutano de poesia em cada verso. Cada linha constitui parte de um favo cheio do mais precioso mel.
Mas há uma parte que dispensaria todas as outras, dois versos que falam fundo ao meu coração:
"E a cigana analfabeta
lendo a mão de Paulo Freire".

Não sei com precisão o que estes versos me falam, mas sei que me dizem muito. Assim age a linguagem da poesia.
Por causa  desta sentença, eu e Hélio a incluímos em nosso repertório. Aliás, tivemos oportunidade de cantá-la na Casa do Béradêro, lá em Catolé do Rocha no espaço construído para conservar a memória de Chico César entre seus conterrâneos.
Para nós é uma parte que vale pelo todo. Sabe aqueles minutos que fazem valer o dia; aquela cena do filme que faz valer a pena o tempo gasto assistindo-o; aquela música que justifica a compra do cd? Este é o verso que faz valer a música. Se esta canção fosse uma enrugada ostra, este verso seria a pérola. Leia-a (ou ouça-a em áudio da música Béradêro ) e se encante com a genialidade desta composição.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

SOBRE A CRISE DÁGUA - Gilberto Cardoso dos Santos


Imagem meramente ilustrativa

Nestes dias de sequidão, em que alguns estão sendo forçados a cumprir a tradição de não tomar banho nos dias santos, a campanha de Monsenhor Raimundo "ÁGUA SIM, VOTO SIM; ÁGUA NÃO, VOTO NÃO" volta a ter sentido e a influir na decisão das pessoas.

Hoje alguém da família passou por minha casa com uma grande trouxa de roupas: Ia tentar lavá-las em Japi.

Não podemos lavar as mãos (como fazer isto, sem água?) diante desta situação.
É como me disse Maurício Anísio:

"A responsabilidade para resolver o problema é: do Prefeito municipal, da Governadora do Estado, dos Deputados (estaduais e federais) que foram votados em nossa cidade e dos Senadores. A essas autoridades, e tão somente a elas, cabe a responsabilidade conjunta para encontrar definitivamente a solução para esse problema. Acusar um ou outro, individualmente, (ou excluir alguém da responsabilidade) não acho que seja o caminho correto. Me parece mais um rancor individual do que a procura da solução."

Seja sinceramente ou por pura estrategia, aprendemos com nosso pais a lançar a culpa sobre os outros: Deus culpou a Adão e este culpou a Eva que, por sua vez, culpou a serpente. Na verdade, todos tinham sua parcela de culpa.

Nós, o povo, também precisamos dizer: "Por nossa culpa, nossa grande culpa (pois temos pecado muitas vezes por pensamentos, atos e omissões), este problema tem se estendido por dias e dias e tem se transformado em meses.". Além disso, como já o denunciou Teixeirinha em DIAMANTE LÍQUIDO, temos feito um mau uso da água (quando a temos). É a hora, em seus minutos finais, de refletir sobre a crise que o mundo atravessa quanto a isso.

Quem não quiser ver seus verdes votos amarelecendo e quiser ter uma boa colheita no próximo pleito, saiba que é hora de arregaçar as mangas. O povo clama com sede. Como Moisés, extraiam água nem que seja das pedras, pois a água não vem mas as cobranças continuam vindo, altíssimas, por sinal.

Não tenham dúvida: os que nada fizerem para resolver este problema, poderão se dar mal nas urnas e os que trouxerem a solução (ou derem a impressão que resolveram) poderão ser beneficiados.

domingo, 1 de abril de 2012

1º de ABRIL NO WALFREDO GURGEL - Gilberto Cardoso dos Santos


Primeiro de abril, que sofrimento
Naquele corredor nauseabundo
Gente a chorar o seu pesar profundo
Enquanto aguarda um pronto-atendimento

Primeiro de abril, tudo verdade
Escuto gritos das enfermarias
Funcionários riem pelas vias
Já tão afeitos à calamidade

Com meu amor naqueles corredores
Sinto-me mal em meio a tantas dores
Quisera ouvir alguém dizer-me: “Gil,

Não acredite no que está vendo
Pois nada disso está acontecendo
Tudo é mentira, Primeiro de Abril!”